Sete sílabas num
verso
que entre as musas te consagre,
a TROVA é o próprio universo,
na pequenez de um milagre.
Que vale
toda a ternura
por alguém que a gente tem,
se esse alguém, por
desventura,
quer ternura de outro alguém?
Quando se
foi meu amor,
fez-se o mundo tão escuro,
que, perdido em minha
dor,
ainda hoje me procuro.
Cabe nas
pontas dos dedos,
o meu verso pequenino.
Tão perto dos meus
segredos...
Tão longe do meu destino!
Deus nos
deu o amanhã
para enchermos de esperanças,
que a vida reduz,
malsã,
a ossuário de lembranças!
Deus, se
não fora a criança,
que ainda preservo em mim,
quem me daria a
esperança
de encontrar-Vos no meu fim?
Que seria
das estrelas
não fosse o fulgor da noite?
À luz do sol, para
vê-las,
quem haverá que se afoite?
Fui rever
a mocidade,
voltar sobre os próprios passos...
- Só meus sonhos em
pedaços
no ossuário da Saudade!
Vagalume
intermitente
acendendo lampião,
quem te segredou que a gente
traz
trevas no coração?
Mil
castelos que se fez,
vãs palavras que se disse,
sonhos que nunca
tem vez:
- eis em resumo, a Velhice.
Relembrar
uma saudade
é calcar velha ferida...
Mas quantas vezes, na
vida,
apraz-nos essa maldade!
"Em
busca do poema-pérola"
Coletânea de Fernandes
Vianna