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PIQUETE - CIDADE PAISAGEM |

Vila Célia, no início dos
anos 50, cortada pelo córrego do Araçá.
Em primeiro plano a atual Rua Dr. Gama Rodrigues.
A origem da
Vila Célia nos remete à segunda metade da década de 40, quando Christiano
Alves da Rosa, em sociedade com seu amigo Luiz Arantes Júnior, o "Seu
Zizinho", adquiriu uma porção de terras que se estendia dos terrenos de
Maria da Silva, que se limitavam com a FPV, até os morros atrás da igreja de São
José. Pouco tempo depois, desfeita a parceria, loteou e construiu casas que
vendia à prestação. A esse loteamento chamou de Vila Célia, nome de sua
primeira filha, Célia Aparecida da Rosa. Antes do surgimento dessa vila, a região
era conhecida devido a um afamado rancho de tropeiros instalado à margem
direita do Córrego do Araçá, próximo à subida do "Morro do
Querosene", hoje Alto da Bela Vista. Na subida desse morro vivia, numa
ampla casa, Maria da Silva, que alugava seus pastos para tropeiros vindos de
Minas em buscados mercados vale-paraibanos, onde negociavam seus produtos. De
sua casa Maria da Silva fiscalizava o rancho - construção tosca, mas reforçada
com paredes de pau-a-pique, coberta de sapé e cercada por ampla varanda onde os
tropeiros dispunham suas tralhas. Esse rancho abrigava também mascates,
comerciantes e romeiros que se dirigiam ao Santuário Mariano de Aparecida. Até
o início dos anos 40, era grande o número de tropas e boiadas que utilizavam
esses pastos. Com a abertura da rodovia Lorena - Piquete - Itajubá e o aumento
do transporte rodoviário, o número de tropas diminuiu. As terras de Maria da
Silva, sem movimento, tornaram-se campos sem utilidade coletiva. Foi então que
Christiano Rosa, espírito empreendedor, adquiriu, à prestação, essas terras
e as transformou em uma Vila. Trabalhou arduamente para isso. Muitas vezes
descalço, na chuva ou ao sol, de manhã à noite. Media, traçava, calculava,
Tudo sem alarde, sem propaganda falada ou escrita... Foram vendidos os primeiros
lotes, ao longo do Córrego do Araçá. Nascia, então, a Vila Célia. Quando se
estudar a história da evolução urbanística de Piquete ao longo do tempo, no
que concerne à iniciativa particular, o nome e a obra de Christiano Rosa não
podem deixar de constituir um capítulo destacado, sem que se incorra em inominável
injustiça para com esse grande realizador que, aliado à técnica construtora,
era detentor de grande generosidade. Christiano doou ao município terrenos para
a abertura das ruas Dr. Gama Rodrigues, 1° de Maio e 7 de Setembro. Procurado
por operários da Fábrica que queriam adquirir lotes na nova vila e lá
construir a sonhada casa própria, combinava preços conforme as posses do
interessado e financiava o pagamento "a perder de vista". Muitos, sem
condições de iniciar a obra, traziam um esboço da casinha de seus sonhos e
Christiano a construía... Assim, uma casinha aqui, outra ali, a Vila Célia foi
crescendo. Nela foram se fixando as famílias de José Moreira, Bento de Lima,
Dario Rosa, Vicente Machado, Pedro Leôncio, Antônio Orestes Sene, José
Jacinto, Horácio Cândido, Jaime Mendes, Seu Nogueira, Paulo Coubasier, José
Gonçalves, Geraldo Piva, Isaac Dias dos Reis, Lázaro Gomes, Vicente Reis, José
Aguiar, Francisco A. Cruz, Benedito Batista, Francisco J. Dias, Oscar Sueiro e
tantos outros. Chegavam, constituíam família e estreitavam laços de
compadrio... A Vila Célia tornou-se uma grande família. Todos se conheciam. As
crianças cresciam e estudavam juntas, brincavam nas ruas poeirentas ou se
refrescavam nas límpidas águas do Araçá, que, até os anos 60, era piscoso,
rico em camarões, lambaris, carás e bagres... Religiosos, os moradores não se
descuidavam de seus ofícios na igreja de São José. Havia na vila uma
capelinha no sopé do Morro do Querosene dedicada a Nossa Senhora das Graças.
Fora construída no lugar de uma antiga Santa Cruz, local onde teria morrido um
tropeiro. Nessa capelinha, as crianças recebiam o catecismo ministrado por Lázaro
Gonçalves e Geraldo Piva. Personagens por todos conhecidos da vila eram: Conceiçãozinha
do Jongo, Antônio Faustino, dono de um bar ainda existente em frente à ponte
sobre o Araçá, e Dona Josefa Gabriela, a "Nhá Zefa", irmã de dona
Miquelina, que, junto com José Gonçalves, tocava acordeão em animadas festas
juninas promovidas pelos moradores. A Vila Célia veio, ao longo dos anos,
crescendo, recebendo melhorias, ocupando encostas... Nascia, então, o bairro da
Bela Vista. Mas esta é uma outra história... |

Capelinha da Vila Célia
Foto publicada no Jornal "O Estafeta"
Nos anos 40 do século passado, Christiano Alves da Rosa criou a Vila Célia em terras compradas de Maria da Silva, antiga moradora de Piquete que mantinha extensa área de terras à margem direita do córrego do Araçá. Sua residência era uma velha casa de taipa coberta por telhas, na subida do atual Alto da Bela Vista - antigo Morro do Querosene - voltada para a atual rua Gama Rodrigues. De sua casa avistava-se um amplo rancho onde tropeiros vindos de Minas descansavam,matavam a sede e soltavam os animais para pastar. Maria da Silva vivia da renda auferida pelo aluguel dos pastos e de um cafezal mantido nas encostas do morro do Querosene. No sopé desse morro, logo abaixo de sua casa, foi construída uma capela de aproximadamente 3m x 4m, no local onde morrera um tropeiro, lembrado pela presença de uma "Santa Cruz". Nessa capela foi entronizada uma imagem do Sagrado Coração de Maria e as pessoas moradoras do pequeno bairro ali passaram a se reunir para reza do terço. Mais tarde, o Sr. Lázaro Flauzinho Gomes e o Sr. Geraldo Piva passaram a ministrar o catecismo para crianças da redondeza. A primeira comunhão era feita na antiga Matriz de São Miguel. Todos ao anos, em junho, nesse local, durante as festas juninas, o movimento crescia. A população do bairro tradicionalmente fazia uma festa junina, da qual todos participavam. A criançada cortava bambus que eram colocados em forma de arcos e enfeitados com bandeirinhas coloridas de papel de seda. Cada morador se encarregava de fazer os diferentes pratos: doces, pipoca, melado - em que eram mergulhadas fatias de mandioca e batata-doce -, bolinhos de fubá e outras iguarias saboreadas com quentão e vinho-quente. Havia um espírito de comunidade e a Capelinha era o centro aglutinador. Após a reza do terço, seguia-se o espocar de fogos, a fogueira era acesa e o mastro do santo junino era erguido... Todos dançavam ao som de sanfona tocada pelos moradores Nhá Zefa (Josepha Gabriela) e José Gonçalves. Para não gerar ciúmes, em cada ano a festa junina era feita em frente de uma residência diferente. Com o desenvolvimento do bairro, a festa também cresceu e foi transferida para a Praça do Monte Castelo. Por muitos anos, a capelinha foi referência do bairro da Vila Célia. Até que, certo dia, no início dos anos 60, após forte trovoada, ela ruiu. São raros seus registros e poucos sabem de sua existência. No entanto, para antigos moradores, é agradável e simbólica lembrança. Jornal "O Estafeta" - Agosto de 2008 |
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