VITÓRIAS E DERROTAS DE GLOBI
Título original:  GLOBI'S SIEGE UND NIEDERLAGEN
Criação de J. B. Schiele
Desenhos de Robert Lips
Narração de Alfred Bruggmann
Tradução de Luiz Gonzaga Fleury
Animações de Maux

 

BELA LIMPEZA!

Ordena a mãe de Globi:

Esses pratos que vê ai,

estão muito engordurados

e quero-os já, bem lavados!

 

Globi, com preguiça, olhou

para os pratos e pensou:

São Brás! De mim tenha dó!

Lavar tanto prato eu só?

 

Mas reflete e, inteligente,

acha um recurso excelente:

lembra-se da cachorrada,

lá fora, desocupada...

 

E convoca todo o bando,

dedos na boca, assobiando.

Os animais atenderam

e os pratos todos lamberam...

 

Em menos de dois minutos,

põem-nos bem limpos e enxutos!

E fica assim desse jeito

pronto o trabalho e perfeito...

 

A mãe de Globi, iludida,

diz-lhe muito agradecida:

Até me assusta a proeza!

Globi, que bela limpeza!

 

GULOSO!!!

Globi passou, certo dia,

por uma confeitaria

e viu ali, numerosos

e belos doces gostosos.

 

Ai, ai! Para esmolas dar

há de aos doces renunciar?

A consciência diz-lhe, em vão:

Foge dessa tentação!

 

Globi, com ódio e violência,

reluta contra a consciência

a fim de que ela se cale

e por meses não lhe fale.

 

Ei-lo agora a se fartar

com doces que foi comprar.

Mas, chega a casa enfartado,

cabeça zonza, enjoado...

 

Com dores, paga deitado

a gula, feio pecado.

E gemendo, a delirar,

ouve a consciência clamar:

 

Assim acontece à gente

que, por fraqueza, é imprudente!

Faz-se vítima do mal

quem foge às leis da Moral!

 

QUE MEDO DA MORTE!!!

Ai!, geme Globi, que dor!

Dói-me a cabeça... Que horror!

Febre de quarenta graus,

tremores... sintomas maus!...

 

E o rapaz, cheio de medo,

foi consultar, logo cedo,

todo envolto em panos quentes,

doutor dos mais competentes.

 

Era o médico Olegário,

de saber extraordinário,

que, auscultando-o, com razão,

assim fala em conclusão:

 

Você, menino, é evidente,

bom não estando, está doente!

Tem catarro pulmonar.
Precisa deitar-se... suar!

 

Globi, crendo-se perdido,

corre pra casa, aturdido.

Para a consciência aliviar

quer nobre ação praticar.

 

E as suas economias

de mais de trezentos dias

foi – e fez bem! - nosso amigo

entregar toda a um mendigo.

A SORTE GRANDE

Quem não deseja ser rico?
pergunta o rapaz de bico.
Que bom se eu tirasse, um dia,
a sorte na loteria!

Sai, compra um bilhete e diz:
Decerto vou ser feliz!
E, assim, quase chega a crer
que está rico a valer...

E do número que tinha
toma nota na folhinha.
Guarda o bilhete e se esquece
de onde o pôs, como acontece...

Enfim, é chegado o dia
de correr a loteria.
Globi tira a sorte grande!
E corre e alegre se expande...

Mas, em casa - oh decepção! -
procura o bilhete em vão...
Depois de revolver tudo,
chora sentado, o bicudo...

Perder bilhete premiado!
fica a pensar desolado.
Antes, mil vezes a morte
que esta ironia da sorte!

BOA IDÉIA!!!

Se faz frio e no fogão
de aquecer, falta carvão,
muita gente, resfriada,
sente a garganta irritada.

O pescoço, dolorido,
fica imóvel e torcido.
E se é difícil comer,
ainda pior é beber...

O torcicolo é um horror!
Arranca-nos ais de dor...
Globi está resfriado,
com torcicolo, coitado...

Tem o pescoço envolvido
num pano de lã aquecido.
Esforça-se inutilmente
para tomar seu chá quente.

Por mais que faça, o rapaz
não pode inclinar pra trás
a cabeça... e o chá, então,
cai-lhe dos lábios ao chão...

Que fazer? Vai se sentar
na cadeira de embalar.
Cada vez que vai pra trás
bebe um golinho, o rapaz...

Entrou por uma porta e saiu por outra...
Quem quiser que conte outra!

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