FRANCISCO OTAVIANO |
Morrer...Dormir...
Morrer, dormir,
não mais: termina a vida
E com ela terminam nossas dores,
Um punhado de
terra, algumas flores,
E às vezes uma lágrima fingida!
Sim, minha
morte não será sentida,
Não deixo amigos e nem tive amores!
Ou se os tive
mostraram-se traidores,
Algozes vis de uma alma consumida.
Tudo é
pobre no mundo; que me importa
Que ele amanhã se esb'roe e que desabe,
Se
a natureza para mim está morta!
É tempo já que o meu exílio
acabe;
Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta
Morrer, dormir, talvez
sonhar, quem sabe?
Recordações
Oh! se te amei!
Toda a manhã da vida
Gastei-a em sonhos que de ti falavam!
Nas estrelas do
céu via teu rosto,
Ouvia-te nas brisas que passavam:
Oh! se te amei! Do
fundo de minh'alma
Imenso, eterno amor te consagrei...
Era um viver em
cisma de futuro!
Mulher! oh! se te amei!
Quando um sorriso os lábios
te roçava,
Meu Deus! que entusiasmo que sentia!
Láurea coroa de virente
rama
Inglório bardo, a fronte me cingia;
À estrela alva, às nuvens do
Ocidente,
Em meiga voz teu nome confiei.
Estrela e nuvens bem no seio o
guardam;
Mulher! oh! se te amei!
Oh! se te amei! As lágrimas
vertidas,
Alta noite por ti; atroz tortura
Do desespero d'alma, e além, no
tempo,
Uma vida sumir-se na loucura...
Nem aragem, nem sol, nem céu, nem
flores,
Nem a sombra das glórias que sonhei...
Tudo desfez-se em sonhos e
quimeras...
Mulher! oh! se te amei!
Ilusões da Vida
Quem passou pela
vida em brancas nuvens,
e em plácido repouso adormeceu.
Quem não sentiu
o frio da desgraça,
quem passou pela vida e não sofreu,
foi espectro de
homem, não foi homem.
Só passou pela vida. Não viveu!!!