MITOLOGIA
GREGA
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Perseu Quando o
rei Acrisius recebeu o negro vaticínio do Oráculo de Apolo, ele quase
perdeu os sentidos. Porque isso acontecia a ele? O que haveria de fazer
ele para que o filho de sua filha o matasse um dia? Ao retornar à sua cidade, fez com que sua vontade fosse cumprida e a jovem Dânae foi levada a uma torre de bronze. Passaram-se muitos dias e muitos meses. A bela Dânae continuava trancada naquela torre, sem entender muito bem o motivo que a tornara cativa de seu próprio pai. Não havia maneira de fugir de sua prisão, pois aquela torre não possuía portas ou escadarias, apenas uma pequenina janela por onde entrava os raios do sol e através da qual passava longos momentos a espiar o mundo lá fora. Um dia, colou seu rosto à janela para sentir o frescor da manhã, mas a sensação de impotência perante sua situação feriu de tal maneira seu ânimo que quedou para trás, a cabeça segura pelas mãos e lágrimas nos olhos. Foi quando sentiu uma presença estranha. Abriu os olhos e ficou estarrecida ante o que viu: uma chuva de pingos dourados, brilhantes como o sol, entrava através da pequena janela e tomava a forma de um homem. Era uma figura majestosa e carregava em sua mão um raio. Dânae
percebeu que quem estava à sua frente não podia ser um homem, mas um deus.
O ser aproximou-se dela e disse: Dito isso,
transformou a prisão horrível em um lugar maravilhoso, ensolarado e cheio
de flores. A beleza era tanta que fez a torre assemelhar-se aos Campos
Elísios. Porém, os guardas encarregados de levar a comida à Dânae
estranharam a luz que emanava de dentro da torre e correram para avisar ao
rei. Dânae
sorriu ante a confusão do rei e contou-lhe toda a história. Zeus não deixaria que sua prole fosse tão cruelmente assassinada e, de um modo misterioso, aquela caixa chegou seguramente à ilha de Seriphos, da qual um certo Polydectes era o soberano. Seu irmão Dictys, um pescador, acabara de abrir suas redes na praia quando avistou aquela caixa que boiava perto da linha do horizonte. Pegou em sua mão uma rede e entrou no mar, correndo em direção à caixa, até parar com água na altura do peito. Lançou então a rede e pegou a caixa, puxando-a fortemente para a praia. Imaginem a sua surpresa ao abrir a caixa e encontrar uma linda mulher com uma criança em seus braços! O pescador ficou comovido com a história contada por Dânae e prometeu cuidar de ambos, até que se sentissem seguros para partir. Nesta ilha, Perseu cresceu e se tornou um jovem forte e habilidoso. Um certo dia, o rei Polydectes passou pela casa do irmão e se encantou com a beleza de sua hóspede. Desejou tê-la e, mesmo sendo rejeitado, cumpriria seu intento, se Perseu não o impedisse. O rei ficou com muita raiva de Perseu, mas temia matar um hóspede de sua ilha e atrair a ira de alguma divindade. Polydectes armou, então, um plano que o livraria da presença importuna de Perseu. Aproveitou o casamento da filha de um amigo e, dizendo-se protetor de tal matrimônio, obrigou que todos os convidados trouxessem algum presente. Perseu era muito pobre, pois vivia na ilha apenas ajudando as pescarias de Dictys. O rei fingiu estar furioso quando o jovem Perseu entrou no santuário de mãos vazias. Acusou-o
de vagabundo e insolente, ao que Perseu respondeu: Segundo contavam, eram seres abomináveis com serpentes pretas em lugar dos cabelos, pele de escamas, asas douradas e mãos de bronze que estraçalhariam qualquer homem que delas ousasse se aproximar. Mas, pior que tudo, seus olhos tinham o poder de converter qualquer um que os olhasse, em pedra. Perseu sentiu medo apenas de pensar em tais criaturas, mas não querendo quebrar sua palavra, partiu em uma viagem desesperada. Já durava
dias a sua busca e Perseu não havia visto nenhum sinal da Medusa. Exausto,
sentou-se em uma pedra que estava à beira do caminho para recuperar suas
forças. Subitamente, uma mulher muito alta e bela e um jovem forte com
sandálias aladas apareceram em seu caminho.
Sem demora, Perseu colocou as sandálias mágicas e voou em direção à caverna das Greias. Lá chegando, ficou escondido próximo à entrada, de onde pôde observar o interior. As Greias (Pemphredo, Enyo e Dino) eram três mulheres idosas que possuiam apenas um olho e um dente, os quais tinham de compartilhar para que pudessem enxergar ou comer. Essa fraqueza das Greias fez com que Perseu elaborasse um plano para extrair das mulheres a informação que necessitava. Perseu escondeu-se entre uns arbustos no interior da caverna, enquanto as Greias preparavam algo em seu caldeirão. Ele atirou uma pedra em direção a entrada, o que fez com que a Greia que estava com o olho se voltasse para aquela direção enquanto as demais questionavam sobre a origem do ruído. Quando ela estava passando o olho para outra Greia, Perseu tomou o olho de sua mão. Ante os gritos de ameaça e confusão das mulheres, Perseu exigiu que lhe fosse indicado o caminho para as ninfas do Norte, em troca do olho roubado. Só depois de perceber que Perseu estava disposto a não retornar-lhes seu olho, foi que as Greias concordaram em revelar o caminho. Querendo ganhar tempo para fugir, Perseu deixou o olho sobre uma pedra na caverna, forçando as três mulheres à procurar o olho e ganhando, assim, tempo para fugir. Novamente usando
suas sandálias aladas, alcançou rapidamente o bosque das ninfas, seguindo
o caminho indicado pelas Greias. As ninfas do Norte eram criaturas
simpáticas aos homens, e sabendo da sua missão, deram o gorro e a sacola
ao herói. Perseu então voou para norte, pelo caminho que as ninfas lhe disseram, até que chegou à uma ilha, cercada de estátuas de pedra. Perseu aproximou-se de uma dessas estátuas e sentiu seu sangue gelar: compreendera que aquelas mórbidas estátuas de pedra na verdade eram os corpos transformados em pedra das pessoas que ousaram aproximar-se do local das górgonas. Escondeu-se atemorizado atrás da estátua e colocou o escudo de Atenas na altura de seus olhos. Pelo reflexo do escudo começou a vasculhar a ilha procurando sinal dos monstros, até que viu a entrada da toca onde habitavam. Perseu continuou a andar de costas para a toca, guiando-se pelo reflexo do escudo. Viu que em seu interior Medusa e suas irmãs estavam adormecidas e aproveitou essa oportunidade para realizar seu feito. Aproximou-se de Medusa e, tendo seus braços guiados pela deusa Atena, cortou sua cabeça com a foice de Zeus no exato instante que esta abria os olhos. O grito que a górgona soltou, combinado ao barulho de seu corpo caindo ao chão, acordou suas irmãs. Da cabeça cortada da Medusa saíram dois seres fantásticos: o cavalo alado Pégasus e o gigante Crisaor, ambos filhos de Posseidon. Perseu colocou a cabeça na sacola mágica e alçou vôo para fugir da caverna, enquanto as irmãs de Medusa, agora despertas, tentavam ferir o herói.
Perseu podia agora retornar ao seu lar, pois havia cumprido o que prometera. Em seu caminho de volta, avistou Atlas, sustentando a abóbada celeste em suas costas, como punição por haver se juntado aos gigantes na luta contra Zeus, e sentiu pena do seu fardo. Voou próximo ao seu rosto e, tirando a cabeça da Medusa da sacola mágica, transformou o titã em pedra, para que não mais sentisse o peso que devia manter suspenso. Sobrevoando uma
praia, viu o que pareceu-lhe ser uma estátua acorrentada a uma rocha.
Ficou curioso com sua visão e resolveu pousar no promontório de pedra.
Surpreendeu-se ao verificar que a estátua, na verdade, era uma belíssima
jovem. Mal terminara de
ouvir a história, um som terrível elevou-se do mar às suas costas. Um
monstro imenso saiu das ondas e, vendo a jovem acorrentada, rumou em
direção à pedra. Perseu avaliou bem o tamanho do monstro e sua agilidade,
e se lançou ao ar, voando fora do alcance do monstro. Quando já havia se
aproximado o suficiente, tirou de sua sacola a cabeça de Medusa, e o
monstro instantaneamente teve a pele convertida em rocha, afundando no
mar. Perseu voltou à rocha e libertou a jovem. Perseu explicou o que havia ocorrido e como derrotara o monstro. Ante a estupefação do soberano, Perseu pediu a mão da linda Andrômeda, que lhe foi concedida prontamente. Agora, Perseu retornaria para Seriphus, para junto de sua mãe. No caminho decidiu parar em Larisa e competir nos jogos que lá estavam ocorrendo. A primeira prova consistia no lançamento de disco, no qual Perseu era bastante hábil. O seu disco, porém, acertou um velho homem, de nome Acrisius, que estava numa das arquibancadas. Perseu lamentou
bastante a morte do homem, sem saber que a antiga profecia de Apolo havia
finalmente se cumprido. Perseu chegou à ilha de Seriphus, após tantas
aventuras. Quando entrou na casa onde morava, encontrou-a vazia e correu à
praia para procurar o pescador Dictys. Este informou-lhe que o seu irmão,
não tendo obtido sucesso em convencer Dânae a desposá-lo, obrigou-a a ser
sua camareira. Perseu ficou furioso. Deixou Andrômeda e Dictys na praia e
rumou para o castelo do rei. Entrou no palácio por uma das janelas e posou
bem em frente ao trono de Polydectes. Enfiou a mão em
sua sacola e segurou a cabeça da Medusa. Perseu e Andrômeda viveram alegremente por muitos anos na ilha de Seriphus, e tiveram uma descendência muito gloriosa. Perseu foi o avó de Herácles, que tornou-se um dos maiores heróis da antigüidade. Tanto ele quanto sua amada Andrômeda foram levados ao céu por Zeus e transformados em constelações. |

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