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PIQUETE - CIDADE PAISAGEM
História

A Origem da Vila de São José

Vila São José em 1930. Foto escaneada do álbum Coisas Findas da FCR.

A origem da Vila de São José, antiga Vila Braga

A origem da Vila de São José está associada às obras militares iniciadas na Vila Vieira do Piquete após a visita do então Ministro da Guerra, Marechal Mallet, em fevereiro de 1902, quando teve início a construção do ramal férreo Lorena-Benfica destinado a dar suporte logístico ao sanatório militar a ser construído no alto da Mantiqueira e à fábrica de pólvora sem fumaça. As obras causaram grande mobilização da população, que passou a buscar os escritórios das Comissões Construtoras em busca de trabalho. Por essa época, a recém-emancipada Vila do Piquete passava por dificuldades. De economia predominantemente agrária, a maior parte de sua população era constituída por lavradores. A falta de recursos pecuniários e de mecanismos para gerar empregos preocupava os administradores. Foi com grande expectativa que a população recebeu a notícia da instalação de um parque fabril no município, o que encheu de esperança os piquetenses. Em julho de 1905, instalou-se na Fazenda da Estrella a comissão construtora da fábrica de pólvora sem fumaça, sob o comando do tenente coronel Augusto Maria Sisson. Com o início dessas obras, observou-se um fluxo migratório de pessoas vindas de diferentes localidades, não só valeparaibanas, como do sul de Minas e do Rio de Janeiro, à procura de empregos. Piquete era constituído de poucas ruas próximas à velha matriz de São Miguel, a maioria das casas localizada ao longo da artéria principal que se dirigia para Minas. Surgiu, então, um grave problema de habitação. Onde alojar o número crescente de famílias, uma vez que o núcleo urbano não oferecia moradia para essa população? No final de 1905, os proprietários da Fazenda São José, antiga Fazenda Santa Eulália, Dr. Francisco de Assis de Oliveira Braga, e sua mulher, Dona Lydia Rodrigues de Oliveira Braga, dividiram parte das terras de sua fazenda em pequenos lotes que foram vendidos aos operários. O trecho loteado prolongava-se da porteira de entrada da fazenda, existente na estrada geral para Minas, entre um valo divisório que descia do alto onde hoje se encontra a caixa d'água e a Praça da Bandeira, e o Córrego do Araçá. O lote de número 1 situava-se em seguida a essa porteira, ao lado direito de quem por ela entra, e o de número 2, à esquerda da mesma, seguindo-se o de número 3 e outros ímpares logo adiante da ponte que atravessa o rio Benfica, ao lado direito, e os números pares ao lado esquerdo, fazendo todos frente para a estrada geral de Piquete a Itajubá. Foram abertas, mais tarde, duas ruas paralelas ao caminho de Minas e duas transversais, e novos lotes foram vendidos. Esse adensamento populacional levou o Cap. José Monteiro de Brito, prefeito municipal, a promulgar em 5 de março de 1908, a Lei de nº 37, que alterava o perímetro urbano da cidade, avançando até esse loteamento então em franca expansão - nascia o bairro operário denominado "Vila de São José", que, por muito tempo, foi chamado de Vila Braga. Aos poucos, novas famílias chegaram e laços de compadrio foram criados. A religiosidade da população, a devoção ao padroeiro dos operários, São José, e a distância da Matriz levaram os moradores a reivindicar do proprietário das terras um terreno para a construção de uma capela em homenagem ao Santo Patriarca. Sendo atendidos, as obras foram iniciadas - em 1911, com muita dificuldade,em virtude dos parcos recursos dos operários. Em 01 de agosto de 1914, o prefeito José Dias da Silva, por meio da Lei nº 57, denominou as cinco ruas existentes no bairro Vila Braga de rua Cel. Pederneiras, rua Dr. Oliveira Braga, rua da Mantiqueira, rua dos Operários e rua São José. A estrada de Itajubá, que cortava o bairro, servia de ligação com o Piquete antigo. Havia uma descontinuidade urbana e a fronteira entre as duas povoações era o antigo Grupo Escolar localizado à margem desse caminho. Dado curioso era a rivalidade existente entre as crianças da duas vilas, que, muitas vezes, se estendia até os adultos. A duras penas, a Vila de São José foi crescendo, se desenvolvendo e modificou nossa geografia urbana: direcionou o crescimento da cidade à Mantiqueira.
Texto do Jornal "O Estafeta" - fevereiro de 2005
Piquete, SP

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