TEIXEIRINHA





Ser poeta - o povo diz,
que é saber sofrer somente!
É chorar constantemente.
É cantar sendo feliz!

O sapo à sapa falando,
chamou-a de "meu amor",
e lhe disse, contemplando:
-"Como és linda, meu amor"

Eu vim ao mundo chorando.
Vivi bastante e sofri...
Às vezes fico pensando:
- Eu acho que já morri!

Eu vejo o altar, vejo a luz,
fico pensando na cruz.
E me esqueço de Jesus
pensando no teu olhar!

Está aqui; guardei no peito
tudo que pensei de ti:
um sonho de amor perfeito
e o puro amor que senti!

Eu fui contar meu amor
ao grande mar tão profundo;
e ele disse: - "Lá no fundo
é que vive a minha dor."

Egoísmo: levo a esmo,
no inferno de uma paixão...
Ódio... tenho de mim mesmo
na grandeza do perdão.

Eu pensei!... Meu pensamento
foi muito além do Universo!
Foi muito além do meu verso
feito nas asas do vento...

Eu chorei!... Meu pranto diz
que ama uma gota de orvalho,
presa na ponta de um galho
de alguma planta infeliz...

Quando vejo minha sogra
de manhã muito cedinho,
penso que vejo uma cobra
num ninho de passarinho.

O pranto nasce da dor
e a dor é filha do pranto...
Por causa do teu amor
eu vivo sofrendo tanto!

Eu sou como a noite escura
ou como o sol que se esconde.
Sou como a dor que procura
um eco que não responde!

Chorando, a lágrima apaga
a chama de uma saudade.
O gemido, a dor afaga
e o riso enfeita a bondade...

Ceará valente e forte,
teu caboclo varonil
sofre os revezes da sorte
e morre pelo Brasil!

Vi no teu riso, uma flor
sublime, desabrochando...
Depois, eu vi nosso amor
sobre os teus seios chorando...

Criança meiga e mimosa,
dá-me o teu riso de flor...
Quero os teus lábios de rosa
para os meus sonhos de amor...

No terreiro da fazenda,
no luar do meu sertão,
tem brincadeira de prenda,
tem aluá, tem baião...

"Cacos de Jóia"
Carlos Teixeira Mendes

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