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1 -
INTRODUÇÃO
1.1. Este
artigo tem como pressuposto fazer uma abordagem da indústria militar de
defesa no Brasil. Embora não tenhamos uma formação militar, há mais de
20 (vinte) anos atuamos como advogado e Procurador Jurídico da mais antiga
empresa de defesa do país, que é a estatal IMBEL. 1.2. Por intermédio
de dados, artigos, e demais informações coletadas ao longo do período,
procuraremos demonstrar a importância estratégica da indústria de defesa
e, em especial, da IMBEL, que é um ícone da indústria militar de defesa no
país. 1.3. Esse artigo foi elaborado justamente quando o Brasil está
comemorando os 200 (duzentos) anos da chegada da Família Real ao Brasil.
Entre as diversas instituições criadas pelo Príncipe Regente D. João,
podemos destacar pelos menos três, que no ano de 2008, completam o
bi-centenário. São elas, a IMPRENSA NACIONAL, que hoje edita o Diário
Oficial da União, o BANCO DO BRASIL S.A., banco conhecido por todos os
brasileiros, e a FÁBRICA REAL DE PÓLVORA DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS,
hoje, unidade integrante do complexo fabril militar da INDÚSTRIA DE
MATERIAL BÉLICO DO BRASIL, IMBEL. 1.4. Embora haja diversos organismos
governamentais e privados dedicados às comemorações dos 200 (duzentos)
anos da chegada da Família Real, por motivos outros, não detectamos
referências relativas a Fabrica Real de Pólvora da Lagoa Rodrigo de
Freitas, razão pela qual, entendemos que esta lacuna, não poderia passar
sem qualquer registro histórico, dessa importante instituição que integra
a defesa nacional. 1.5. O Brasil já teve na década de 80, uma
importante indústria de defesa, cujos produtos, de elevada capacidade
tecnológica, eram reconhecidos mundialmente, e consistia na produção de
carros blindados sobre rodas, aviões militares, armas leves e munições de
grosso calibre, dentre outros. As maiores empresas do setor são a AVIBRÁS,
ENGESA, (já falida), a EMBRAER e a IMBEL. Outras empresas não menos
importantes, que destacamos, são a TAURUS, ENGEPRON, CBC e HELIBRÁS.
Passadas duas décadas sem qualquer incentivo ou apoio político
governamental, o atual Governo Brasileiro, sinaliza para o setor, com um
Plano Nacional de Recuperação e Modernização das Forças Armadas, a ser
divulgado até setembro de 2008, destinado a reequipar as Forças Armadas do
Brasil, propiciando o aquecimento ou ressurgimento da indústria de defesa
no País, além de direcionar a produção deste setor ao mercado
externo. 1.6. Dentro do contexto de comemoração dos 200 (duzentos) anos
da chegada da Família Real ousamo-nos a escrever de forma breve, sobre o
Banco do Brasil, da Imprensa Nacional, e mais detalhadamente sobre a
Fábrica Real de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, da IMBEL, e da
indústria de defesa no Brasil.
2 -
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TRÊS INSTITUIÇÕES BI-CENTENÁRIAS:
2.1. O BANCO
BRASIL (01)
Quando o Brasil
passou a ser sede da Coroa em 1808, com a vinda do Príncipe D. João para o
Rio de Janeiro, o País ganhou um aliado para construir seu futuro. D. João
trouxe a imprensa, abriu os portos e criou o Banco do Brasil. Em 12 de
outubro de 1808, por intermédio do Alvará do Príncipe Regente D. João, foi
criado o Banco do Brasil. O capital da instituição seria constituído de
1.200 (hum mil e duzentas) ações de um conto de reis cada uma. O
lançamento destinava-se à subscrição por grandes negociantes ou pessoas
abastadas. 2.1.2. Em janeiro de 1809, D. João buscou apoio junto aos
governadores das Capitanias, determinando que buscassem acionistas para o
Banco do Brasil. Instalado em prédio da antiga Rua Direita, esquina da Rua
São Pedro, no Rio de Janeiro, o Banco do Brasil iniciou suas atividades em
11 de Dezembro de 1809. Apesar do esforço para que se buscassem acionistas
para o Banco do Brasil desde 1809, em fins de 1812, somente 126 ações
haviam sido subscritas. Nove anos após a fundação, encerrou-se a oferta
pública de ações do Banco do Brasil, completando-se o capital de 1.200
contos de reis. O lançamento do Banco do Brasil foi a primeira e a mais
longa das operações desse tipo no mercado brasileiro de
capitais. 2.1.3. Em 1819, D. João VI, determinou a construção de
uma sede para a Bolsa do Rio de Janeiro. Esta foi mais uma das sólidas
vinculações do Banco do Brasil, com o nascente mercado de capitais do
País. O Banco financiou integralmente a construção da primeira Bolsa
brasileira. No balanço de 1821 constava uma rubrica referente ao custo do
empreendimento, no valor de cento e sessenta e oito contos, trezentos e
cinqüenta e seis mil, quatrocentos e trinta e três reis. 2.1.4. Em 25
de abril de 1821, D. João VI e a Corte, retornaram a Portugal, levando os
recursos depositados no Banco, já em crise devido a sua profunda
vinculação com os interesses da Coroa. Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro
I declara a independência do Brasil. O apoio do Banco foi decisivo para
que as autoridades da época custeassem escolas e hospitais e equipassem os
navios que minaram as últimas resistências lusitanas e asseguraram a
Independência. 2.1.5. Em 2008, portanto, o Banco do Brasil é uma das
instituições que completa 200 (duzentos) anos de existência, sendo o maior
Banco público do País, constituído como uma sociedade de economia mista,
com capital majoritário da União Federal, destinado a realizar atividades
no mercado de varejo, mercado cambial, e de apoio e financiamentos, nos
mais variados setores da economia, em especial nas atividades de
agro-negócio.
2.2. A IMPRENSA
NACIONAL (02)
A transferência
da Corte para o Brasil em 1808, trouxe à então Colônia, inestimáveis
benefícios, dentre os quais a criação de uma imprensa oficial. Pelo
Decreto assinado em 13 de maio de 1808, o Príncipe Regente D. João, criava
a Imprensa Régia do Rio de Janeiro, cujo objetivo era imprimir, com
exclusividade, todos os atos normativos e administrativos oficiais do
Governo. Em 10 de setembro, é impresso o primeiro jornal do Brasil,
chamado Gazeta do Rio do Rio de Janeiro. 2.2.1. Em 1º de outubro de
1862, o Governo resolve, sob a presidência de Pedro de Araújo Lima,
Marques de Olinda, editar para a divulgação dos atos legais o Diário
Oficial, que é publicado ininterruptamente desde aquela data. Em 1877, foi
o ano da revolução gráfica: invenção da linotipia, uso do chumbo e
composição a quente. É também inaugurado o edifício-sede da Imprensa
Nacional que, com a aquisição em 1904 da primeira rotativa, marca
Marinoni, produz 12 milhões de exemplares tipográficos/ano. 2.2.2. No
dia 15 de setembro de 1911 um devastador incêndio destruiu a maior parte
de suas instalações, incluindo arquivos de documentos, publicações e
precioso acervo de sua biblioteca. O prédio reconstruído já não comportava
os serviços, quando em 1940, o então Presidente Getúlio Vargas inaugura
uma nova sede e cria, no ano de 1942, a Escola de Artes Gráficas. Num
importante passo social, a Imprensa Nacional é o primeiro órgão público
federal a empregar mulheres. Ainda , em 1942, conta-se com uma tiragem de
295 milhões de exemplares/ano. 2.2.3. Em 1960, com a mudança da
capital, o Presidente Juscelino Kubitschek inaugura o primeiro edifício do
conjunto de prédios que integram, atualmente, o parque gráfico da Imprensa
Nacional, onde passou a ser editado o Diário Oficial. A produção de obras
e periódicos permaneceu no Rio de Janeiro até o ano de 1979. No dia 13 de
maio de 1982, é inaugurado o Museu da Imprensa, em Brasília, que mantém em
exposição diversas publicações oficiais, máquinas, equipamentos e peças
relevantes para a preservação da história e evolução do processo gráfico
no Brasil. O museu fica aberto diariamente à visitação pública, inclusive
domingos e feriados. 2.2.4. Em 1989, na eleição direta para Presidente
da República, a Imprensa Nacional tem um papel fundamental na confecção de
cédulas, títulos e material para eleição. Adquire a Impressora Rotativa
GOSS e aumenta sua capacidade para 50 mil impressões/hora. Em 1994, com o
advento da Cibernética, e a conseqüente introdução da informática nas
artes gráficas, a Imprensa Nacional vem, gradativamente, adquirindo
equipamentos e dando início à editoração eletrônica de obras, sem,
contudo, desprezar ou desativar os processos gráficos que escreveram a sua
história, a qual se confunde com a história do próprio País. 2.2.5.
Desde 1996, a informatização e a modernização da Imprensa Nacional,
principalmente no seu parque gráfico, constam do seu Plano Diretor 95/99,
não esquecendo a valorização de seus servidores por meio de reciclagem em
treinamento e capacitação profissional. Nesses quase dois séculos de
relevantes serviços prestados à Nação, no cumprimento da missão
institucional para a qual foi criada, a Imprensa Nacional tem buscado, na
perspectiva do tempo, alargar suas fronteiras para novos conhecimentos
e tornar-se o elo entre Governo e a comunidade. De segunda a
sexta-feira, 24 horas por dia, a Imprensa Nacional trabalha para levar ao
cidadão brasileiro, nas primeiras horas da manhã, os jornais oficiais:
verdadeiros instrumentos de cidadania. 2.2.6. Registre-se que Machado
de Assis, autor de “Dom Casmurro” e “Quincas Borba”, entre outras obras, é
patrono in memoriam da Imprensa Nacional, desde janeiro de 1997. Machado
de Assis, no início de sua carreira literária, trabalhou de 1856 a 1858,
como aprendiz de tipógrafo, usando o prelo que hoje está em exposição no
Museu da Imprensa, em Brasília. Em 1867, regressa ao órgão oficial para
trabalhar como ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial, cargo
que ocupou até 6 de janeiro de 1874.
2.3. A
FABRICA REAL DE PÓLVORA DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS (03)
2.3.1. Há quem
sustente que a indústria bélica nacional teve seu início com a criação da
Casa do Trem, na cidade do Rio de Janeiro, em 1762, com a finalidade de
guardar, conservar e realizar pequenos reparos no armamento e nos
equipamentos das tropas existentes. Esta data coincide na realidade com a
criação do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, AGR, cujas instalações
hoje, localizam-se no Bairro do Caju, no Rio de Janeiro. Todavia, pensamos
que a indústria bélica nacional teve sua origem efetivamente com a criação
da Fabrica Real de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, em
13/05/1808. 2.3.2. A atual Fábrica da Estrela foi fundada pelo Príncipe
Regente D. João, por Decreto de 13 de maio de 1808, com o nome de Fábrica
Real de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, localizada no Jardim
Botânico, na cidade do Rio de Janeiro. Por tratar-se de um documento
histórico, reproduzimos na integra o decreto de criação da Fábrica Real de
Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, que se encontra na Fábrica da
Estrela.
“Havendo
determinado Mandar estabelecer nesta Cidade huma Fábrica Real de Pólvora,
onde com toda a perfeição e brevidade possível, a manufacturar aquella
quantidade necessária não para os diferentes objectos do Meu Real Serviço,
mas para o consumo dos particulares em todos os Meus Domínios do
Continente do Brasil e Ultramarinos. Sou servido incumbir à criação e
inspeção deste importante Estabelecimento ao Brigadeiro Inspector de
Artilharia Fundições, Carlos Antonio Napion, cujo zello e superiores
luzes, intelligência neste ramo do Meu Serviço Real, se tem sobejamente
manifestado e feito digno da Minha Real Attenção, ficando a parte
administrativa confiada ao Doutor Mariano Jozé Pereira da Fonseca que Hey
por bem Nomear Thezoureiro da Administração, a cujo cargo, a compra e paga
do Salitre e mais objectos da Fábrica, e por este dezembolso, enquanto não
houverem fundos no Cofre, receberá a comissão de hum meio porcento ao mez,
devendo desde logo, proceder a tomar os Armazens secos que forem
necessários para depósito do Salitre, e mais mixtos, cuja renda será
satisfeita depois pelo Cofre da Pólvora. O referido Thezoureiro terá
também hum Escrivão do seu cargo, a quem competirá a clara e simples
escrituração de todo este Estabelecimento, o qual Mando sujeitar como
convém a Repartição da Secretaria d’Estado dos Negócios da Guerra, por
onde o Inspector não só fará todos os annos, publicar o preço porque
se pagará o Salitre, segundo a quantidade que concorrer à venda nos meus
Reais Armazens, mas examinando o estado do Depósitos, representará todos
os annos a quantidade de Pólvora, que se deve dar para o Serviço de
Artilharia, Praças, Tropas e Marinha> Real, segundo esta última
Repartição, requerer e indicará a que, sem detrimento do Meu
Real Serviço, se poderá facilitar de venda, devendo esta ser feita
pelos mencionados Thezoureiro e Escrivão Dom Rodrigo de Souza Coutinho,
do Meu Conselho de Estado, Ministro e Secretário dos Negócios
Estrangeiros e da Guerra, o tenha assim entendido e faça executar.
“Palácio do Rio de Janeiro, em treze de Maio de mil oitocentos e
oito”.
(Assinatura
ilegível, Príncipe Regente D. João).
Obs. Pólvora
(negra), substância explosiva constituída pela mistura de salitre (nitrato
de potássio), carvão e enxofre.
2.3.3. Em 1824,
a Fábrica Real de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, foi transferida
para a cidade de Magé, RJ, (cidade localizada na região conhecida hoje
como Baixada Fluminense) com a denominação de Real Fabrica de Pólvora da
Estrela, mediante Decreto de D. Pedro II. A partir de 1939 a Fábrica da
Estrela foi reestruturada, passando a ter a denominação de Fábrica da
Estrela, funcionando como uma Organização Militar do então Ministério do
Exército, até 1975, data da criação da Indústria de material Bélico do
Brasil-IMBEL, quando passou a funcionar como empresa estatal, vinculado ao
então Ministério do Exército. 2.3.4. Hoje, após varias evoluções a
Fábrica da Estrela atua de formal dual, vale dizer, atua no mercado
militar, com a produção de vários artefatos e explosivos, bem como no
mercado civil, sendo que os seus principais produtos são: Cordel
Detonante, Espoleta Comum nº 8, Estopim Hidráulico, Dinamites
Sismográficas, Minilites e Maxilite, Reforçadores (Booters)), Pólvora
Negra, Retardos para Cordel, RDX e outros produtos de fabricação sob
encomenda. 2.3.5. A Fábrica da Estrela no dia 13/05/2008 completa 200
(duzentos) anos. Está localizada na Praça Marechal Ângelo de Morais, s/nº,
Vila Inhomirim, no município de Magé, RJ, possuindo uma Área Industrial de
140.000 m², com 169 edifícios industriais e 281 unidades residenciais.
Mantém ainda uma Área de Preservação Ambiental de 6.6321.000 m². Assim a
Fábrica da Estrela, ao completar seu bi-centenário de existência, tem
reconhecida a sua importância estratégica para a IMBEL, para o Exército,
para a Segurança Nacional do País, no sentido de estar preparada, com seus
produtos e serviços de alta tecnologia militar, a suprir as necessidades
de exercício, de fornecimento, e de mobilização das Forças Armadas do
Brasil. A Fábrica da Estrela, portanto pertenceu à Coroa Portuguesa (1808
a 1822), ao Império do Brasil (1822 a 1889), e finalmente a Republica
(1889 até os dias de hoje), com dois séculos de existência.
3 - A IMBEL E
SUAS DEMAIS FILIAIS
3.1.
IMBEL
A Indústria de
Material Bélico do Brasil-IMBEL, é uma Empresa Pública Federal, vinculada
ao Ministério da Defesa, por intermédio do Comando do Exército, criada nos
moldes do Decreto-Lei nº 200, de 25/02/1967, por intermédio da Lei nº
6.227, de 14/07/1975 (Anexo I), com seu Estatuto Social aprovado pelo
Decreto nº 5.338, de 12/01/2005, com sede localizada no Quartel General do
Exército, Bloco “H”, 3º Pavimento, SMU, Brasília, Distrito Federal, com
capital social integralmente subscrito pela UNIÃO FEDERAL, compondo-se de
5 (cinco) Complexos Fabris, localizados nas cidades de
Piquete, no Estado São Paulo, Itajubá e Juiz de Fora, no Estado de Minas
Gerais e, Magé e Rio de Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro,destinados
à produção de diversificados produtos de emprego
militar e civil. Há indicativos que a criação da empresa
pública IMBEL foi em decorrência do rompimento, no ano de 1974, pelo
Governo Geisel, do Acordo de Cooperação Militar Brasil- Estados Unidos,
firmado durante a 2ª Guerra Mundial. Com a criação da IMBEL, as Fábricas
Militares do Exército foram transferidas para a estatal, e com isso, o
setor de defesa, integrado com as demais empresas privadas da época,
passou a ser uma atividade> estratégica para o país, com uma tecnologia
nacional em evolução, que permitiria o Brasil tornar-se mais independente
em produtos militares. 3.1.1. A IMBEL é a mais antiga Indústria de
Material Bélico do País. Por sua tradição e capacitação técnica tem
contribuído para a manutenção do Brasil entre os mais tradicionais
produtores e fornecedores mundiais de material de emprego militar.
Destaque-se que, seguindo os preceitos constitucionais consagrados no
artigo art. 173, da Constituição Federal, nas disposições da sua Lei de
criação, a Lei nº 6227/1975 e, consoante o disposto no artigo 4º do seu
Estatuto, a IMBEL desenvolve suas atividades no setor de produtos de
defesa, com estrita observância das políticas, planos e programas do
Governo Federal, bem como das diretrizes para ela fixadas pelo Comando do
Exército. Assim, da linha de produtos militares da IMBEL, constam
explosivos acessórios e artefatos bélicos, cargas para vários tipos de
munições pesadas, propelentes para mísseis e foguetes, armamento
individual para tropas, aparelhos eletrônicos de comunicação em campanha,
aparelhos de aferição e medição de desempenho balístico, cuja tecnologia é
desenvolvida em suas modernas instalações, com elevado grau de capacitação
de seu pessoal, composto de cerca de dois mil servidores e pesquisadores,
civis militares, alinhando suas pesquisas aos interesses das Forças
Armadas, e em conjunto com o Instituto de Militar de Engenharia, IME, e
com o Centro Tecnológico do Exército, CTEX, ambos do Exército, localizados
no Rio de Janeiro. 3.1.2. Os produtos civis possuem tecnologia similar
à dos produtos militares e devido à amplitude de suas pesquisas, a IMBEL
oferece produtos de qualidade apurada, a partir de processos otimizados e
matérias-primas selecionadas. O reconhecimento dos seus produtos e
serviços já consagrado no Brasil, por aquisições das Forças Armadas, Força
Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, Forças Auxiliares, por
intermédio das Polícias Civis e Militares, é também consagrado no mercado
externo, a saber, no Continente Africano, na Ásia, América Latina, e,
notadamente, junto ao maior e mais exigente mercado da América do Norte,
que são os Estados Unidos da América, EUA, destacando-se de forma
especial, a utilização de seu armamento, pelo Federal Bureau of
Investigation, FBI. Constam da linha de seus produtos civis, armas
leves, dinamites, espoletas, cordéis, estopins, pólvoras, sinalizadores,
nitroceluloses, éter, cutelaria, pistolas, etc., produtos esses que foram
desenvolvidos a partir da experiência acumulada por dois séculos.
Portanto, como se depreende a IMBEL tem uma atividade dual, atendendo ao
setor de Defesa e Segurança Pública do País, cumprindo com a
especificidade constante da sua lei de criação, (Lei nº 6227/1975) que é
atender prioritariamente ao Estado, e supletivamente, ao mercado civil e
de exportação. 3.1.3. A IMBEL tem participação acionária em renomados
grupos empresariais, como a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), única
fábrica no Brasil de munição de armamento leve, e na South América
Ordnance, joint-venture, formada com a participação da IMBEL, da empresa
nacional Chaim Cury, e da empresa inglesa, Royal Ordenance Plc, criada
para produzir munição de artilharia com novas tecnologias para o mercado
brasileiro e para exportação. Ao aliar avançadas técnicas de manufatura ao
talento e profissionalismo de suas equipes, a IMBEL concebeu uma
estratégia de competitividade que tem possibilitado à empresa conquistar
nichos de mercado importantes e extremamente exigentes, em várias regiões
do mundo. A marca IMBEL é conhecida nacionalmente no setor de Defesa
e está registrada no Brasil, junto ao Instituto de Propriedade Industrial,
INPI, bem como perante o United States Patente and Trademark Office,
nos Estados Unidos da América. 3.1.4. A responsabilidade
sócio-ambiental também é uma preocupação constante da empresa, que por
diversos convênios e acordos, estabelece parcerias educacionais com
Estados (membros) e Municípios, bem como na racionalização e no uso
compartilhado de recursos naturais como a água, no município de Piquete,
SP, e no Município de Wenceslau Brás, MG, (04) onde a IMBEL possui também,
uma Usina Hidrelétrica, denominada Rede Elétrica Piquete-Itajuba, REPI,
construída em 1932, com capacidade de 3,4MW, para abastecer as Fábrica de
Itajubá, MG e de Piquete, SP. Digno de registro é o controle e respeito ao
meio ambiente, onde se localizam suas unidades fabris, as quais são
submetidas aos mais severos e rigorosos critérios de fiscalização dos
órgãos ambientais, em relação aos resíduos industriais, além da coleta
seletiva do lixo nas vilas residenciais próximas às Fábricas. Destaque-se,
por fim, a proteção ambiental de um fragmento de 2.800 ha de Mata
Atlântica, em Piquete, SP, e de 1.400 há, no Município de Magé, RJ,
existentes nos perímetros, respectivamente, da Fábrica Presidente Vargas e
Fábrica Estrela. (vide: www.imbel.gov.br) 3.1.5. Como Empresa Pública
Federal, a IMBEL, como as demais empresas públicas federais, se sujeita à
todas as condições estabelecidas para a Administração Pública,
notadamente, aos princípios insculpidos no artigo 37, da Constituição
Federal, tais como, o princípio da legalidade, da moralidade, da
impessoalidade, da publicidade, e da eficiência. Ao mesmo tempo, ainda que
seu capital seja integralmente subscrito pela UNIÃO, sua personalidade
jurídica é direito de privado, consoante regra estabelecida no artigo 173,
§ 1º, e incisos da Constituição Federal, e assim, se sujeita às regras do
direito privado, com pagamento de impostos e contribuições. O parágrafo
3º, do art. 173, da Constituição Federal, determina que a lei, deverá
definir a relação da empresa pública com o Estado e a sociedade. Até hoje,
porém, tal lei não foi editada, motivo pelo qual, as empresas públicas,
submetem-se, subsidiariamente, à Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº
6.404, de 21/12/1976). Estão ainda sujeitas as empresas públicas federais,
entre outras condições impostas, a realizar licitações, para a compra de
seus insumos e serviços, nos termos da Lei nº 8.666, de 21/06/1993; a
realizar concurso público para a contratação de seu pessoal; a submeter-se
à fiscalização do Tribunal de Contas da União, TCU; a submeter-se à Lei de
Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000;
porém, não estão sujeitas à Lei de Falências (art. 2º, inciso I da Lei
nº 11.101, de 09/02/2005. Como é possível perceber, a empresa
pública é uma instituição complexa. Eventualmente, aqueles que desejarem
saber um pouco mais, ou talvez se aprofundar no estudo das
empresas públicas, sugerimos a leitura do Livro “Empresa Pública”, de
nossa autoria, editado em 1994, pela Cabral Editora e Livraria
Universitária (cabraledit@ig.com.br) (05). 3.1.6. Visto em síntese as
finalidades precípuas da IMBEL, passaremos agora a observar as finalidades
de cada Filial da estatal, à exceção da Fábrica da Estrela, já visto
acima. Conforme já observamos, desde o século XIX o Brasil sentiu a
importância estratégica de possuir uma indústria de defesa, que lhe
proporcionasse a capacidade de produzir munições e armamentos no próprio
País. O processo foi iniciado com a instalação da Fabrica Real de Pólvora
da Lagoa Rodrigo de Freitas, em 1808, no Rio de Janeiro, cujos
comentários, reportamo-nos aos itens 2.3 ao 2.3.5 acima. Porém, ao longo
destes dois séculos, foram criadas ao todo, dois Arsenais de Guerra e nove
Fábricas, que pertenciam ao Exército até 1975, e após esta data, foram
incorporadas pela IMBEL, a exceção dos Arsenais, a saber:
QUADRO RESUMO
DAS UNIDADES FABRIS DO EXÉRCITO QUE FORAM TRANSFERIDAS PARA A
IMBEL
UNIDADES FABRIS
- SIGLA - CRIAÇÃO - PRODUTOS FABRICADOS (06) Arsenal de Guerra do
Rio de Janeiro - (*)AGRJ - 1762 - Morteiros, canhão antiaéreo de 40
mm. Fábrica da Estrela (MAGÉ-RJ) - FE - 1808 - Cordel Detonante,
Espoleta Comum nº 8, Estopim Hidráulico, Dinamites Sismográficas,
Minilites e Maxilite, Reforçadores (Booters), Pólvora Negra, Retardos
para Cordel, RDX. Fábrica do Realengo - (**)FR - 1898 - Munição
para Armamento leve Fábrica Presidente Vargas - FPV - 1909 -
Nitroceluloses, nitroglicerina, pólvoras químicas de bases simples (BS) e
base dupla (BD), trotil, (TNT), dinamites e ácidos. Fábrica do
Andaraí - (**)FA - 1932 - Granadas de morteiros e de
obuseiro Fábrica de Bonsucesso - (**)FB - 1933 - Granadas de mão,
granadas lacrimogêneas e máscaras contra gases. Fábrica de juiz de Fora
- FJF - 1933 - Munição de armamento pesado e carregamento de granadas,
espoletas e estopilhas. Fábrica de Itajubá - FI - 1934 - Armas Leves,
tais como FAL, PARAFAL, Pistolas de vários calibres, armas de caça,
ferramentas e calibradores especiais. Fábrica de Curitiba - (**)FC -
1934 - Pontes Metálicas, equipamentos de pontes e fogões de
campanha. Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica - FMCE -
1939 - Telefone, centrais telefônicas, rádios, estações de campanha,
computadores. Arsenal de Guerra de São Paulo - (*)AGSP - 1957 -
Canhões sem recuo de 76 mm e 106 mm. (*) Pertence ao Exército (**)
Atualmente desativada
3.2. FÁBRICA PRESIDENTE VARGAS - FPV (03)
3.2.1. Há muito
tempo já existia um caminho que partia de Lorena, SP, aberto pelos
bandeirantes, por onde se desenvolvia todo o comércio com o sul de Minas
Gerais. Aos pés da Serra da Mantiqueira, os que se destinavam a Minas ou
dela regressavam, repousavam em ranchos para as tropas, construídos à
margem desse caminho. Logo surgiram também casas de moradia,
formadoras de um núcleo populacional, inicialmente denominado Arraial de
São Miguel. Mais tarde, por ocasião da Revolução Liberal de 1842, a
localidade passou ser conhecida pelo nome de São Miguel do Piquete, em
virtude da estrada já ter sido guarnecida, por alguns meses, por ordem de
Caxias, por um Piquete de Cavalaria estacionado no Arraial. Anos
depois, o seu desenvolvimento justificou a elevação da localidade para a
categoria de Município ocorrida por Decreto de 7 de maio de 1891,
mas agora com a denominação "Vila Vieira do
Piquete" em homenagem à família Vieira,
proprietária de grandes fazendas do Município. 3.2.2. A
Fábrica Presidente Vargas, FPV começa a fazer parte da história do
município, pois, após os primeiros estudos realizados em 1902, coordenados
pelo Marechal João Nepomuceno de Medeiros Mallet, foram adquiridas em 1905
as Fazendas Sertão, Estrela do Norte e Limeira, destinadas à construção de
uma fábrica de pólvora sem fumaça (explosivo à base de um derivado de
nitrato {nitrocelulose, nitroglicerina}, utilizado nos modernos petrechos
bélicos, assim chamada em relação à pólvora negra, e que quase não produz
fumaça ao queimar). O local prestava-se admiravelmente ao fim desejado,
por atender, não só à fácil obtenção de água e lenha, indispensáveis na
época, para gerar força e combustível em estabelecimentos de tal natureza,
como também por ficar situado em igual distância de dois centros populosos
e de fácil acesso: a então Capital da República (Rio de Janeiro) e a
cidade de São Paulo. Estas vantagens ainda mais se realçavam por ter o
local escolhido condições climáticas muito recomendáveis, e por se achar
encravado entre montanhas e matas que serviriam, sobremaneira, não somente
a uma proteção natural do estabelecimento, como também à segurança das
populações de cidades vizinhas. A construção dessa Fábrica permitiria ao
Exército, ser suprido pelo mercado nacional, evitando-se a dependência da
aquisição de pólvoras no exterior. Em julho de 1905 foram lançados os
fundamentos da Fábrica, e em 1906 já estava pronto o primeiro edifício, a
então “Usina Hidrelétrica Rodrigues Alves”, inaugurada pelo Exmo. Senhor
Presidente da República, Dr.Rodrigues Alves, cujo Prédio foi transformado
em Memorial no ano de 2006. Em 15 de março de 1909, com a presença do Exmo
Senhor Presidente da República, Dr. Affonso Pena, foi inaugurada
oficialmente a então "Fábrica de Pólvoras sem Fumaça". 3.2.3. Em
conseqüência a "Vila do Piquete" prospera. Em 1911 muda novamente o nome,
passando a se chamar simplesmente "Cidade de Piquete". Seguem anos
de desenvolvimento com sucesso na produção de pólvoras. Em 20 de maio de
1918, a Fábrica foi honrada com a presença de outro Presidente da
República, o Exmo. Senhor Wenceslau Braz. Em 1933 foi inaugurada a
então Fábrica de Trotil, substituída em 1980, por outra contínua e mais
moderna. A partir dessa primeira fabricação de um explosivo de ruptura,
julgou-se melhor mudar, a partir de 1936, a denominação do Fábrica para
"Fábrica de Pólvoras e Explosivos de Piquete", logo alterada em 1939 para
"Fábrica de Piquete". Ampliam-se as construções, com as instalações para a
fabricação de Ácidos Nítrico e Sulfúrico e, em 1932 e 1935,
respectivamente, as de Pólvoras de Base Dupla, Nitroglicerina, Dinamites,
e Laboratório Químico Central e Laboratório Experimental, instalados em
1940/1941. Nesse período, na Fábrica recebeu-se a visita do Exmo. Senhor
Doutor Getúlio Vargas, Presidente da República, o que redundou,
inclusive, na mudança da denominação do unidade para Fábrica Presidente
Vargas, em homenagem à autoridade que sempre apoiou o desenvolvimento
desse importante complexo Fabril Militar. 3.2.4. Registre-se que
durante a Revolução Constitucionalista de 1932, quando os paulistas
declararam guerra às tropas federais de Getúlio Vargas, objetivando a
instituição de uma Constituição para todos os brasileiros, a Fábrica foi
tomada pelos insurgentes paulistas, durante o período compreendido de
julho á setembro daquele ano. A pólvora e demais componentes serviram como
suprimento de munição para a artilharia, para a infantaria e para o famoso
trem blindado, em todos os flancos de batalha, ou seja, no Vale do Paraíba
(Queluz, São José do Barreiro)) e Sul de Minas (Cruzeiro e
Lavrinhas), no túnel da Mata Fria (Mairiporã, Bragança Paulista), Sul do
Estado de São Paulo (Itararé). Após a derrota e rendição incondicional dos
paulistas, a Fábrica é entregue para a Administração Federal, para o
Exército. O Livro “O Diário do Soldado Constitucionalista”, de autoria do
Coronel Wanderlei Gomes Sardinha (DOC. 07), traduz com muita propriedade,
os pequenos momentos de glória e a tristeza de ver muitos companheiros
tombados em combate no palco da guerra, por uma causa que acabou ao final
sendo atendida, com a promulgação da Constituição Federal de
1934. 3.2.5. Posteriormente, com o advento da Segunda Guerra Mundial
(1939/1945) a Fábrica Presidente Vargas, pela qualidade de seus produtos,
pelas instalações e principalmente pelo seu pessoal, conseguiu cumprir
perfeitamente as tarefas a ela imputadas, trabalhando ininterruptamente em
03 turnos, durante todo o período do conflito, em que o Brasil participou
por intermédio da FEB, Força Expedicionária Brasileira, em campos de
batalha, na Itália. Em 1948, no pós-guerra, agora voltada à Nação,
também para o desenvolvimento social, foi inaugurado o Hospital da
Fábrica, com a presença do Excelentíssimo Sr. General Eurico Gaspar Dutra,
Presidente da República. Depois de um período sem grandes modificações,
prosseguiu com a construção de novas unidades visando a modernização das
instalações existentes. Em 1975 houve a incorporação da Fábrica, pela
empresa pública federal, INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASIL-IMBEL.
Nesse período destacaram-se a construção das Unidades de Fabricação de
Nitrocelulose, Unidade Piloto de Propelentes Moldados e a Oficina de Massa
Primária, sendo a primeira inaugurada em 1987, com a presença do Exmo.
Senhor Presidente da República, Dr. José Sarney. Como a mais recente
aquisição da Fábrica, encontra-se a Unidade de Fabricação de Emulsões
Explosivas, instalada em 1995. Esta última possibilita a concorrência no
importante mercado de explosivos civis. A União disponibiliza recursos
orçamentários, sob a rubrica “Investimento das Estatais” destinados às
novas Plantas e ou manutenção das mesmas, de modo a manter o elevado grau
tecnológico da Fábrica Presidente Vargas, que é o maior complexo Fabril
Militar do País. 3.2.6. A Fábrica Presidente Vargas, no dia 15/03/2008
completou 99 (noventa e nove) anos, e está localizada na Avenida, 15 de
março, s/nº, em Piquete, Estado de São Paulo, possuindo uma Área
Industrial de 7.600.000 m2, Área construída, 112.879 m2, 343
edifícios operacionais e 08 administrativos, mantendo uma Área de
preservação ambiental de 28.000.000 m2, contendo as seguintes Unidades de
Produção: Fábricas de: Nitrocelulose, Nitroglicerina e Dinamites, Pólvoras
de Base Simples, Massa Primária (para Pólvoras de Base Dupla), Pólvoras de
Base Dupla, Trotil, Propelentes Moldados (motores para foguetes e
mísseis), Nitrato de Monoetalomina Lamas Explosivas, Explosivos tipo
Nitrocarbonitrato, Carbonitrato e ANFO, Emulsões Explosivas e
Utilidades Industriais: Estação de tratamento de água, Estação de
tratamento de despejos Industriais, Estação de geração de
vapor, com objetivo precípuo de produzir produtos químicos, explosivos e
propelentes de emprego militar e civil. Assim a Fábrica da Presidente
Vargas, ao completar 99 (noventa e nove) anos de existência, tem
reconhecida a sua importância estratégica para a IMBEL, para o Exército,
para a Segurança Nacional do País, no sentido de estar preparada, com seus
produtos e serviços de alta tecnologia militar, a suprir as necessidades
de exercício, de fornecimento, e de mobilização das Forças Armadas do
Brasil.
3.3. FÁBRICA DE
JUIZ DE FORA - FJF (03)
3.3.1. A
Fábrica de Juiz de Fora, é uma Filial da IMBEL, empresa pública federal,
vinculada ao Ministério da Defesa, por intermédio do Comando Exército, do
ramo de material bélico, centro de excelência na fabricação de munições,
que atua também como prestadora de serviços para terceiros. Criada pelo
Decreto N.º64 de 20 de Dezembro de 1933, com a denominação de FÁBRICA DE
ESTOJOS E ESPOLETAS DE ARTILHARIA (FEEA), teve sua pedra fundamental
lançada em 09 de Agosto de 1934, em terreno doado pela Prefeitura de Juiz
de Fora ao então Ministério da Guerra. Inaugurada oficialmente em 22 de
Março de 1938, embora o funcionamento inicial de suas instalações tenha
ocorrido já a partir de 1937, com produção de estojos metálicos. 3.3.2.
Em 25 de Abril de 1939, por Aviso Ministerial, teve sua denominação
modificada de FÁBRICA DE ESTOJOS E ESPOLETAS DE ARTILHARIA (FEEA) para
FÁBRICA DE JUIZ DE FORA (FJF). Em 01 de Junho de 1977 foi extinta como
Estabelecimento Militar, e passou a constituir uma das unidades da então
recém-criada INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASIL - IMBEL. Produzindo
material bélico desde 1937, a FÁBRICA DE JUIZ DE FORA, possui tecnologia
própria para a fabricação de materiais de emprego militar, com qualidade
assegurada por Certificado de Sistema da Qualidade NBR ISO 9002, na
Produção e Serviços Associados para Material Bélico Aeroespacial, foguetes
e munições de calibres 40 mm a 120 mm e respectivas embalagens. 3.3.3.É
ainda capacitada a produzir uma linha de produtos de cutelaria: facas,
facões e machadinhas. Além de material bélico, a FJF é fornecedora de
ferramentas de produção e controle, tais como matrizes calibradores,
fresas machos, alargadores, outros dispositivos especiais de fabricação e
de controle para o mercado regional, com tecnologia desenvolvida desde a
fabricação de dispositivos similares para Willys Overland do Brasil,
quando dos primeiros passos da indústria automobilística no País. Realiza
ainda serviços de radiografia industrial, tratamento térmico e superficial
de metais, bem como serviços laboratoriais, mecânicos, metalográficos e
balísticos, para clientes nacionais e estrangeiros, obedecendo a rigorosas
normas de segurança contra riscos de explosões. Está situada entre os
bairros de Nova Era, São Judas Tadeu e o bairro Araújo, que cresceram em
torno das suas instalações. Ultimamente conta com cerca de duzentos
colaboradores, habilitados e treinados para o desempenho de suas funções.
Registre-se que, além de atender prioritariamente as Forças Armadas, a
Fábrica de Juiz de Fora, atende como clientes, os Exércitos de outros
países, tais como, Colômbia, México, Indonésia, Filipinas, entre
outros. 3.3.4. A Fábrica de Juiz de Fora, no dia 09/08/2008 completa 74
(setenta e quatro) anos, está localizada na Avenida Presidente Juscelino
Kubitsckek, 7500, Bairro Benfica, Juiz de Fora, MG, possui uma Área Total
de 2.200.612 m2, e Área construída 356.760 m2, contendo os seguintes
Setores de Produção: Forjaria, Usinagem, Carregamento por fusão,
Carregamento por compressão, Tratamento térmico, Tratamento
superficial, e Raio X, os quais são destinados à fabricação e
montagem de munição de grosso calibre (LAP) e cutelaria de
emprego militar e civil. Assim a Fábrica de Juiz de Fora, tem reconhecida
a sua importância estratégica para a IMBEL, para o Exército, para a
Segurança Nacional do País, no sentido de estar preparada, com seus
produtos e serviços de alta tecnologia militar, a suprir as necessidades
de exercício, de fornecimento, e de mobilização das Forças Armadas do
Brasil.
3.4. FÁBRICA DE
ITAJUBÁ-FI (03)
3.4.1. A
Fábrica de Itajubá (FI) foi criada pelo Decreto nº 23.654, de 20/12/1933,
com a denominação de Fábrica de Canos e Sabres para Armamento Portátil.
Essa deliberação contou com a ajuda valiosa do eminente estadista, Exmo.
Senhor Wenceslau Braz Pereira Gomes, ex-presidente da República Federativa
do Brasil, do Capitão Amaury Pereira, então Comandante do 4º BE Cmb, do
Coronel Pedro Paulo Menezes, do então Capitão Antônio Carlos Bello Lisboa
e do Prefeito de Itajubá, José Rodrigues SEABRA. A sua construção
iniciou-se em 16 de Julho de 1934, administrada pela comissão presidida
pelo Major Fausto Neto de Albuquerque, e foi inaugurada um ano depois,
sendo o lançamento da pedra fundamental feito pelo General Deschamps
Cavalcante. Considerando-se as proporções entre o estágio de
desenvolvimento industrial do Brasil naquela época, e o de agora, a
criação de uma fábrica de armas, em 1933, simbolizou um ícone da
tecnologia, que, superando as dificuldades normais, tornou-se como o mais
ousado empreendimento da indústria militar de defesa para armamentos leves
no País. 3.4.2. Os três mais importantes produtos que a FI fabricou até
aqui, representam, nas diversas épocas em que foram produzidos, com o que
havia de melhor em todo o mundo, em termos de concepção de engenharia
militar, de produto, de processo, de desempenho e, sobretudo, em
termos de consagração pelo seu uso em muitos países importantes. Senão
vejamos: inicialmente, foi o Fuzil Mauser, notável projeto alemão,
considerado o melhor fuzil de repetição até hoje concebido, pois, era
seguro, simples, rústico e preciso, demandava, entretanto, o domínio de
difícil tecnologia para ser fabricado. Foi o primeiro grande desafio,
vencido em 1940. O segundo viria a ser a fabricação da pistola. 45 M911
A1, derivada do projeto de maior sucesso em toda a história do armamento
de porte, criado pelo genial Browning, para a Fábrica Colt, nos Estados
Unidos da América. Neste produto, realizou-se a afirmação da nossa
engenharia de processo, pois, ao se iniciar a fabricação, não havia
qualquer folha de especificação ou norma da arma, apenas os desenhos das
peças. Mas, o terceiro e maior desafio viria a acontecer em 1964,
quando se decidiu produzir o FAL (Fuzil Automático Leve), calibre 7.62 mm,
o fuzil automático de maior aceitação em todo o mundo, que chegou a ser
usado em mais de 90 paises. E, mais uma vez, o desafio foi
superado e, com tais méritos, orgulhosamente, pode-se afirmar, que apenas
em dois países, ainda se fabrica o FAL pelo sistema métrico, cujo
armamento é utilizado pelos Exércitos na maioria dos países. Um desses
países é a Bélgica, na FN (Fabrique National) localizada na cidade
Herstal, que o criou a arma. O outro país é o Brasil, que por acordo
com a FN, foi autorizada a fabricar o FAL e suas versões, a partir de
1964, por intermédio Fábrica de Itajubá. FI. O Fuzil FAL 7.62 mm é
produzido de forma exclusiva para as Forças Armadas
brasileiras. 3.4.3. A confirmação do sucesso da Fábrica de
Itajubá, seja na produção de armamentos militares , seja na produção de
armamentos civis, está consagrado na exportação de pistolas, realizada há
mais de quinze anos para a Springfield Armory Inc., localizada nos Estados
Unidos da América, que é sem dúvida, o mais exigente mercado mundial.
Destaque-se também, de forma especial, a utilização do armamento produzido
pela Fábrica de Itajubá, pelo Federal Bureau of Investigation, FBI, nos
Estados Unidos da América. Hoje a FI já está produzindo também o Fuzil
5.56 mm, já homologado pelo Exército Brasileiro, bem se encontra em fase
final, a Pistola de polímero. Os maiores clientes são as Forças Armadas, a
Secretaria Nacional de Segurança Pública, SENASP, Forças Auxiliares,
compreendendo a Polícia Civil e Polícia Militar, Polícia Federal, mercado
civil nacional e o mercado de exportação. 3.4.4. A FÁBRICA DE ITAJUBÁ,
no dia 16/07/2008 completa 74 (setenta e quatro) anos, está localizada na
Avenida Av. Cel. Aventino Ribeiro, s/nº, Itajubá, MG, possui uma Área de
1.100.000 m2, Área Industrial Construída de 28.000 m2, e sob a sua
jurisdição, a Represa da Usina Hidrelétrica (Wenceslau Braz), com
4.400.000 m2, e potência instalada de 3,4 MW, contendo os seguintes
Setores de Produção: Máquinas Operatrizes: 750, sendo 31 CNC com suporte
CAD, atividades de Forjaria, Fresamento, Tornearia, Estamparia, Tratamento
Térmico, Tratamento Superficial, Injeção de Plástico, Fermentaria e
Furação Profunda. Assim a Fábrica de Itajubá, tem reconhecida a sua
importância estratégica para a IMBEL, para o Exército, para a Segurança
Nacional do País, no sentido de estar preparada, com seus produtos e
serviços de alta tecnologia militar, a suprir as necessidades de
exercício, de fornecimento, e de mobilização das Forças Armadas do
Brasil.
3.5. FÁBRICA DE
MATERIAL DE COMUNICAÇÕES E ELETRÔNICA-FMCE (03)
3.5.1. A
Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica-FMCE, teve sua origem nos
idos de 1.931, nas oficinas do Serviço Telegráfico do Exército. A demanda
de material de comunicações crescia na medida em que evoluíam também, as
necessidades do Exército, obrigando-se a separação das ações de manutenção
e suprimento, daquela de fabricação. Assim, em 04 de Outubro de 1.939,
surgiu a Fábrica de Material de Transmissões, como organização
inteiramente fabril, desmembrando-se do Deposito Central de Material de
Transmissões e, atendendo às imposições semânticas modernas, recebeu
designação de Fábrica de Material de Comunicações (FMCom),
quando ainda não existiam industrias
capazes de fabricar equipamentos de rádio comunicações que
atendessem às exigências mínimas de robustecimento dos equipamentos
militares. A embrionária Fábrica, como Oficina de Serviço Telegráfico do
Exército, produzia a Estação Rádio Telegráfica M5, bem como à época, os
primeiros telefones de campanha. 3.5.2. Com a criação da INDÚSTRIA DE
MATERIAL BÉLICO DO BRASIL - IMBEL, pelo Governo Federal, em 1.975, o
capital inicial da Fábrica, foi representado pelo valor da incorporação
dos bens móveis e imóveis dos estabelecimentos fabris de material bélico
do Exército, transferido por atos do Poder Executivo. Dentro desse prisma,
a FMCom, foi extinta, através do DEC. 79659 de 05 de Maio de 1.977,
cedendo lugar à Fábrica Nº 04, Material de Comunicações, partir de
01 de Junho de 1.977. Em Dezembro de 1980, a Diretoria da IMBEL, criou por
transformação da Fábrica n.º 04, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
Tecnológico de Eletrônica e Telecomunicações CPDET. Pela Resolução
n.º12/01/84 - IMBEL, do Conselho de Administração da IMBEL, foi alterada,
a partir de 01 de Janeiro de 1.985, a denominação de Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento Tecnológico de Eletrônica e Telecomunicações-CPDET, para
Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica - FMCE. 3.5.3.
Destina-se a Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica, FMCE, à
produção de equipamentos de informática, de rádio e de telefonia, de
emprego militar, bem como a produção de equipamentos eletrônicos para
mísseis e sistema computadorizado de direção de tiro para Artilharia de
Campanha, além da pesquisa e desenvolvimento nos campos da eletrônica, da
mecânica e da informática. A avaliação em laboratório, de equipamentos
eletrônicos sujeitos às condições mecânicas e ambientais diversas, é uma
atividade extremamente importante que proporciona aos seus produtos, a
qualidade e resistências necessárias quando utilizados nas mais exigentes
atividades militares. O principal cliente da FMCE é o Exercito
Brasileiro. 3.5.4. A FÁBRICA DE MATERIAL DE COMUNICAÇÕES E ELETRÔNICA,
FMCE, no dia 04/10/2008 completa 69 (setenta e nove) anos, está
localizada na Rua Monsenhor Manoel Gomes, 520, Caju, Rio de Janeiro,
possui uma Área de 17.927 m2, e Área construída de 10.322 m2,
contendo os seguintes setores de produção: Linha de montagem de
equipamentos eletrônicos, Linha de montagem de SMD's, Linha de
montagem de Simuladores, Laboratórios eletrônicos, de telefonia, de
técnicas analógicas e digitais Oficinas mecânicas, tratamento superficial
e pintura. Assim a Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica, FMCE,
tem reconhecida a sua importância estratégica para a IMBEL, para o
Exército, para a Segurança Nacional do País, no sentido de estar
preparada, com seus produtos e serviços de alta tecnologia militar, a
suprir as necessidades de exercício, de fornecimento, e de mobilização das
Forças Armadas do Brasil.
4 - AS
PRINCIPAIS EMPRESAS DA INDÚSTRIA DE DEFESA
4.1. A Defesa
Nacional
Conforme já
mencionado acima, a indústria bélica nacional teve início com a
implantação da Real Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, em
13/05/1808, na cidade no Rio de Janeiro, por Decreto do Príncipe Regente,
D. João. Via de regra, no plano internacional, os países adquirentes de
produtos de defesa, somente realizam suas compras junto aos países
fornecedores, quando tais produtos, são testados e aprovados, pelas Forças
Armadas destes últimos. Não remanescem dúvidas que, no Brasil as
Forças Armadas sempre foram o maior cliente da indústria de defesa. As
Forças Armadas brasileiras são constituídas pelo Exército, Marinha e
Aeronáutica, a qual tem como missão o disposto no artigo 142 da
Constituição Federal, que está assim redigido: Art. 142. As Forças
Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem. §1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. (...)
A Lei Complementar nº. 97, de 09/09/1999, dispõe sobre a organização,
preparo e emprego das Forças Armadas. Porém, antes mesmo de qualquer
emprego da Forças Armadas, em eventual conflito fronteiriço com os países
vizinhos, ou mesmo em operações militares em territórios estrangeiros, na
se pode perder de vista, que o Brasil, tem por tradição, na resolução dos
conflitos e de seus interesses, a utilização da negociação, por intermédio
do competente corpo diplomático, que integra o Ministério das Relações
Exteriores, também conhecido como o Itamaraty.
4.2. A
Diplomacia Brasileira
4.2.1. Antes de
qualquer atividade militar vale destacar o que dispõe o artigo 4º, incisos
I e IV, da Constituição federal: Artigo 4º da Constituição
Federal. “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios”: I-independência nacional;
... IV-não intervenção; Quanto à independência nacional podemos dizer
que o Estado brasileiro deve realizar, via de regra, suas ações políticas
no plano internacional, de acordo com a sua soberana vontade. Tratando-se
de questões do seu subsolo, de fronteira, mar territorial, espaço aéreo,
não resta dúvida que o Governo tem o dever de proteger os direitos do
provo brasileiro, de forma soberana, utilizando-se de todos os meios
pacíficos, para eventual solução dos conflitos com os demais Estados. Para
tanto, deve pautar suas ações preferencialmente no plano negocial,
diplomático, sem, entretanto, deixar de considerar, eventuais ações
militares, notadamente, em questões de fronteira, como por exemplo, na
Amazônia Legal, no espaço aéreo, ou ainda no vasto mar territorial.
Todavia nem sempre é possível exercer a independência nacional. A título
de exemplo, podemos lembrar que a maioria dos paises pobres ou em
desenvolvimento, e mesmo os chamados emergentes, não dispõem de recursos
financeiros próprios e suficientes para atender suas necessidades básicas,
como saúde, saneamento básico, educação, alimentação, e assim> realizam
empréstimos junto à comunidade financeira internacional, ou mesmo perante
o Fundo Monetário Internacional, FMI. Essa condição, de país devedor, não
lhe retira a independência nacional e muito menos a soberania, porém, não
é preciso muito esforço para se concluir que o mesmo estará num plano
ligeiramente inferior perante as demais nações. Todavia quando o País
supera essa dificuldade, é restabelecida a confiança perante a comunidade
internacional, emergindo com maior força os sentimentos da sua
independência nacional. Recentemente o Governo brasileiro anunciou que
pelos recursos disponíveis no Tesouro Nacional, pelo desempenho da
economia, aliados aos saldos favoráveis na balança de suas exportações, o
Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor perante a comunidade
internacional. Quanto a Não-intervenção, podemos dizer que desde sua
independência, o Brasil sempre utilizou os meios diplomáticos para a
solução dos seus conflitos. Seja pela forma pacífica da resolução dos seus
conflitos, ou pela grandeza de seu território, o fato é que Brasil nunca
teve uma política de intervenção em outros Países, notadamente nos Estados
que fazem divisas com o Brasil. É bem verdade que o Brasil participou no
período imperial nas Guerras Platinas: em 1849, contra o Uruguai, para a
proteção do estado do Rio Grande do Sul; em 1852 contra a Argentina, para
a garantia de navegação nos rios Uruguai e Paraná; Guerra contra o
Paraguai, em 1865, país que tinha como objetivo ter um porto marítimo, e
livre trânsito no rio Paraguai, conquistando uma fatia dos territórios
argentinos e brasileiros. Já no período republicano, em virtude de
brasileiros que exploravam a borracha na região amazônica, e acabaram
fixando residência no território da Bolívia, que hoje conhecemos como o
Estado do Acre, a pós muitas negociações, no dia 17/11/1903, no Governo de
Rodrigues Alves, o Brasil e Bolívia assinaram o Tratado de Petrópolis: O
Brasil compra a região (do Estado do Acre) por 2 (dois) milhões de libras
esterlinas, e compromete-se a construir a estrada de ferro
Madeira-Mamoré, e a indenizar o Bolivian Syndicate com 110 mil
libras esterlinas.No ano seguinte o Acre é incorporado ao Brasil
como Território Federal.Mais tarde, isto é, em 1917, submarinos
alemães atacam navios brasileiros na Costa de Santa Catarina. O Brasil
declara estado de beligerância contra a Alemanha, participando da 1ª
Guerra Mundial, enviando uma unidade médica de aviadores para cooperar com
os ingleses no patrulhamento do Atlântico Sul. No ano de 1942 submarinos
alemães torpedeiam e afundam navios brasileiros, e o Brasil declara guerra
contra a Alemanha e Itália. É criada a Força Expedicionária
Brasileira, FEB, que segue para combate no território italiano, ao lado
das Forças Aliadas (EUA, Inglaterra). Embora o Brasil tenha participado de
diversos conflitos, não há evidencias de caráter intervencionista ou
expansionista, podendo no máximo ser caracterizado como atos ou ações, que
visaram proteger a defesa dos seus direitos, em decorrência das agressões
sofridas. Contudo não houve qualquer propósito deliberado de intervir nos
demais Estados.
4.3. A
Indústria de Defesa Nacional.
4.3.1. A
Indústria de material Bélico de Brasil-IMBEL. Reportamo-nos aos itens
anteriores, que são suficientes para demonstrar a importância dessa
estatal no setor de Defesa, notadamente, por ser a Fábrica Real de Pólvora
da Lagoa Rodrigo de Freitas, hoje, Fábrica da Estrela, a primeira
indústria de defesa no País, e que neste ano de 2008 completa 200
(duzentos) anos de fundação. 4.3.2. EMBRAER - Empresa Brasileira de
Aeronáutica S.A. (08). A EMBRAER foi fundada em 19 de agosto de
1969 pelo Decreto-Lei nº 770, como empresa de capital misto. A Embraer foi
privatizada em 07 de dezembro de 1994 e seu controle está em mãos
brasileiras. A Embraer-Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. é uma das
maiores empresas aeroespaciais do mundo, posição alcançada graças à busca
permanente e determinada da plena satisfação de seus clientes, tendo suas
instalações localizadas em São José dos Campos, SP. Com mais de 38 anos de
experiência em projeto, fabricação, comercialização e pós-venda, a Empresa
já produziu cerca de 4.100 aviões, que hoje operam em 69 países, nos cinco
continentes. A Embraer tem uma base global de clientes e importantes
parceiros de renome mundial, o que resulta em uma significativa
participação no mercado. A Embraer foi a maior exportadora brasileira
entre os anos de 1999 e 2001, e foi a segunda maior empresa exportadora
nos anos de 2002, 2003 e 2004. Atualmente sua força de trabalho totaliza
mais de 23.734 empregados, 88,2% baseados no Brasil e contribui para a
geração de mais de 5.000 empregos indiretos. As aeronaves de defesa
Embraer apresentam tecnologia avançada, de última geração, e excelente
desempenho de missão, atendendo, ao mesmo tempo, os requisitos
orçamentários de programas de defesa no mundo inteiro. Todas as aeronaves
de defesa primam pelos equipamentos eletrônicos de última geração, pela
confiabilidade e pelo alto índice de eficácia de missão. Aliado a isso,
aos baixos custos de aquisição e operação, se verá porque mais de 20
Forças Armadas no mundo inteiro confiam nos sistemas de defesa Embraer
para missões de vigilância, combate e treinamento. Não se pode perder de
vista, que fruto da alta tecnologia que hoje ostenta a Embraer, decorre da
alta capacitação dos seus engenheiros e técnicos, egressos do Instituto
Tecnológico da Aeronáutica, ITA, e do Centro Tecnológico da Aeronáutica,
CTA, ambos localizados em São José dos Campos. 4.3.3. AVIBRÁS
Aeroespacial S.A. (09). A AVIBRÁS é uma empresa brasileira, privada, de
engenharia, criada em 1961 e, que, ao longo de 45 anos, vem desenvolvendo
e produzindo sistema e materiais de alta tecnologia, atendendo as
necessidades específicas de cada cliente. Pioneira no Brasil no setor
aeroespacial, a AVIBRÁS alcançou significativo sucesso ao equipar as
Forças Armadas Brasileiras e nações amigas, com Sistemas de armas
avançadas. Em 1962, nasceu seu primeiro produto, direcionado à indústria
aeronáutica (o Falcão), uma aeronave para treinamento básico, fabricado
com materiais compostos. Mais tarde vieram os primeiros foguetes espaciais
do Brasil, com tecnologia e componentes desenvolvidos totalmente pela
AVIBRÁS, que contribuíram para a implantação do Programa Espacial
Brasileiro, sendo eles: o Sonda, o Sonda II e o Sonda II-C. Ainda no
nos anos 60, um novo ciclo surgiu na empresa, com o desenvolvimento e a
fabricação de materiais de defesa, que proporcionou o início das
atividades de exportação da empresa. A partir de 1980, a empresa passou a
desenvolver e produzir sistemas de artilharia de saturação de área, com
foguetes de diferentes calibres e com diversos tipos de cabeça, onde se
destaca o Sistema ASTROS (Artillery Saturation Rocket System), provado em
combate de grande sucesso e reconhecimento mundial. Outro Sistema de
alta tecnologia foi o equipamento FILA (Fighting Intruders at Low
Altitude), desenvolvido para controle e direção de tiro antiaéreo a baixa
altitude. Outro Projeto de alta tecnologia foi o desenvolvimento de
Antenas de 10 (dez) Metros de Diâmetro, e equipamentos associados para
comunicação, via satélite, especialmente fornecidos para o Sistema
Brasileiro de Comunicações Militares, via satélite. Neste período foi
iniciada a diversificação da empresa e abertura de outras possibilidades
comerciais para o mercado civil, com o desenvolvimento e fabricação de
produtos das áreas químicas, de explosivos, de transporte, de eletrônica,
de pintura eletroforética, e garantia de qualidade. A filosofia da empresa
foi fundamentada no desenvolvimento de novas tecnologias, que hoje
constituem o seu mais importante patrimônio, um acervo tecnológico de
valor inestimável. Neste ano de 2008, o Presidente o fundador da Avibrás,
e grande entusiasta da indústria de defesa no Brasil, o Engº. João Verdi
Carvalho Leite faleceu tragicamente, decorrente de um acidente, com a
queda de seu helicóptero, na região de Ubatuba, SP. 4.3.4. ENGESA
Engenheiros Especializados S.A. Um grupo de engenheiros da USP fundou
em 1958, uma microempresa que foi denominada de Engesa Engenheiros
Especializados S.A, com oito funcionários, incluídos os sócios, e se
destinava a prestar serviços de manutenção e fornecimento de peças
especiais para refinarias de petróleo, especialmente a Refinaria União, em
Capuava, SP. Esses serviços foram estendidos às refinarias da Petrobrás em
Cubatão, na Baixada Santista, no Estado de São Paulo, Duque de Caxias, RJ,
e no Recôncavo Baiano, Bahia. Em 1962 a ENGESA empregava 200 empregados e
encontrava dificuldades para transportar os seus produtos para as
Refinarias. Foi então quando os seus técnicos criaram um sistema mecânico
de suspensão, com eixo dianteiro motriz, denominado tração total, com
objetivo de equipar caminhões e utilitários nacionais, fosse em tráfego
urbano ou fora de estrada. Algumas dessas unidades foram cedidas para a
Petrobrás. O Exército tomou conhecimento dessas unidades, realizando
testes no campo de provas de Marambaia, no Rio de Janeiro. Após a
aprovação dos testes o Exército realizou encomendas das unidades, como
caminhões militarizados. Com este sistema, essas unidades transformaram-se
em um blindado sobre rodas, nascendo os denominados URUTU (transporte de
tropas anfíbio de 12 toneladas), o CASCAVEL (carro de reconhecimento e de
combate leve, dotado de canhão de 90 mm, e de 12 toneladas), o JARARACA
(correspondente a um jeep blindado, para reconhecimento, de 4 toneladas) e
o SUCURI (carro de combate leve, com canhão de 105 mm, , de 20 toneladas.
Em 1988, a Engesa produzia 50% (cinqüenta por cento) de todas as
viaturas blindadas sobre rodas do mundo ocidental, tendo, então,
exportado para mais de 18 países. Em 1984, a ENGESA desenvolve o projeto
do carro de combate mais audacioso, que concebia a mais alta tecnologia
militar, e seria o substituto dos carros de combate do Exército
Brasileiro, o denominado carro “OSÓRIO”. Na época, a Arábia Saudita
realizaria uma concorrência internacional para aquisição de 1000 (Mil)
carros de combates, e entre os países concorrentes, se encontravam, além
do Brasil, com a Engesa, os Estados Unidos da América, a União Soviética,
Inglaterra, França e Alemanha. Essa venda representaria para a empresa uma
venda correspondente a 300 carros, em valores estimados de 2,2 bilhões de
dólares norte americanos. Todavia, em 1990, o Governo Saudita solicitou ao
Governo Brasileiro, as respectivas garantias de “performance”, para a
operação de compra e venda, na medida que outro fornecedor brasileiro da
Arábia Saudita, a Avibrás, que fornecera os lançadores de foguetes, havia
pedido concordata no Brasil. Não tendo havido na época, por razões
diversas, o apoio necessário do Governo Collor, não foi concretizado o
negócio e, assim, a Engesa , em 1991, pediu a concordata, sufocada por
dívidas e do alto custo do projeto Osório. Durante a concordata houve uma
tentativa de recuperá-la, por intermédio de um Acordo financeiro entre a
Engesa, o BNDES e a estatal Imbel. Nesta operação, a Engesa ofereceu em
garantia à IMBEL, o seu Acervo Tecnológico, constituído de dispositivos,
ferramentas, marcas e patentes, dos carros blindados, à exceção do carro
Osório. Decorrido o tempo e não tendo a Engesa condições de cumprir
suas obrigações, foi declarada falida em 1993. Face às condições desse
Acordo, a Imbel, ajuizou pedido de restituição de mercadorias junto a
Massa Falida da Engesa, e uma vez, vencedora nas três instâncias no
Poder Judiciário, tornou-se proprietária deste Acervo Tecnológico, bem
como sobre as marcas e patentes da Engesa, cuja utilização serão definidas
em conjunto com o Exército Brasileiro, na medida em que a IMBEL, é
vinculada ao Ministério da Defesa, por intermédio do Comando do
Exército. 4.3.5. Engenharia de Projetos Navais-ENGEPRON. (10). A
Engenharia de Projetos Navais-ENGEPRON, é uma Empresa Pública Federal,
vinculada ao Ministério da Defesa, por intermédio do Comando da Marinha,
criada pela Lei nº 7.000, de 09/06/1982, com sede localizada no Rio de
Janeiro, e tem como finalidade, promover a Indústria Militar Naval
Brasileira, gerenciar projetos integrantes de programas aprovados pelo
Comando da Marinha, promover e executar atividades vinculadas à obtenção e
manutenção de material militar naval. A ENGEPRON atua no vasto espectro
tecnológico dos projetos de interesse da Marinha do Brasil (MB). Essa
atuação dá-se não apenas pela prestação de serviços de gerência de
projetos contratada pela MB, mas, também, pela comercialização e produtos
e serviços disponibilizados pelo setor naval da indústria da defesa
nacional, incluindo embarcações militares (projeto, construção e
modernização), reparos navais, sistemas de combate embarcados, munição de
artilharia, serviços oceanográficos e apoio logístico, entre outros. A
Fábrica de Munição Almirante Jurandyr da Costa Müller de Campos, FAJCMC,
subordinada à Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha, é gerenciada
desde 1996, pela ENGEPON, a qual opera integralmente suas atividades
industriais, administrativas e comerciais. A FAJCMC, dotada de moderna
infra-estrutura, produz toda a munição de médios e grossos calibres,
empregada pela Marinha do Brasil. As munições também são comercializadas
pela ENGEPRON para países da América do Sul, da África do Sul, e da Ásia.
A Linha de munição compreende 40 mm L/60, 40 mm L/70, 105 mm 101, obuseiro
105 mm Light Gun, L118 RO, 4,5”, 5,38” e 3”/50 para canhão naval, munição
de salva de 47mm e 105mm. A ENGEPRON participa da gerência da construção
da Corveta “Barroso”, que está em fase de conclusão no Arsenal da Marinha,
AMRJ. O navio foi concebido para defender áreas próximas e afastadas do
litoral, atuando em conjunto com outras unidades de superfície ou áreas,
em ambiente de múltiplas ameaças, com ênfase para o emprego em missões de
escolta às forças navais e comboios em áreas nas quais, ameaças aéreas, de
superfície ou submarinas sejam preponderantes. A partir de 1993, foi
atribuída pela Marinha do Brasil à ENGEPRON a gerência executiva da
modernização de seis Fragatas classe “NITERÓI” incorporadas entre 1973 e
1980. O projeto de modernização das Fragatas (MODFRAG) que teve a
Diretoria Geral do material da Marinha como coordenadora geral e Diretoria
de Sistemas de Armas da Marinha como executora, adotou como propósito, os
meios de Sistema de combate capaz de enfrentar de maneira eficaz, as
ameaças de guerra moderna e cumprir as tarefas previstas para essa classe
de navio visualizada no cenário sob responsabilidade da MB. A ENGEPRON
presta apoio à Marinha do Brasil na construção de submarinos. Para a
execução desses projetos de alto conteúdo tecnológico, a Empresa contribui
com a participação de 300 técnicos especializados, os quais atuam sob
coordenação direta do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. O submarino
“Tikuna” é o quarto submarino construído no Brasil e pode operar a
profundidades maiores que 200 m. Seu projeto é uma adaptação do projeto
alemão IKL 209 e traz diversas inovações tecnológicas concebidas por
engenheiros brasileiros, especialmente, na geração de energia no sistema
de direção de tiro e nos sensores. Dentre os países do Hemisfério Sul que
detém a capacitação tecnológica para construir submarinos, somente o
Brasil mantém atualmente um programa de construção em andamento. A
ENGEPRON presta apoio ao Centro Tecnológico em São Paulo, CTmSP, por
intermédio do emprego de recursos humanos especializados para o
desenvolvimento de dois grandes projetos da Marinha. O ciclo de
combustível e o Projeto do Laboratório de geração Elétrica (LABRAGE), que
visa ao desenvolvimento e a construção de uma Planta nuclear para geração
de energia elétrica. 4.3.6. Forjas TAURUS S.A. (11) No ano de 1939
nascia formalmente a Forjas Taurus Ltda., com capital inicial de 600
contos de réis, na Rua Câncio Gomes, bairro Floresta em Porto Alegre-RS,
Brasil. Foram encomendadas máquinas especiais da Alemanha quando a Segunda
Guerra começou. As compras foram suspensas, retardando o início da
produção. Como não existiam fornecedores no Brasil, passamos a
fabricar nossas próprias máquinas, a princípio, destinadas apenas ao
consumo interno. Mais tarde foram comercializadas para outras empresas.
Nova crise. Agora, o fornecimento de petróleo estava comprometido. Foram
construídos fornos de gaseificação. Faltou aço. Foram fabricados
produtos feitos com sucata de aço. Em seus mais de 60 anos, a inovaçã o
sempre foi a marca da Forjas Taurus. Hoje, exporta para mais de 70
países é uma das três maiores fabricantes mundiais de armas curtas.
Atualmente fabrica revólveres, pistolas, carabinas, armas de pressão e
armas policiais, para o mercado nacional e internacional, possuindo 1.700
funcionários. 4.3.7. CBC - Companhia Brasileira de Cartucho
(12). Características fundamentais e comuns às empresas que alcançaram
um sucesso estável. A CBC compartilha desse perfil. A evolução dos
seus produtos e, conseqüentemente, da sua marca, deve-se ao compromisso
dessa empresa de estar sempre inovando tecnologicamente e oferecendo
diferenciais importantes no atendimento, na qualidade e na busca
incessante da performance ideal de cada produto. Essa é a postura da
CBC desde sua fundação em 1926. As unidades de produção da CBC,
localizadas em Ribeirão Pires, SP, e em Montenegro, RS, estão entre as
mais modernas do mundo. Em Ribeirão Pires funcionam as Fábricas de
munições, a engenharia e administração da empresa. Grande parte do espaço
dessa unidade é coberta pela vegetação da Mata Atlântica nativa,
totalmente preservada. A unidade de Ribeirão Pires é o maior complexo
industrial voltado para a fabricação de munições do Hemisfério Sul. A
unidade de Montenegro, inaugurada em novembro de 2000, fica a 62 km de
Porto Alegre e produz cartuchos de caça e armas longas. A CBC fabrica uma
diversificada linha de produtos de uso civil, policial e militar, tais
como munições para ar mas curtas e longas, componente de munições,
espingardas e rifles com qualidade e desempenho reconhecidos
internacionalmente. Esses produtos são destinados às Forças Armadas,
instituições de Segurança Pública, empresas de segurança privada,
praticantes do esporte do tiro e da caça, além de empresas do setor
industrial. A qualidade e a diversidade de produtos fabricados pela CBC,
são as principais razões da sua credibilidade e do fato de a empresa
exportar cerca de 70% da sua produção para mais de 40 de países. Um
laboratório balístico totalmente informatizado, com uma das linhas de tiro
com 450 metros de comprimento, alvos eletrônicos e monitores
computadorizados, complementa a estrutura de produção da CBC. Essa
infra-estrutura é utilizada no desenvolvimento de novos produtos e na
realização do controle de qualidade das munições e das armas, que são
testadas de acordo com rígidas normas internacionais. As munições CBC são
homologadas pelo Campo de Provas da Marambaia, do Exército Brasileiro, no
Rio de Janeiro, pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica e pelo Banco de
Provas de Suhl, localizado na Alemanha. A confiabilidade dos produtos CBC
é o resultado da preocupação da empresa em fazer produtos de elevada
qualidade, de testá-los, de saber o grau de satisfação dos seus clientes e
de buscar a excelência em todos os aspectos, seja no produto, na sua
distribuição, no atendimento ou na diversificação dos itens fabricados.
Para suprir cada vez mais as necessidades de públicos diferentes, a CBC
ampliou sua área de atuação. Atualmente a empresa também possui uma linha
de coletes balísticos, além de sistemas de segurança pública de última
geração. São essas as ações que fazem a CBC uma empresa sólida e moderna,
inovadora e respeitada em nível mundial, e que trabalha para estar sempre
à frente, oferecendo os melhores produtos. 4.3.8. HELIBRÁS Helicópteros
do Brasil S.A. (13). Criada em 1978, em São José dos Campos - SP, e
inaugurada em 1980, em Itajubá-MG, a Helibras tem hoje como acionistas a
MGI Participações (pertencente ao Governo de Minas Gerais), o grupo
Bueninvest e o grupo Eurocopter. É responsável pela montagem, venda e
apoio pós-venda dos helicópteros da linha Eurocopter no país. Além da
fábrica de Itajubá, a Helibras mantém no Aeroporto Campo de Marte, em São
Paulo, um complexo de 3,8 mil m2 com área comercial, depósito de peças e
oficina que permite à empresa atender sua frota com maior eficiência. A
gama de produtos comercializados pela Helibras inclui desde o monoturbina
de 05 lugares até os biturbinas de mais de 30 assentos. Desde sua criação,
em 78, a Helibras já produziu e entregou ao mercado cerca de 500
helicópteros, entre eles 70% do modelo Esquilo. Aproximadamente 10% da
produção total é exportada para países latino-americanos, como Argentina,
Bolívia, Chile, México, Paraguai, Uruguai e Venezuela. A Helibras é uma
empresa brasileira que conta com capital estrangeiro. Emprega em média 250
funcionários altamente especializados e tem um faturamento líquido anual
superior a US$ 60 milhões. Dela dependem diretamente mais de 800 pessoas,
sem contar as empresas parceiras e os prestadores de serviço. 4.3.9.
Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança -
ABIMDE (14). A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE MATERIAIS DE
DEFESA E SEGURANÇA-ABIMDE, é uma associação civil, sem fins lucrativos,
organizada com base nos Artigos 218 e 219 e incisos XVII e XVIII do Artigo
5º da Constituição Federal da República Federativa do Brasil, com sede na
Cidade de São Paulo, constituída por prazo indeterminado, com atuação em
todo o território nacional, que tem por objetivo representar e defender os
interesses das empresas associadas, contribuindo na formulação de
políticas públicas para o Setor de Defesa, e para a criação e manutenção
de uma Base Industrial, Logística, Científica, Tecnológica & Inovação
Forte e Saudável, voltados para a Defesa, em consonância com os objetivos
da Soberania nacional e da Constituição Brasileira. Atualmente são as
seguintes empresas associadas: AGRALE SA, ATECH-FUNDAÇÃO DE APLICAÇÕES DE
TECNOLOGIA LTDA. ARES-AEROESPACIAL E DEFESA, AVIBRÁS INDÚSTRIA
AEROESPACIAL SA, BRASILSAT LTDA, BRAVIO - BRASIL AVIONICS INDÚSTRIA
COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, CBC COMPANHIA BRASILEIARA DE CARTUCHO, CONDOR SA
INÚSTRIA E COMÉRCIO, CORRETIVA COMERCIAL E DISTRIBUIDORA LTDA, D.F.
VASCONCELOS AS, DIANA PAOLUCCI SA, DSDD CONSUB SA, EMBRAER EMPRESA
BRASILEIA DE AERONÁUTICA SA, ENGEPRON ENGENHARIA DE PROJETOS NAVAIS,
EQUIPAER INDÚSTRIA AERONÁUTICA LTDA., ETR - INDÚSTRIA MECÂNICA
AEROESPACIAL LTDA., FORJAS TAUUS SA, GLÁGIO BRASIL LTDA., HELIBRÁS
HELICÓPTEROS DO BRASIL SA, HOBECO SUDAMERICANA LTDA., IBQ INDÚSTRIAS
QUÍMICAS LTDA., INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASIL-IMBEL, IMBRAFILTRO
INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FILTROS LTDA., INDIOS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE
PRODUTOS QUÍMICOS LTDA., LOGITEC ASSESSORIA EM LOGÍSTICA LTDA., MECTRON
ENGENHARIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO SA, OMINISYS ENGENHARIA LTDA., ORBITAT DA
AMAZÔNIA INDÚSTRIA E AERONIVELAMENTO SA, PATRULHA INDÚSTRIA COMÉRCIO DE
UNIFORMES E ARTIGOS ESPORTIVOS, PERISCÓPIO EQUIPAMENTOS OPTRÔNICOS LTDA.,
RJC DEFESA AEROESPACIAL LTDA., SCHIMID TELECOM BRASIL LTDA., SPACE IMAGING
DO BRASIL PRODUTOS E REPRESENTAÇÕES LTDA., STOPWER SISTEMA DE SEGURANÇA
LTDA., UNIMIL UNIFORMES MILITARES LTDA., UNIVERSAL IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO E
COMÉRCIO LTDA., VERTICAL DO PONTO INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PARAQUEDAS
LTDA., E WAR ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA. Estima-se que, incluindo as
empresas associadas à ABMDE, integram o Setor de Defesa, aproximadamente
300 (trezentas) empresas, que produzem e prestam serviços, com os mais
variados produtos, contribuindo para o fortalecimento deste importante
seguimento da atividade econômica nacional.
5. A INDÚSTRIA
DE DEFESA NO BRASIL
5.1. No Artigo
intitulado “Uma realidade brasileira - As exportações dos veículos
militares Engesa” (15), o pesquisador militar, Expedito Carlos Stephani
Bastos da Universidade Federal de Juiz de Fora, faz uma abordagem do que
representou as exportações da extinta empresa Engesa, cujo texto
reproduzimos em parte. Nas décadas de 1970 e 1980, o Brasil possuía uma
Indústria de material de defesa com grande capacidade produtiva e
acreditava-se que ela teria um belo futuro. Havia diversas empresas
produtoras de materiais voltados para atividade militar, desde uniformes a
carros de combate, de diversos tipos e modelos, concebidos em sua grande
maioria dentro de unidades militares voltadas para o estudo de projetos
até a fase de concepção dos protótipos, o que muito beneficiou as empresa
privadas brasileiras. Sem dúvida, a de maior êxito foi a Engesa
Engenheiros Especializados S.A., não desmerecendo as demais. Ela foi capaz
de absorver todo o estudo vindo da área militar e criar os principais
produtos militares (muitos deles exportados), de caminhões a blindados
sobre rodas como EE-9 Cascavel e o EE 11 Urutu. Seu corpo técnico era
extraordinário e estava à frente nas inovações e conceitos. Muitos são
empregados atualmente no exterior. O Grupo Engesa chegou a ter
11.000 empregados, desses, 600 eram técnicos, projetistas e engenheiros;
só a parte de engenharia de Pesquisas, Engepec, absorvia 220 deles. A
verdade é que a Engesa vendeu seus produtos a 18 países, além do Brasil.
Toda sua produção seriada, incluindo todos os modelos, desde jeeps,
caminhões e blindados sobre rodas, totaliza 6.818 unidades, número muito
inferior ao que era divulgado. Desses, o produto mais produzido e
exportado foi o Caminhão EE-25 4X4 e 6X6, que alcançou 2.416 unidades,
sendo o maior comprador Angola, que adquiriu 1.377, vindo a seguir,
Bolívia com 597 e o Brasil, com 254, além de Venezuela (54), Guiné (36),
Equador (35), Suriname (32), Colômbia (17), Gabão (7), Iraque (2) e
Paraguai (5). Na área de blindados sobre rodas, o maior sucesso de vendas
foi o EE-9 CASCAVEL, desenvolvido inicialmente no Parque regional de
Motomecanização da 2ª região Militar, PqRMM/2, em São Paulo., e cuja
produção total, incluindo todas as versões, alcançou a cifra de 1.738
unidades, das quais o maior comprador foi o Exército Brasileiro (409),
seguido de Líbia (400), Iraque (364), Colômbia (128), Chipre (124),
Chile (106), Zimbábue (90), Equador (32), Paraguai (28), Bolívia (24),
Uruguai (15), Gabão (12) e Suriname (6). Ele foi seguido do EE-11 URUTU,
cuja produção de todas as versões alcançou a cifra de 888 Unidades, destas
223 couberam ao Brasil (217 ao Exército e 6 à Marinha), 148 ao Iraque, 132
ao Emirados Árabes, 82 à Jordânia, 56 à Colômbia, 40 à Líbia, 38 à
Venezuela, 37 ao Chile, 32 ao Equador, 24 à Angola, 18 à Tunísia, 16 ao
Suriname, 12 à Bolívia, 12 ao Paraguai, 11 ao gabão e 7 ao Zimbábue. Esses
três itens representam a quase totalidade dos oitos produtos militares
Engesa produzidos em série, pois, totalizam 5.042, ficando o restante para
caminhões EE- 15 (640), EE-34 (434), EE-5- (271), Jeep EE-12 (368) e
Blindado 4X4 sobre rodas EE-3 Jaraca (63), único blindado de série não
usado pelo Exército Brasileiro. Vale salientar que a Engequímica, antiga
FEEA, Fábrica de Estojos e Espoletas de Artilharia, atual IMBEL FJF,
Fábrica de Juiz de Fora, quando sob administração do Grupo Engesa, na
década de 1980, produziu mais de milhão de munições 90 mm, a maioria para
a exportação. Só para o Iraque foram mais de 400 mil tiros. Com a falência
da Engesa em 1993 e os novos rumos tomados pelo mundo no pós-guerra Fria
(1989) e pós-guerra do Golfo (1991), conjugados ao grande acúmulo de
materiais de Defesa nos principais países produtores e exportadores, os
produtos brasileiros ficaram difíceis de serem vendidos, principalmente no
exterior. (...) 5.2. No Artigo intitulado “Resgate da Defesa” (16), de
Alberto Mawakdiye, faz uma abordagem da indústria nacional de defesa que
se organiza para retomar a produção, que já foi a quinta maior do mundo.
Os fabricantes nacionais, que já exportaram cerca de US$ 2 bilhões por
ano, querem voltar a crescer, criar empregos e estimular inovação
tecnológica, mas dependem do orçamento das Forças Armadas, cujo texto
reproduzimos em parte. As Forças Armadas Brasileiras nunca foram
especialmente bem-equipadas. Ainda assim, o País já teve a quinta maior
indústria de defesa do mundo. Em seu período mais áureo, no início dos
Anos 1980, o setor exportava cerca de US$2 bilhões por ano em carros de
combate, aviões, mísseis e armas leves. Mas sua receita despencou em 90%.
Hoje fatura no exterior apenas US$ 200 milhões, a maior parte com vendas
de armas leves e munições, produtos de menor valor agregado. O
encolhimento da indústria de defesa tem várias conseqüências negativas
para a economia nacional: perdem-se divisas e oportunidades de geração de
empregos e, principalmente, de estimular a inovação tecnológica. O setor
seria fortalecido se houvesse demanda das Forças Armadas brasileiras, que
nunca estiveram tão mal-equipadas quanto hoje, apesar de o mundo estar
evidentemente retomando a corrida armamentista. Nos últimos anos, o
orçamento militar brasileiro tem flutuado em torno de 1,8% do PIB, ficando
em R$ 32,3 bilhões em 2005, quando as Forças Armadas não compraram
praticamente nada da indústria nacional. Para se ter uma idéia da
insignificância desse valor, basta citar que o orçamento militar dos EUA
que em 2004, chegou a quase US$ 400 bilhões, descontadas as despesas com a
guerra contra o Iraque. No mesmo ano, o Brasil gastou R$ 28 bilhões, ou
pouco mais de US$ 13 bilhões. Para um País exportador de produtos de
conteúdo tecnológico médio, como o Brasil, imprescindível que a indústria
de defesa tenha uma sólida base no mercado interno, explica Carlos Eduardo
Pitta, gerente administrativo do Instituto Genius de tecnologia, que reúne
dezenas de empresas de informática e telecomunicações, entre as quais
algumas fornecedoras de equipamentos de uso militar. “É um seguimento no
qual a concorrência é maior, as inovações são mais lentas e as incertezas
do mercado, mais agudas”. O Comitê da Indústria de defesa (Condefesa) da
FIESP, que representa mais de um terço das cerca de 300 empresas
brasileiras sobreviventes da quebradeira dos anos de 1990, tem propostas
que poderiam resgatar o setor no médio prazo. Elaborou o projeto Compre
Brasil, de inspiração americana. A idéia é fazer com que as Forças Armadas
Brasileiras só comprem no exterior os equipamentos que o país não é capaz
de produzir. O Condefesa ainda quer a redução de alguns impostos e aumento
gradual dos gastos militares para até 3,5% do PIB (ou 67, 8 bilhões em
2005, valor maior que o total de repasses da União a todos os estados e
municípios no ano, que somou R$ 63,7 bilhões) e redução de alguns
impostos. Nos anos 80, o País foi vítima de uma conjunção perversa de
fatores geopolíticos e internos com um brutal erro de cálculo que atingiu
em cheio suas quatro grandes fabricantes militares, a ENGESA, (carros de
combate), a EMBRAER (aviões), A AVIRBRÁS (foguetes) e a IMBEL (armas e
munições), e arrastou também suas principais fornecedoras. Depois da
lua-de-mel com os governos militares (1964-1985), que alcançaram à
condição de palyer global, o setor sofreu nas mãos dos posteriores
governos civis, que passaram a reduzir investimento nas Forças Armadas. Na
década de 1980, o Brasil mergulhou em uma série crise econômica que só
agora parece arrefecer, mas também confluiu para a diminuição do
orçamento, a natural proximidade do setor com as Forças Armadas, que
saíram profundamente desgastadas do regime por elas instituído em 1964.
Destituídas do seu único cliente no mercado interno, que nas décadas de
1970 e 1980, mais de 90% dos equipamentos do Exército eram de origem
nacional, a indústria nacional deixou de ser auto-sustentável. A
falta de pedidos no mercado interno provocou o fechamento de mais de 30
empresas de médio porte do setor, assim como de todos os estaleiros (que
agora estão sendo reabertos para atender às demandas da Petrobrás), e
atrasou consideravelmente projetos promissores como o de submarinos e o de
modernização das comunicações. A queda nos investimentos levou a ENGESA à
falência e a AVIBRÁS, a produtora dos foguetes Astros 2, usados pos
quase todos os exércitos do Oriente médio nos anos 1980, a uma penosa
concordata, superada as duras penas com a conquista de novos mercados no
exterior. A IMBEL também patinou a ponto de cair e teve de diversificar as
atividades para sobreviver, começando a participar de obras de
infra-estrutura, por exemplo, por estatuto. Socorreu-se também com a
diversificação do portifólio externo. Já a EMBRAER, que produziu
extraordinários aviões militares nos decênios de 1970 e 1980, como os
Tucanos e o AMX, votou-se para aviação comercial depois da privatização,
um seguimento que responde hoje por mais de 70% de sua receita. Com
essa virada, a EMBRAER tornou-se umas das cinco maiores fabricantes de
aviões executivos e de médio porte do mundo. Mas não desenvolveu nenhum
novo projeto militar. A salvação é que a indústria de defesa no Brasil foi
desorganizada, por falta de investimento, mas não destruída. Três das
quatro grandes empresas da época douradas continuam em pé, e, a memória
dos projetos da ENGESA, ainda está viva, agora nas mãos da IMBEL. Mais do
que isso. Obrigadas a se refugiarem no mercado internacional, as empresas
sobreviventes acabaram por desenvolver uma tecnologia de médio conteúdo
tecnológico que está entre as mais avançadas do mundo. “Sem isso, não
teríamos a menor chance de concorrer com os países da Europa e os EUA, que
também produzem mísseis como os nossos”, diz João Verdi Carvalho Leite
(falecido em acidente em Fevereiro de 2008), Presidente e fundador da
Avibrás. Do mesmo modo a IMBEL acabou sofisticando sua produção de armas e
munições para se consolidar no mercado externo, que hoje responde por
cerca de metade de seu faturamento, de mais de R$ 60 milhões no ano
passado. Entre os principais mercados da IMBEL estão os próprios EUA, um
dos maiores produtores de armas do mundo. “Os americanos apreciam muito
nossa pistolas calibre 40 e 45”, diz Ubirajara D’Ambrosio, ex-Diretor da
IMBEL. (...) 5.3. No Congresso da Indústria, realizado nos dias
25 e 26 maio de 2006, Expo Transamérica, cujos resultados foram publicados
na Revista FIESP (l7), destaca-se o Título “Empresas de Defesa”, onde é
feita uma abordagem da alta tributação sobre a venda de materiais de uso
militar e restrições orçamentárias que colocam em risco a segurança
nacional, cujo texto reproduzimos em parte. Por suas dimensões
continentais, pela complexidade de sua sociedade e pelas imensas riquezas
que possui o Brasil não pode abrir mão de uma estrutura que garanta, em
última instância, a proteção de sua soberania e sua segurança. A extensão
da costa marítima e o espaço aéreo impõem adicionalmente uma atenção
especial para as questões relacionadas com a Defesa. A preocupação dos
Estados com as indústrias de defesa se manifesta por um aspecto
fundamental: o esforço de investimento. A indústria de defesa deve estar
atrelada a um orçamento determinativo e não meramente autorizador. Um
“Orçamento Consolidado de Defesa” seria a ferramenta de planejamento e
gestão adequada para priorizar e ordenar programas consistentes, de modo a
permitir o estabelecimento de prioridades e garantir a continuidade dos
recursos por um período longo. Além disso, tais recursos deveriam ser
caracterizados como investimento, e não como despesas, pois criam
empregos, desenvolvem a tecnologia nacional e ainda geram excedentes de
exportação superiores ao montante investido. Sem falar de sua contribuição
para a modernização das Forças Armadas e para o aumento de seu poder
dissuasório. As crônicas restrições orçamentárias para o Ministério da
Defesa têm reduzido drasticamente as encomendas das Forças Armadas às
empresas nacionais, ao ponto de se tornarem inexpressivas nos últimos anos
e virtualmente em 2005. As indústrias nacionais deixam assim de ser
reconhecidas no cenário internacional, uma vez que não fornecem seus
produtos sequer para as Forças Armadas do seu próprio País. A importação
de material estratégico ou de tecnologia crítica para a defesa nacional
torna o País vulnerável sob o ponto de vista militar e contribui para
minar os esforços de pesquisa e desenvolvimento de materiais e
equipamentos para fins militares. O Brasil figura, hoje, entre os cinco
maiores países do planeta detentores de riquezas naturais ou construídas.
A média de gastos anuais com a defesa desses cinco países, segundo o
Instituto Internacional de estudos Estratégicos de Londres e o Instituto
de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris, é de cerca de 3,5% do
PIB. O Brasil gasta, segundo estas fontes, a metade disto, cerca de 1,8%
do PIB. É imperativa a implementação de um Orçamento Determinativo e
Consolidado de Defesa, por força da Lei Complementar (art. 165, incisos I,
II e III, e seu § 9º, da Constituição Federal), com o objetivo de
estabelecer o seu valor em percentuais do PIB nacional; bem como a sua
destinação, também em percentual. Desse modo, ficaria garantido o fluxo de
recursos ao financiamento da pesquisa, inovação e desenvolvimento, como
elementos imprescindíveis ao progresso da indústria nacional de defesa. De
acordo com este objetivo, dever-se-ia buscar um aumento progressivo dos
gastos com as Forças Armadas até alcançar 3,5% do PIB. A distribuição
destes recursos deveria contemplar 40% para custeio, 35% para novas
aquisições de equipamentos e 25% para o desenvolvimento tecnológico. Para
exemplificar, o orçamento da defesa dos Estados unidos da América foi de
US$ 382,7 bilhões para o exercício de 2004, sem contar a guerra contra o
Iraque. Já o orçamento do Ministério da Defesa do Brasil foi estimado em
apenas R$ 28 bilhões para o exercício de 2004. Estão incidindo sobre os
produtos de defesa os seguintes impostos e contribuições: Imposto Sobre
Produtos Industrializados, IPI, Imposto de Circulação de Mercadorias e
Serviços, ICMS, Imposto Sobre Serviços, ISS, Programa de Integração
Social, PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social,
COFINS, Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, IRPJ e Contribuição Sobre o
lucro líquido, CSLL, além do Imposto de Importação, Taxa de Armazenagem.
Os países desenvolvidos têm como estratégia fomentar sua indústria de
defesa por meio de mecanismos tributários, seja elevando barreiras
aduaneiras, seja desonerando a produção, como já ocorreu no Brasil. O
sistema tributário atual, no entanto é desfavorável ao legítimo
crescimento deste setor da indústria nacional e favorece as empresas
estrangeiras, sob duas formas: a) A indústria brasileira é onerada
com a incidência de impostos e contribuições, como o IPI, COFINS,
PIS, IRPJ, e CSLL, que majoram o preço final em mais de 40%; b)A indústria
estrangeira tem acesso praticamente irrestrito ao mercado
nacional,enquanto a indústria nacional encara fortes restrições
aduaneiras no exterior. O Buy American Act, de 1930, por exemplo, Lei
protetora dos produtos norte-americanos, representa uma barreira
intransponível para o Setor Defesa Brasileiro que, além de estar sujeito à
acentuada carga tributária no Brasil, ainda enfrenta tarifas do mercado
norte-americano. No Brasil, os materiais de defesa são vendidos para o
Poder Público praticamente sem tarifas, o que representa uma aviltante
desigualdade para o produtor nacional. O modelo de isenção a ser vinculado
à produção de materiais de defesa deve se coadunar com políticas públicas
de desenvolvimento e segurança. Não nos parece plausível onerar
indistintamente um setor que tem, por força de lei, nos próprios Governos
federal, estaduais e Municipais seus grandes clientes. A diversificada
gama de isenção ou redução tributária aqui proposta, visa a viabilizar o
equipamento das Forças Armadas, Auxiliares e Guardas Municipais; a geração
de empregos em indústrias que fabricam produtos de defesa com alto valor
agregado; e inovação tecnológica, e a diminuição das despesas públicas.
Com o objetivo de viabilizar uma efetiva indústria de defesa, são
necessárias as seguintes medidas: substancial redução da carga fiscal
sobre a produção e a venda; e a tributação dos produtos estrangeiros na
exata proporção em que os produtos brasileiros sãos tributados (...) 5.4.
No Artigo intitulado “Base Industrial de Defesa” (18), o Diretor do
Departamento de Logística do Ministério da Defesa, o Major Brigadeiro do
Ar José Roberto Sheer faz uma abordagem sobre o tema ao Informe Defesa,
cujo texto reproduzimos. O Ministério da Defesa (MD) escolheu a expressão
Base Industrial de defesa (BID) para definir o aglomerado empresarial
público e privado que, fazendo parte do setor industrial brasileiro, é
dedicado à produção de bens e serviços de interesse da Defesa do País. As
indústrias de defesa da BID possuem uma destinação singular, permitindo
que sejam tratadas como um conjunto. Portanto, a Base abrange não só a
produção de bens, como também os serviços, incluindo a produção de
softwares. O MD entende, também, que a BID tem características próprias,
pois seus produtos não têm apenas o valor comercial, mas também são
fundamentais para a segurança do País, influindo diretamente nas
estratégias a serem adotadas para assegurar a soberania nacional, apoiar a
projeção do país no conceito internacional e, num contexto mais amplo,
contribuir para a consecução dos interesses nacionais. Segundo o Major
Brigadeiro do Ar, José Roberto Sheer, Diretor do Departamento de logística
do MD, as empresas da BID devem ser competitivas, mantendo em
funcionamento um conjunto otimizado de meios para assegurar a sua
sustentabilidade comercial em situação de normalidade. “Devem também
guardar a possibilidade de atender às necessidades do País em caso de
mobilidade nacional.” Segundo ele, para fazer frente a essas
características, uma saída adotada pelos demais países produtores são os
incentivos a exportação, buscando obter o máximo aproveitamento das
capacidades instaladas dessas indústrias. Com a finalidade de manter o MD
em conformidade com a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio
Exterior, foi aprovada, a Portaria nº 586/MD, referente a um conjunto de
ações estratégicas que vão contribuir para concretizar planos traçados na
Política Nacional da Indústria de Defesa (PNID), que tem como objetivo
geral o fortalecimento da indústria de defesa nacional. Essa política
formaliza ainda, o conceito de BID e o de Produto Estratégico de Defesa,
delegando ao Ministério da Defesa a elaboração da Relação de Produtos
Estratégicos de Defesa. Um dos objetivos que o MD pretende atingir com a
PNID é contribuir para que as Indústrias de Defesa possam manter-se em
constante atividade, por meio de fomento às demandas das Forças Armadas,
tendo em vista que aquelas dependem fundamente das aquisições de produtos
destas últimas para continuarem ativas. “É importante que o País apóie
essas empresas para que elas expandam suas exportações e busquem a
diversificação de seus produtos, valendo-se de itens de aplicação dual,
civil e militar e de fomento às exportações”, ressalta Sheer. 5.5. No
Artigo intitulado “O Renascimento da Indústria de Defesa” (19), da autoria
de Cláudio Camargo, é feita uma abordagem sobre o a indústria de defesa no
país, que antes do declínio era oitava no ranking mundial, volta à agenda
do desenvolvimento com a criação de uma Política Nacional de Defesa, cujo
texto reproduzimos em parte. O anúncio do Ministro da Defesa, Nelson
Jobim, de que o Governo vai priorizar a transferência de tecnologia para a
indústria de defesa nacional, aliada à liberação de financiamento para que
a Marinha conclua o projeto do submarino nuclear, mostra quanto mudou no
último ano a mentalidade oficial em relação às necessidades de se
reestruturar no País, esse seguimento industrial. Uma recente iniciativa
na compra de helicópteros militares revela que também o empresariado
percebeu a importância do setor. Há exatamente um ano, quando o Ministério
do Desenvolvimento negociava com a Rússia o fim do embargo à carne
brasileira, Moscou ofereceu ao Brasil, 40 helicópteros da Roboronexport,
da empresa que também fabrica os famosos caças supersônicos Sukhoi. Pelo
que chama usualmente de off-set, os helicópteros, Mi-35, de transporte, e
o Mi-171, de ataque, poderiam ser pagos com exportações brasileiras de
frango e suínos. O problema é que, além de não transferir tecnologia, essa
espécie de escambo nos obrigaria a comprar equipamento ultrapassado. Com o
apoio decisivo da FIESP, um grupo de empresários brasileiros conquistou a
adesão do Ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e sepultou a operação
escambo, abrindo novos horizontes para a nossa combalida indústria de
defesa. Em 29 de outubro de 2007, executivos de indústrias brasileiras e
francesas fecharam com o Governo Federal, um acordo para construir no
País, um parque para a fabricação de helicópteros militares de ponta. É
uma parceria entre a francesa Eurocopter, a maior indústria de
helicópteros do mundo, e a Helibrás, a única fabricante de helicópteros na
América Latina, que produz o modelo Esquilo, em Itajubá, MG. (...) O
Centro de Pesquisa da Marinha, em Aramar (SP), vai fabricar, a baixo custo
as pás das hélices em fibra de carbono. A Helibrás precisará construir uma
nova fábrica, um investimento de US$ 200 milhões, a ser financiado pelo
BNDES e bancos franceses. As Forças Armadas deverão se comprometer a
adquirir entre 40 e 60 aeronaves em dez anos, um negócio de US$ 1 bilhão.
A previsão é que em dois anos e meio o primeiro helicóptero militar
brasileiro seja entregue à FAB. O setor de defesa nacional conta com 300
empresas, que geram 5 mil empregos diretos e 30 mil indiretos. Apenas 25
delas exportam seus produtos. Em 2006, as vendas para o mercado externo
totalizaram US$ 600 milhões, num mercado de US$ 1,3 trilhão. “Nós
temos condições de fazer mais”, afirma o Vice-Presidente da Associação
Brasileira das Indústrias de Defesa, Almirante Carlos Afonso Pierantoni
Gambôa. O renascimento dessa indústria, que já foi a oitava no ranking
mundial, antes de decair e quase fechar as portas, ocorre no momento em
que as Forças Armadas brasileiras vivem uma situação-limite, como vem
lembrando o Presidente da Fiesp, Paulo Skaf. O Comandante do Exército,
General Enzo Martins Peri, alertou que 70% dos blindados da Força, estão
inoperantes e cerca de 80% deles têm mais de 30 trinta anos, alguns são da
década de 50. (...). Em parceria com a indústria nacional o Exército
adquiriu lotes-piloto para avaliar as viaturas leves e médias das empresas
Agrale, Volkswagen Caminhões e Troller. Há também quatro projetos para o
desenvolvimento de protótipos: radar de vigilância antiaérea SABER M60,
equipamento de visão noturna, míssil anticarro e substituição progressiva
do velho FAL (fuzil automático leve), 7.62 mm, de 40 anos, pelo Fuzil 5,56
mm, IMBEL MD97, desenvolvido pela estatal Indústria de Material Bélico,
(IMBEL) em Itajubá, MG. O Exército também vai renovar a frota de
blindados de transporte de tropas. A concorrência para a produção do
VBTP-MR, o URUTU 3, foi vencida pela IVECO, pertencente ao Grupo
Fiat. A FAB está engajada num projeto mais ambicioso de
reaparelhamento. Já chegaram seis dos 12 Mirage 2000 encomendados à Armée
de L’Air (Força Aérea Francesa), para substituir os velhos Mirage III de
Anápolis. Os outros seis chegarão em 2008. A FAB também já recebeu 50 dos
99 A-29 Super Tucanos, adquiridos da Embraer, e está modernizando 46 caças
supersônicos F-5. Em breve, o Ministério da Defesa deve retomar o
projeto FX, em novas bases, com previsão de adquirir entre 40 e 60 aviões
em 10 ou 15 anos. A Marinha, por sua vez, recebeu US$ 1 bilhão a ser gasto
nos próximos oito anos para a conclusão dos testes do reator para o
submarino nuclear no Centro de Pesquisas da Marinha, em Aramar (SP). Além
disso, a Armada deve reformar e construir fragatas, navios-patrulha e
helicópteros, comprar outro submarino diesel-elétrico, o alemão IKL ou o
francês Scóperne, e reformar os outros cinco da classe Tupi e TiKuna.
Outra condição para a recriação dessa indústria será a mudança da Lei de
Licitações, para se estabelecerem critérios que justifiquem o privilégio
da indústria nacional na aquisição de equipamentos militares. Hoje, a
lei determina a vitória pelo menor preço. Em recente entrevista, o
Ministro Nelson Jobim admitiu que, se essa mudança não for feita, a
“indústria de defesa nacional não vai existir nunca”. (...)
6-O EFETIVO E O
ORÇAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS DO BRASIL E DOS PAÍSES QUE INTEGRAM O
CONSELHO DE SEGURANÇA, A CORRIDA ARMAMENTISTA E REPRESENTAÇÃO
SINDICAL
6.1. O efetivo
e o orçamento das Forças Armadas dos Países que integram o Conselho de
Segurança da ONU.
A Costa Rica é
um país situado na América Central, com área de 51.000 Km2, com uma
população de 4.300.000 pessoas, sendo uma República Presidencialista.
Consta da história desse país, que em 1920 foi eleito como Presidente,
Júlio Acosta Garcia, que inaugurou um período de estabilidade política, e
a Costa Rica conquistou a reputação de um país democrático. Em 1941, é o
primeiro pais do continente americano a declarar guerra à Alemanha. A
anulação das eleições em 1948, vencidas Otílio Ulate, provoca uma guerra
civil, vencida pelas forças comandadas pelo socialista, José Figuéres
Ferrer, conhecido como dom Pepe. Sua vitória leva à elaboração de uma nova
Constituição, à abolição do Exército, e à posse de Ulate. Embora no mundo
possam eventualmente existir outros países, que tenham adotado atitude
semelhante à da Costa Rica, é fato que, este se trata de um caso
clássico e raro, na medida em que o Exército ou as Forças Armadas de um
país existem para proteger o território, o espaço aéreo e, em boa parte
dos países, o seu mar territorial. Ressalte-se que no Vaticano, localizado
em Roma, Itália, Sede da Igreja Católica, e residência oficial do Papa,
existe o Corpo de Guardas, formados por soldados suíços, que tem
como objetivo, guarnecer as cercanias da Santa Sé. Por obvio, não é e nem
poderia ser um Exército, mas é um corpo de segurança, necessário à
proteção do Papa e do território do Vaticano, que tem área equivalente com
menos de 1 (um) Km2, e população de 800 pessoas. E mesmo assim, no
Vaticano, no ano de 1982, o Papa João Paulo II, sofreu um atentado na
Praça da Catedral de São Pedro. Por outro lado os 5 (cinco) países que
compõem o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas,
ONU, têm potencial militar de alta capacidade dissuasória, para ser
empregada quando autorizado e aprovado pelo CS, em qualquer parte
do globo, contra eventuais países insurgentes que atuam em
desrespeito à ordem mundial. Todos os países integrantes do Conselho
de Segurança possuem também em seus domínios, a tecnologia completa para a
produção da energia nuclear para fins pacíficos, como a energia elétrica,
bem como a tecnologia para a produção de armas, artefatos e ogivas
nucleares, para fins militares. Integram o Conselho de Segurança da ONU,
os Estados Unidos, a China, a Rússia, a Grã-Bretanha, e a França. Os
Estados Unidos da América, entre todos os países do mundo, é o que tem o
maior orçamento de Defesa, no montante de US$ 400 bilhões, fixados para o
ano de 2004, para fazer frente às necessidades de suas Forças Armadas,
constituídas pelo Exército, 485.000, Marinha, 400.000, e Aeronáutica,
367.000, totalizando 1.252.000 integrantes efetivos, e que dispõem das
melhores e das mais modernas armas e equipamentos militares do mundo, para
proteger uma população de 297 milhões de pessoas, e o terceiro maior
território do planeta, constituído de 9.372.614 Km2. O PIB dos EUA é de
US$13, 794 Trilhões. (Fonte: Fundo Monetário Internacional e Organização
Mundial do Comércio). Não é por demais lembrar que no mundo de hoje o
maior efetivo das Forças Armadas, localiza-se na China, que teve em 2002,
um orçamento de Defesa fixado em US$ 48,4 bilhões e que se constitui pelo
Exército 1. 700.000, Marinha 250.000, Aeronáutica 400.000, totalizando
2.350.000 integrantes efetivos, para proteger uma população de
1.313.300.000 pessoas e o segundo maior território do planeta, constituído
de 9.572.900 Km2. O PIB da China é de US$ 3, 249 Trilhões (Fonte: Fundo
Monetário Internacional e Organização Mundial do Comércio). A Rússia, que
até 1988 integrava e liderava a extinta União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, URSS, tem suas Forças Armadas compostas pelo Exército,
321.000, Marinha, 155.000, Aeronáutica 184.600, totalizando 660.600
integrantes efetivos, para proteger uma população de 142.000.000 de
pessoas e o maior território do planeta, com 17.075.400 Km2. O orçamento
de Defesa em 2004 foi fixado em US$ 48 bilhões. O PIB da Rússia é de US$
1, 224 Trilhões (Fonte: Fundo Monetário Internacional e Organização
Mundial do Comércio). A Grã-Bretanha, também conhecida como Reino Unido,
tem suas Forças Armadas compostas pelo Exército, 116.700, Marinha,
42.400, Aeronáutica 53.600, totalizando 212.700 integrantes efetivos, para
proteger uma população de 59.400.000 de pessoas e um território com
244.100 Km2. O orçamento de Defesa em 2004 foi fixado em US$ 35,2 bilhões.
O PIB da Grã-Bretanha é de US$ 1 600 Trilhões (Fonte: Fundo Monetário
Internacional e Organização Mundial do Comércio). A França tem as suas
Forças Armadas compostas pelo Exército, 137.000, Marinha, 44.200,
Aeronáutica 60.000, totalizando 245.200 integrantes efetivos, para
proteger uma população de 60.400.000 de pessoas e um território com
543.965 Km2. O orçamento de Defesa em 2003 foi fixado em US$38 bilhões. O
PIB da França é de US$ 1 400 Trilhões (Fonte: Fundo Monetário
Internacional e Organização Mundial do Comércio).
6.2. O efetivo
e o orçamento das Forças Armadas do Brasil
As Forças
Armadas do Brasil são constituídas pelo Exército, 189.000, Marinha 48.600,
e Aeronáutica 81.700, totalizando 319.300 integrantes efetivos, para
proteger uma população de 185.000.000 de pessoas, e o quinto maior
território do planeta, constituído de 8.514.403 Km2. Todavia o orçamento
de Defesa para o exercício para 2004 foi fixado em R$ 28 bilhões,
equivalente ao câmbio de hoje, à aproximadamente US$ 16 bilhões. O PIB do
Brasil é de US$ 1, 295 Trilhões (Fonte: Fundo Monetário Internacional e
Organização Mundial do Comércio). O Brasil, por afirmação dos seus
sucessivos governantes, alimenta a esperança de integrar futuramente o
Conselho de Segurança da ONU, a exemplo dos EUA, China, Rússia,
Grã-Bretanha e França, por entender a sua importância estratégica
regional, na América do Sul e no Hemisfério Sul. Para alcançar tão
almejado posto, pensamos que o Brasil necessita atender a alguns
requisitos, que entre outros, destacamos: ter o apoio da maioria dos
países considerados emergentes, entre os quais, os países que integram o
chamado BRIC, (Brasil), Rússia, Índia e China; manter o regime
democrático de alternância de poder, com eleições livres e diretas; manter
a imprensa livre; ter uma economia que dê destaque no mercado
internacional; possuir um poderio militar nos padrões dos países do
Conselho de Segurança, com gasto em Defesa equivalente á 3,5% do seu PIB;
realizar missões militares no exterior, conforme solicitado pela ONU, e
aprovado pelo Congresso Brasileiro; e,para tanto, deverá possuir uma
indústria de defesa atuante que proporcione uma inovação tecnológica para
atender as necessidades das Forças Armadas brasileiras em território
brasileiro e no exterior, dentro do campo de influência do Brasil, na
geopolítica. Registre-se que o Japão e Alemanha, pelas importâncias de
suas economias no comercio mundial e pelo elevado grau de desenvolvimento
dessas nações, também desejam, a exemplo do Brasil, obter um assento
no Conselho de Segurança, na ONU. 6.3. Os desafios para a proteção do
Brasil. Pensamos, conforme vimos nas páginas anteriores, que os recursos
colocados a disposição das Forças Armadas Brasileiras, bem como o atual
estágio de obsolescência das armas e equipamentos militares, são
insuficientes para a sua atividade fim. Para que as Forças Armadas
possam realizar a proteção de um país continental, como é caso do Brasil,
que detém vasto espaço aéreo, que possui a maior reserva de água doce e a
maior floresta tropical do mundo, que é a Amazônia, um território rico em
jazidas minerais, a imensa costa marítima, onde se localizam os grandes
poços petrolíferos, que por suas reservas e tecnologia brasileiras de
prospecção em águas profundas, permitiu ao Brasil a auto-suficiência em
petróleo, aliado ao fato das recentes notícias da corrida armamentista na
América do Sul, liderado pela Venezuela, Colômbia e Equador, o Brasil
necessita repensar o orçamento da Forças Armadas, para que esta possa
cumprir seu mister. O incidente ocorrido em Fevereiro de 2008,
quando soldados do Exército da Colômbia, invadiram o território do
Equador, com intuito de reprimir as ações da Forças Revolucionárias da
Colômbia, FARC, facção terrorista ligada ao narcotráfico, ocasionou um
conflito entre os dois países. O Equador, de forma justa, alegou que a
invasão do Exército colombiano representava um ato de desrespeito à
soberania equatoriana, gerando, em conseqüência, tensão na América do Sul.
Esse fato obrigou a imediata convocação da Organização dos Estados
Americanos, OEA, para intervir, com o intuito de evitar uma guerra entre
os dois países, de conseqüências imprevisíveis. Posteriormente, depois de
superadas as hostilidades decorrentes, houve uma solução pacífica do
conflito, com o pedido formal de desculpas por parte do Governo
Colombiano, aceito Governo Equatoriano. O Brasil, não pode ficar
vulnerável aos recentes acontecimentos e precisa repensar, urgentemente,
no aprimoramento de suas tropas e modernização de suas armas e
equipamentos militares, de modo que as suas Forças Armadas possam estar em
condições de mobilização, de forma efetiva, para eventuais ações de
caráter dissuasório, se as condições assim se apresentarem.
6.3. A corrida
armamentista no Mundo
Sob o título
“China eleva gasto militar; EUA reagem”, Folha de São Paulo, Mundo, de
05/03/2007, (20) é apresentada a posição do Governo chinês para elevação
dos gastos com a Defesa, bem como o ranking dos gastos militares em 10
(dez países) pelo International Institute for Strategic Studies e
Departamento de Defesa dos EUA. A China irá aumentar em 17,8% seus gastos
militares em 2007, conforme anúncio do porta–voz do Congresso do Povo, o
Parlamento Chinês, Jiang Enzhu... Para Enzhu, o aumento de gastos com
defesa pela China, o maior dos últimos dez anos, se seguiu a vários anos
de baixos orçamentos e não deveria ser entendido como uma ameaça a outros
países. Nos anos recentes, a China aumentou regularmente os gastos com a
defesa, baseada em seu desenvolvimento econômico. A China não tem nem
condições nem a intenção de entrar na corrida armamentista com país nenhum
e não irá se constituir em uma ameaça a nenhum país. (...) Para Enzhu, o
gasto com defesa pela China é pequeno em relação aos dos EUA. Comparado
com outros países, especialmente com as maiores potências, o gasto da
China é relativamente baixo. A Administração Bush requisitou US$ 484
bilhões, para o Departamento de Defesa para o próximo ano fiscal. (...)
O mundo nos dias de hoje não é muito pacífico. E para manter a
estabilidade e a integridade territorial, devemos aumentar de forma
adequada os gastos, disse Liao Xilong, que coordena o Departamento de
Logística do Exército chinês. Mas suas afirmações não convenceram os EUA,
que têm criticado seguidamente os gastos militares chineses,
qualificando-os de opacos. O Diretor de Inteligência Nacional dos EUA,
John Negreponte, afirmou que não é o aumento dos gastos que preocupa
Washington, mas a falta de clareza da China quanto suas reais intenções
para aumentar os gastos. Vale lembrar que a China tem imensa fronteira com
a vizinha Rússia. Tem sob seu domínio desde 1959, o Tibet, país
montanhoso, com forte influência religiosa, cujo maior expoente é o líder
espiritual, Dalai Lama, que reside na Índia, e luta pela sua
independência. A China também está próxima do Japão, que é a segunda
economia mundial. Hoje, a China, com crescimentos recordes de 10% ao
ano é um forte concorrente do Japão no mercado internacional. Finalmente a
China, considera Taiwan, não como um pais que se tornou independente, pelo
líder Chiang Kai-shek desde 1949, data da Revolução Comunista da China,
liderada por outro líder, Mao Tse tung, mas sim, uma província
rebelde, que deve obediência e deve se submeter ao domínio chinês.
Talvez, sejam estas as razões estratégicas para a elevação com os gastos
de Defesa. O ranking, no ano de 2007, fixado em dólares norte americano
com gastos militares, apresentado pelo International Institute for
Strategic e o Departamento de Defesa dos EUA é o seguinte: 1º) EUA, 420,7;
2º) China, 62,5; 3º)Rússia, 61,9; 4º) Reino Unido, 51,1; 5º) Japão, 44,7;
6º) França, 41,6; 7º) Alemanha 30,2; 8º) Índia, 22; 9º) Arábia Saudita
21,3; e 10º) Coréia do Sul, 20,01. (Nota: Conforme mencionamos no 6.2,
acima, o Brasil teve gastos com a Defesa, fixados em 2004, no montante de
R$ 28 Bilhões, equivalente à US$ 16 Bilhões, portanto em posição inferior
ao décimo colocado supra que é Coréia do Sul).
6.4. A corrida
Armamentista na América do Sul
Sob o
título “Colômbia anuncia compras de US$ 3,6 bilhões em armas”, Folha de
São Paulo, Mundo, de 28/02/2007, (21) é apresentada a posição do Governo
Colombiano sobre tais aquisições. O Governo colombiano anunciou compras no
valor de US$ 3,6 bilhões em aviões militares e equipamentos técnicos, além
do aumento em 38.000 homens para as Forças Armadas, sendo 20.000 deles
para o reforço para polícia de segurança. O Ministro da defesa, Juan
Manuel Santos, explicou que os investimentos são para consolidar a
política de segurança democrática, lançadas pelo Presidente Álvaro Uribe
em 2002. Investimentos de US$ 8,2 bilhões para os próximos quatro anos
foram aprovados pelo Conselho Nacional de Política Econômica e Social.
Alem dos armamentos, o país investirá mais em serviço de inteligência. Não
vamos entrar em uma corrida armamentista como os nossos vizinhos, afirmou
Santo, quando perguntado sobre as compras da Venezuela. Sob o título
“Venezuela já supera Irã e Paquistão em novas armas”, Folha de São Paulo,
Mundo, de 26/02/2007, (22) é apresentado a posição do Governo Venezuelano
sobre tais aquisições. A encomenda de material bélico pela Venezuela, de
US$ 4,3 bilhões em dois anos, colocou o país como o maior comprador na
América Latina e o fez superar grandes importadores tradicionais, como o
Paquistão (US$ 3 bilhões) e o Irã (US$ 1,7 bilhões). Desde 2005, Caracas
encomendou 24 caças russos Sukhoi, 50 helicópteros de combate e 100.000
fuzis. Também está instalando em Maracay uma fábrica para a produção dos
fuzis russos Kalashnikov. Informantes venezuelanos argumentam que os
contratos são necessários para compensar a suspensão das vendas americanas
a Hugo Chaves, e fortalecer o país diante de uma potencial agressão dos
EUA. (...) Washington tentou paralisar nossa Força Aérea, disse o general
Alberto Muller Rojas assessor de Chaves, ao se referir ao embargo de
peças para os F-16. Os planos militares venezuelanos são em parte
responsáveis pela deterioração das relações com Washington. O Governo Bush
nega que queira invadir a Venezuela, sua grande fornecedora de petróleo.
Mas apoiou em 2002 o golpe de Estado que chegou por horas a desalojar
Chaves do poder. O crescimento em 12,5% das importações venezuelanas de
armas em 2006 é visto pelos americanos como potencialmente
desestabilizador para a América Latina e bem mais que o necessário para
equipar as Forças Armadas locais. Como se depreende, seja para manter a
estabilidade e a integridade territorial, como disse Liao Xilong, que
coordena o Departamento de Logística do Exército chinês, para justificar o
aumento de forma adequada os gastos, seja para consolidar a política de
segurança democrática, conforme afirmou o Ministro da Defesa, Juan Manuel
Santos, da Colômbia, ou, seja ainda, para compensar a suspensão das vendas
americanas a Hugo Chaves, e fortalecer o país diante de uma potencial
agressão dos EUA, como argumentam os Informantes venezuelanos, o fato é
que, a maioria dos países até aqui citados, tem
demonstrado o firme propósito de melhor equipar suas Forças Armadas
e deixá-las preparadas para eventual mobilização. O Brasil já tem definida
uma Política de Defesa Nacional, a qual foi aprovada pelo Decreto n°
5.484, de 30 de Junho de 2005, cujo texto, sugerimos a sua leitura, o
qual se encontra no Anexo II deste trabalho. Entretanto não está
definida a política governamental para o reequipamento e modernização de
suas Forças Armadas. Neste sentido foi divulgado pela imprensa no de
07 de Setembro de 2007, que Excelentíssimo Senhor Presidente da República
determinou ao Excelentíssimo Ministro de Estado da Defesa, que
apresentasse no dia 07 de Setembro de 2008, um Plano Nacional de
Recuperação e Modernização das Forças Armadas brasileiras, bem como a
regulamentação do Setor da Indústria de Defesa no País. Dessa forma
aguarda-se para 2008, a apresentação desse Plano, essencial para as
indústrias que compõem a indústria de DEFESA.
6.5. A
Representação dos empregados do Setor de DEFESA.
Como observamos
o setor de defesa nacional conta com 300 empresas, que geram 5 mil
empregos diretos e 30 mil indiretos, conforme mencionado no item 5.5.
acima. A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e
Segurança-Abimde, é uma associação que tem por objetivo representar e
defender os interesses das empresas associadas, contribuindo na formulação
de políticas públicas para o Setor de Defesa, e para a criação e
manutenção de uma Base Industrial, Logística, Científica, Tecnológica;
Inovação Forte e Saudável, voltados para a Defesa, em consonância com os
objetivos da Soberania nacional e da Constituição Brasileira. Sabemos
também da existência do Sindicato Nacional da Indústria de Defesa,
sindicato patronal, que pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho,
CLT, também representam a as empresas do Setor de Defesa. A nosso ver, os
empregados deveriam ser representados por sindicatos profissionais
correspondestes da categoria de Defesa, e não por Sindicatos dos
Metalúrgicos, Sindicatos dos Químicos e outros, como ocorre hoje. É
que os trabalhadores das indústrias químicas, metalúrgicas, negociam as
bases salariais, com os resultados do setor dos químicos e dos
metalúrgicos. Assim, se o setor farmacêutico, com grandes laboratórios, o
setor químico com grandes empresas, tem um bom desempenho durante o
exercício, a categoria profissional correspondente, terá
possibilidade de melhores salários. O mesmo raciocínio se aplica do setor
metalúrgico, que é capitaneada por grandes indústrias automobilísticas.
Ora, as 300 empresas do setor de Defesa, em tese, já estão representadas
pela ABIMDE ou pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Defesa.
(patronal). Porém 5 (cinco) mil empregados do setor não tem sindicato
profissional da categoria de defesa. Caso venha a existir tal sindicato, o
piso salarial da categoria e demais condições de trabalho a ser negociada,
por exemplo, deverá respeitar os resultados das indústrias do setor
defesa, que têm suas peculiaridades próprias, completamente diferentes dos
setores químico ou do setor metalúrgico. Assim se faz necessário o
aprofundamento de estudos por parte da ABIMDE ou do Sindicato Patronal
para corrigir tal distorção.
7.
CONCLUSÃO
Finalmente,
como pudemos verificar ao longo deste trabalho, é que a indústria da
Indústria de Defesa, exerce uma atividade complexa, que requer capacidade
e alta tecnologia dos seus agentes de produção, para desenvolverem os seus
produtos e serviços. O maior cliente é o Estado, por intermédio das Forças
Armadas, Forças Auxiliares, Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança
Pública. A dualidade da atividade é praticada pelas empresas, porém sua
efetividade nem sempre produz os efeitos desejados, na medida em que, para
que os produtos possam ter aceitação pelos clientes no exterior, é
necessário que as Forças Armadas Brasileiras, tenham testado e aprovado o
desempenho e segurança dos mesmos. Não se pode perder de vista, que a
utilização dos produtos militares, é realizada por jovens militares do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica de cada País, e assim, entre tantas
condições, tais como, produção, armazenagem e transporte dos produtos, o
item segurança, notadamente com componentes explosivos, é requisito
indispensável que obriga à todos, um empenho especial para sua
implementação e manutenção, de modo que, o produto final, possa ser
manuseado com a segurança necessária por todos os usuários da tropa. Entre
tantas sugestões possíveis para restabelecer a indústria de defesa de
defesa nacional, incluindo a desoneração fiscal, talvez o que mereceria a
atenção de todas as autoridades governamentais, para a solução definitiva,
quanto ao equilíbrio entre as necessidades das Forças Armadas e a oferta
de produtos de defesa, que atendam com regularidade tais necessidades, é a
fixação em Lei Orçamentária, de percentual, (3,5% do PIB) conforme
sugerido no Congresso da Indústria, realizado nos dias 25 e 26 maio de
2006, Expo Transamérica, mencionado no item 5.3, acima, destinadas ao
Ministério da Defesa, tal como ocorre com a Educação, que dispõe, por
exemplo, de 30% (trinta por cento) das receitas, que devem ser aplicadas
em educação, nos três níveis de governo. Isso possibilitaria às empresas a
planejarem sua produção para o Estado e, de forma dual, atender aos
mercados externo e civil. Com isso, estabilizando o setor de Defesa, as
300 empresas que integram esta atividade, sentir-se-iam encorajadas a
investirem em novas tecnologias de interesse militar, proporcionando novos
empregos e dotando as Forças Armadas com diversos itens nos padrões
aproximados dos países desenvolvidos, aliás, tal como se pretende, quando
se alimenta a esperança do Brasil poder integrar o Conselho de segurança
da ONU. Assim, por tudo que foi dito acima, graças à vinda da Família Real
de Portugal e ao Príncipe Regente D João, é que foi implanta em
13/05/1808, a primeira indústria de Defesa no Brasil, a Fábrica Real de
pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, marco inicial da produção bélica no
País, bem como, a criação do Banco do Brasil e da Imprensa Nacional, que
também comemoram o bi-cententenário neste ano de 2008. Hoje, completados
os 200 (duzentos) anos daquele ato, a data merece ser comemorada na sua
plenitude, por pesquisadores, diretores, empreendedores, colaboradores e
funcionários das 300 empresas que compõem o Setor de Defesa, não obstante,
os percalços e crises que ocorreram ao longo da história, e que se fez
perder, entre outras, uma das importantes empresas de defesa que o Brasil
já teve que foi a Engesa, que projetou o Brasil no exterior. Todavia,
empresas como Avibrás, a Embraer e a estatal Imbel, ainda permanecem como
ícones da indústria de defesa, que somadas as demais 300 integrantes do
setor, representam o que ainda temos de melhor, em área estratégica, que
serve às necessidades da Defesa Nacional. A missão da Indústria de Defesa
é atender às necessidades da Forças Armadas do País, pois ela representa o
seu maior e mais importante cliente. Por essa razão lembramos os
ensinamentos de um estrategista militar do Século V, AC, quando afirmou:
Conseqüentemente, se o Exército não tem bagagem e equipamentos pesados,
estará perdido; se não tem provisões, está perdido; se não tem estoques,
estará perdido. (Sun Tzu, in “A Arte da Guerra”) (23).
8 - Referências
bibliográficas
01- www.bb.com.br, em 28/03/2007; 02- www.in.gov.br, em 28/03/2007; 03- CD IMBEL, 1808/2003, The First
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Autora, Dellagnezze, René, Co-Autor, Recursos Hídricos: Aspectos
Jurídicos, Econômicos e Socioambientais. Vol. 2. Publicado em 2007, pela
Editora Alínea. São Paulo. INBN 978-85-7516 - (www.atomoalinea.com.br). (editora@atomoalinea.com.br) 05-Dellagnezze, René, Empresa Pública,
Cabral Editora e Livraria Universitária, Taubaté. Publicado em 2004, pela
Cabral Editora e Livraria Universitária. Taubaté-SP, ISBN 85-89550-35-4.
(cabraledit@ig.com.br); 06- www.imbel.gov.br, em 07/03/2008; 07-Sardinha,
Wanderlei Gomes, (Cel), O Diário do Soldado Constitucionalista, Editora
Gráfica Santa Tereza, Lorena, SP, 2004; 08- www.embraer.com.br, em 13/03/2008; 09- www.avibras.com.br, em 13/03/2008; 10- www.emgepron.mar.mil.gov.br, 13/03/2008; 11- www.taurus.com.br, em 13/03/2008; 12-www.cbc.com.br, em 13/03/2008; 13-
www.helibras.com.br, em 13/03/2008; 14- www.abimde.com.br, em 13/03/2008; 15- Bastos, Carlos Stephani ,Uma
Realidade Brasileira. As exportações dos veículos militares Engesa,
Artigo, publicado na Revista da Cultura, Ano VI, nº. 10, p. 36/41; 16-
Mawakdiye, Alberto, Resgate da Defesa, Artigo, publicado na Revista da
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Congresso da Indústria, Empresas de Defesa, realizado nos dias 25 e 26 de
maio de 2006, Expo Transamérica, publicado na Revista Fiesp; 18-
Scheer, José Roberto, Major-Brigadeiro do Ar, Base Industrial de Defesa:
Uma Preocupação Constante do Ministério da Defesa, Diretor do
Departamento de Logística do MD. Publicado no Informe Defesa, nº. 02, Ano
1, Abril/maio/junho de 206. Órgão de Comunicação do Social do MD, P
8/9; 19- Camargo, Cláudio, O Renascimento da Indústria de Defesa,
publicado na Revista da Indústria da FIESP, nº 135, Dez2007/ Jan2008, p.
42/47; 20- Redação, China eleva gasto militar; EUA reagem, Mundo, Folha
de São Paulo, edição de 05/03/2007, p. A6; 21- Redação, Colômbia
anuncia compras de US$ 3,6 bilhões em armas, Mundo, Folha de São Paulo,
edição de 28/02/2007, p. A14; 22- Redação, “Venezuela já supera Irã e
Paquistão em novas armas” Mundo, Folha de São Paulo, edição de 26/02/2007,
p. A12; 23- Tzu, Sun, e Pin, Sun, A Arte da Guerra, Tradução Ralph D.
Sawer e Ana Aguiar Cotrim, Martins Fontes, São Paulo, 2006,
p.90.
9 -
ANEXOS
ANEXO I LEI
N 6.227 - DE 14 DE JULHO DE 1975
Autoriza o
Poder Executivo a constituir uma empresa pública denominada Indústria de
Material Bélico do Brasil — IMBEL, e dá outras providências. O
Presidente da República, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a
constituir uma empresa pública, na conformidade do inciso II, do artigo
5º, do Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 900, de 29 de setembro de 1969, denominada Indústria de
Material Bélico do Brasil — IMBEL, vinculada ao Ministério do
Exército. Parágrafo único. A IMBEL terá sede na Capital
Federal. Art. 2º A IMBEL que desenvolverá suas atividades no setor de
material bélico, com estrita observância das Políticas e Programas do
Governo Federal e das diretrizes fixadas pelo Ministro do Exército, tem
por objetivo: I — colaborar no planejamento e fabricação de material
bélico pela transferência de tecnologia, incentivo à implantação de novas
indústrias e prestação de assistência técnica e financeira; II —
promover, com base na iniciativa privada, a implantação e desenvolvimento
da indústria de material bélico de interesse do Exército; III —
administrar industrial e comercialmente seu próprio parque de material
bélico por força de contingência de pioneirismo, conveniência
administrativa ou no interesse da segurança nacional; IV - promover o
desenvolvimento e a execução de outras atividades relacionadas com a sua
finalidade. Parágrafo único. A IMBEL poderá criar subsidiárias e
participar do capital de outras empresas que exerçam atividades
relacionadas com a indústria de material bélico. Art. 3º O capital
inicial da IMBEL será representado pelo valor da incorporação dos bens
móveis e imóveis dos estabelecimentos fabris de material bélico do
Exército e direitos a eles relativos, transferidos por ato do Poder
Executivo ou em decorrência da absorção a que se refere a alínea II, do
artigo 4º, cujo plano, para efeito de novas absorções, poderá ser
alterado, a qualquer tempo, por ato do Ministro do Exército. § 1º O
capital da IMBEL será aumentado: I — pela incorporação dos seguintes
recursos da União: a) dotações orçamentárias e créditos
adicionais; b) valores representados por Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional ou por outros títulos da divida pública interna; II —
pela incorporação de bens móveis e imóveis originários de pessoas
jurídicas de direito público interno e direitos a eles relativos, bem como
de entidades da Administração Indireta da União, Distrito Federal, Estados
e Municípios e de Fundos Especiais que estas entidades administrem; III
— pela incorporação de reservas ou fundos disponíveis da empresa; IV —
pela reavaliação do ativo móvel ou imóvel; V — pelas
desapropriações de bens. § 2º Os recursos e bens da União ou do
Distrito Federal, de que tratam as alíneas I e II, do parágrafo anterior,
serão transferidos à IMBEL: I — os imóveis, por ato autorizativo do
competente Poder Executivo; II— os móveis, por contrato; III— os
títulos a que se refere a letra b da alínea I, do § 1º, em obediência à
legislação que lhes é aplicável e, quando for o caso, por contrato
assinado com os órgãos ou entidades competentes; IV— os bens e recursos
das entidades da Administração Indireta da União e do Distrito Federal e
os de suas Fundações criadas por lei, serão transferidos a IMBEL, mediante
assinatura de contrato e os dos Estados e Municípios em obediência à
legislação própria. Art. 4º O Presidente da República designará, por
indicação do Ministro do Exército, o representante da União nos atos
constitutivos da IMBEL, que compreendem: I — aprovação pelo Presidente
da República dos Estatutos da IMBEL, encaminhados no prazo de 90 (noventa)
dias após a vigência desta Lei pelo Ministro do Exército; II—
arrolamento e avaliação dos bens e direitos dos estabelecimentos fabris de
Material Bélico do Exército, pertencentes à União e elaboração do Plano de
Absorção Gradativa desses estabelecimentos, executados por comissões
especialmente designadas pelo Ministro do Exército, e por ele
aprovados. Art. 5º Os Estatutos da IMBEL, que poderão ser
alterados por decreto do Presidente da República, ouvido o Ministro do
Exército ou por proposta deste, admitirão como participantes do seu
capital: I — pessoas jurídicas de direito público interno; II —
entidades da Administração Indireta da União, Distrito Federal, Estados e
Municípios. Art. 6º O Presidente e Diretores da IMBEL serão nomeados
pelo Presidente da República. Art. 7º Constituem recursos da
IMBEL: I — a venda de produtos; II — os rendimentos decorrentes de
sua participação em outras empresas; III — o produto de operações de
crédito, juros e venda de bens patrimoniais ou de materiais
inservíveis; IV — os recursos recebidos como retribuição pela prestação
de assistência técnica especializada ou administrativa; V — as dotações
orçamentárias e créditos adicionais da União, Distrito Federal, Estados e
Municípios; VI — os recursos provenientes de outras fontes. Art. 8º
As atividades executivas da IMBEL, bem como de suas subsidiárias, serão
objeto, sempre que possível; de realização indireta, desde que exista na
área de atividade, iniciativa privada capacitada a desenvolver os encargos
de execução. Art. 9º O Ministério do Exército e quaisquer órgãos e
entidades da Administração Direta ou Indireta Federal, Estadual, Municipal
e do Distrito Federal, darão prioridade à utilização dos produtos e
serviços da IMBEL. Art. 10. O pessoal da IMBEL reger-se-á pela
legislação trabalhista. Art. 11. Os Oficiais dos Quadros de Engenheiros
das Forças Armadas, em exercício na IMBEL, são considerados como em
serviço de natureza militar. Art 12. O pessoal da IMBEL, ou a seu
serviço, é obrigado a manter absoluto sigilo quanto aos trabalhos, tarefas
e assuntos que cheguem ao seu conhecimento, em razão de sua atividade na
empresa. Art. 13. A representação da IMBEL, em juízo e fora dele,
incumbe ao Presidente, que poderá constituir mandatários. Art. 14. A
IMBEL fica autorizada a promover desapropriações, nos termos da legislação
em vigor. Art. 15. As transferências do domínio dos bens imóveis, a que
se referem a alínea II, do § 1º, do artigo 3º, e a alínea II. do artigo
4º, ocorrerão mediante simples menção na nova transcrição nos livros de
registro dos ofícios privativos (SPU) ou nos Cartórios de Registro de
Imóveis, de que os dados, características e confrontações são os mesmos
constantes da transcrição anterior, devendo o funcionário, ou o oficial do
Cartório, fazer o competente registro em nome da indústria de Material
Bélico do Brasil — IMBEL. Parágrafo único. Constituem instrumentos
competentes para operar as transferências de que trata este artigo, os
atos a que se refere a alínea II, do artigo 4º ou, no caso dos imóveis de
que trata a alínea II, do § 1º, do artigo 3º, as respectivas relações
indicativas, organizadas pela IMBEL, e aprovadas pelo Ministro do
Exército. Art. 16. Fica ó Poder Executivo autorizado a, quando julgar
oportuno transformar a Empresa Pública IMBEL em Sociedade de Economia
Mista, assim definida pela legislação pertinente, não se lhe aplicando os
requisitos do artigo 38 e do parágrafo único do artigo 81, do Decreto-Lei
n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, assim como as exigências do § 5º, do
artigo 45, da Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965. Para esse fim a
sociedade: I — manterá a mesma denominação da empresa pública criada
por esta Lei da qual será a sucessora para todos os fins de direito; II
— terá por fim e objeto o desempenho das atividades exercidas pela empresa
pública à qual sucederá; III — estabelecerá que a participação inicial
da União no capital da Sociedade de Economia Mista a que se refere este
artigo será representada pelo ativo líquido da empresa pública criada por
esta Lei. § 1º Os Estatutos da Sociedade de Economia Mista, cuja
criação é autorizada por esta Lei, serão aprovados por decreto do
Presidente da República. § 2º Os Estatutos da Sociedade de Economia
Mista serão arquivados no competente Registro do Comércio e Atividades
Afins e as alterações subseqüentes necessárias serão decididas e
processadas de acordo com o que dispõe a Lei das Sociedades
Anônimas. Art. 17. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir um crédito
especial até o valor de Cr$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de
cruzeiros), destinado ao atendimento das despesas com implantação e início
de operações da IMBEL. Parágrafo único. Os recursos necessários para
ocorrer à despesa autorizada neste artigo serão resultantes da anulação de
dotações orçamentárias, na forma do item III, do § 1º, do artigo 43, da
Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Art. 18. Esta Lei entrará em
vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário. Ernesto Geisel — Presidente da República. Sylvio
Frota. Mário Henrique Simonsen. João Paulo dos Reis
Velloso.
ANEXO
II DECRETO Nº 5.484, DE 30 DE JUNHO DE 2005
Aprova a
Política de Defesa Nacional, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA
REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alínea "a", da Constituição, DECRETA: Art. 1o Fica aprovada a
Política de Defesa Nacional anexa a este Decreto. Art. 2o Os
órgãos e entidades da administração pública federal deverão
considerar, em seus planejamentos, ações que concorram para fortalecer a
Defesa Nacional. Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de
sua publicação. Brasília, 30 de junho de 2005; 184o da Independência e
117o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA José Alencar Gomes da
Silva Jorge Armando Felix
POLÍTICA
DE DEFESA NACIONAL INTRODUÇÃO
A Política de
Defesa Nacional voltada, preponderantemente, para ameaças externas, é o
documento condicionante de mais alto nível do planejamento de defesa e tem
por finalidade estabelecer objetivos e diretrizes para o preparo e o
emprego da capacitação nacional, com o envolvimento dos setores militar e
civil, em todas as esferas do Poder Nacional. O Ministério da Defesa
coordena as ações necessárias à Defesa Nacional. Esta publicação é
composta por uma parte política, que contempla os conceitos, os ambientes
internacional e nacional e os objetivos da defesa. Outra parte, de
estratégia, engloba as orientações e diretrizes. A Política de Defesa
Nacional, tema de interesse de todos os segmentos da sociedade brasileira,
tem como premissas os fundamentos, objetivos e princípios dispostos na
Constituição Federal e encontra-se em consonância com as orientações
governamentais e a política externa do País, a qual se fundamenta na busca
da solução pacífica das controvérsias e no fortalecimento da paz e da
segurança internacionais. Após um longo período sem que o Brasil participe
de conflitos que afetem diretamente o território nacional, a percepção das
ameaças está desvanecida para muitos brasileiros. Porém, é imprudente
imaginar que um país com o potencial do Brasil não tenha disputas ou
antagonismos ao buscar alcançar seus legítimos interesses. Um dos
propósitos da Política de Defesa Nacional é conscientizar todos os
segmentos da sociedade brasileira de que a defesa da Nação é um dever de
todos os brasileiros.
1. O ESTADO, A
SEGURANÇA E A DEFESA
1.1 O Estado
tem como pressupostos básicos o território, o povo, leis e governo
próprios e independência nas relações externas. Ele detém o monopólio
legítimo dos meios de coerção para fazer valer a lei e a ordem,
estabelecidas democraticamente, provendo-lhes, também, a segurança. 1.2
Nos primórdios, a segurança era vista somente pelo ângulo da confrontação
entre Estados, ou seja, da necessidade básica de defesa externa. À medida
que as sociedades se desenvolveram, novas exigências foram agregadas, além
da ameaça de ataques externos. 1.3 Gradualmente, o conceito de
segurança foi ampliado, abrangendo os campos político, militar, econômico,
social, ambiental e outros. Entretanto, a defesa externa permanece como
papel primordial das Forças Armadas no âmbito interestatal. As medidas que
visam à segurança são de largo espectro, envolvendo, além da defesa
externa: defesa civil; segurança pública; políticas econômicas, de saúde,
educacionais, ambientais e outras áreas, muitas das quais não são tratadas
por meio dos instrumentos político-militares. Cabe considerar que a
segurança pode ser enfocada a partir do indivíduo, da sociedade e do
Estado, do que resultam definições com diferentes perspectivas. A
segurança, em linhas gerais, é a condição em que o Estado, a sociedade ou
os indivíduos não se sentem expostos a riscos ou ameaças, enquanto que
defesa é ação efetiva para se obter ou manter o grau de segurança
desejado. Especialistas convocados pela Organização das Nações Unidas
(ONU) em Tashkent, no ano de 1990, definiram a segurança como "uma
condição pela qual os Estados consideram que não existe perigo de uma
agressão militar, pressões políticas ou coerção econômica, de maneira que
podem dedicar-se livremente a seu próprio desenvolvimento e
progresso". 1.4 Para efeito da Política de Defesa Nacional, são
adotados os seguintes conceitos: I - Segurança é a condição que permite
ao País a preservação da soberania e da integridade territorial, a
realização dos seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças de
qualquer natureza, e a garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e
deveres constitucionais; II - Defesa Nacional é o conjunto de medidas e
ações do Estado, com ênfase na expressão militar, para a defesa do
território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças
preponderantemente externas, potenciais ou manifestas.
2. O AMBIENTE
INTERNACIONAL
2.1 O mundo
vive desafios mais complexos do que os enfrentados durante o período
passado de confrontação ideológica bipolar. O fim da Guerra Fria reduziu o
grau de previsibilidade das relações internacionais vigentes desde a 2ª
Guerra Mundial. Nesse ambiente, é pouco provável um conflito generalizado
entre Estados. Entretanto, renovaram-se no mundo conflitos de caráter
étnico e religioso, a exacerbação de nacionalismos e a fragmentação de
Estados, com um vigor que ameaça a ordem mundial. Neste século, poderão
ser intensificadas disputas por áreas marítimas, pelo domínio aeroespacial
e por fontes de água doce e de energia, cada vez mais escassas. Tais
questões poderão levar a ingerências em assuntos internos, configurando
quadros de conflito. Com a ocupação dos últimos espaços terrestres, as
fronteiras continuarão a ser motivo de litígios internacionais. 2.2 O
fenômeno da globalização, caracterizado pela interdependência crescente
dos países, pela revolução tecnológica e pela expansão do comércio
internacional e dos fluxos de capitais, resultou em avanços para uma parte
da humanidade. Paralelamente, a criação de blocos econômicos tem resultado
em arranjos competitivos. Para os países em desenvolvimento, o desafio é o
de uma inserção positiva no mercado mundial. Nesse processo, as economias
nacionais tornaram-se mais vulneráveis às crises ocasionadas pela
instabilidade econômica e financeira em todo o mundo. A crescente exclusão
de parcela significativa da população mundial dos processos de produção,
consumo e acesso à informação constitui fonte potencial de
conflitos. 2.3 A configuração da ordem internacional baseada na
unipolaridade no campo militar associada às assimetrias de poder produz
tensões e instabilidades indesejáveis para a paz. A prevalência do
multilateralismo e o fortalecimento dos princípios consagrados pelo
direito internacional como a soberania, a não-intervenção e a igualdade
entre os Estados, são promotores de um mundo mais estável, voltado para o
desenvolvimento e bem estar da humanidade. 2.4 A questão ambiental
permanece como uma das preocupações da humanidade. Países detentores de
grande biodiversidade, enormes reservas de recursos naturais e imensas
áreas para serem incorporadas ao sistema produtivo podem tornar-se objeto
de interesse internacional. 2.5 Os avanços da tecnologia da informação,
a utilização de satélites, o sensoriamento eletrônico e inúmeros outros
aperfeiçoamentos tecnológicos trouxeram maior eficiência aos sistemas
administrativos e militares, sobretudo nos países que dedicam maiores
recursos financeiros à Defesa. Em conseqüência, criaram-se
vulnerabilidades que poderão ser exploradas, com o objetivo de
inviabilizar o uso dos nossos sistemas ou facilitar a interferência à
distância. 2.6 Atualmente, atores não-estatais, novas ameaças e a
contraposição entre o nacionalismo e o transnacionalismo permeiam as
relações internacionais e os arranjos de segurança dos Estados. Os delitos
transnacionais de natureza variada e o terrorismo internacional são
ameaças à paz, à segurança e à ordem democrática, normalmente, enfrentadas
com os instrumentos de inteligência e de segurança dos
Estados.
3. O AMBIENTE
REGIONAL E O ENTORNO ESTRATÉGICO
3.1 O
subcontinente da América do Sul é o ambiente regional no qual o Brasil se
insere. Buscando aprofundar seus laços de cooperação, o País visualiza um
entorno estratégico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a
projeção pela fronteira do Atlântico Sul e os países lindeiros da
África. 3.2 A América do Sul, distante dos principais focos mundiais de
tensão e livre de armas nucleares, é considerada uma região relativamente
pacífica. Além disso, processos de consolidação democrática e de
integração regional tendem a aumentar a confiabilidade regional e a
solução negociada dos conflitos. 3.3 Entre os processos que contribuem
para reduzir a possibilidade de conflitos no entorno estratégico,
destacam-se: o fortalecimento do processo de integração, a partir do
MERCOSUL, da Comunidade Andina de Nações e da Comunidade Sul Americana de
Nações; o estreito relacionamento entre os países amazônicos, no âmbito da
Organização do Tratado de Cooperação Amazônica; a intensificação da
cooperação e do comércio com países africanos, facilitada pelos laços
étnicos e culturais; e a consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do
Atlântico Sul. A ampliação e a modernização da infra-estrutura da América
do Sul podem concretizar a ligação entre seus centros produtivos e os dois
oceanos, facilitando o desenvolvimento e a integração. 3.4 A segurança
de um país é afetada pelo grau de instabilidade da região onde está
inserido. Assim, é desejável que ocorram: o consenso; a harmonia política;
e a convergência de ações entre os países vizinhos, visando lograr a
redução da criminalidade transnacional, na busca de melhores condições
para o desenvolvimento econômico e social que tornarão a região mais coesa
e mais forte. 3.5 A existência de zonas de instabilidade e de ilícitos
transnacionais pode provocar o transbordamento de conflitos para outros
países da América do Sul. A persistência desses focos de incertezas impõe
que a defesa do Estado seja vista com prioridade, para preservar os
interesses nacionais, a soberania e a independência. 3.6 Como
conseqüência de sua situação geopolítica, é importante para o Brasil que
se aprofunde o processo de desenvolvimento integrado e harmônico da
América do Sul, o que se estende, naturalmente, à área de defesa e
segurança regionais.
4. O
BRASIL
4.1 O perfil
brasileiro – ao mesmo tempo continental e marítimo, equatorial, tropical e
subtropical, de longa fronteira terrestre com a quase totalidade dos
países sul-americanos e de extenso litoral e águas jurisdicionais –
confere ao País profundidade geoestratégica e torna complexa a tarefa do
planejamento geral de defesa. Dessa maneira, a diversificada fisiografia
nacional conforma cenários diferenciados que, em termos de defesa,
demandam, ao mesmo tempo, política geral e abordagem específica para cada
caso. 4.2 A vertente continental brasileira contempla complexa
variedade fisiográfica, que pode ser sintetizada em cinco
macro-regiões. 4.3 O planejamento da defesa inclui todas as regiões e,
em particular, as áreas vitais onde se encontra maior concentração de
poder político e econômico. Complementarmente, prioriza a Amazônia e o
Atlântico Sul pela riqueza de recursos e vulnerabilidade de acesso pelas
fronteiras terrestres e marítimas. 4.4 A Amazônia brasileira, com seu
grande potencial de riquezas minerais e de biodiversidade, é foco da
atenção internacional. A garantia da presença do Estado e a vivificação da
faixa de fronteira são dificultadas pela baixa densidade demográfica e
pelas longas distâncias, associadas à precariedade do sistema de
transportes terrestre, o que condiciona o uso das hidrovias e do
transporte aéreo como principais alternativas de acesso. Estas
características facilitam a prática de ilícitos transnacionais e crimes
conexos, além de possibilitar a presença de grupos com objetivos
contrários aos interesses nacionais. A vivificação, política indigenista
adequada, a exploração sustentável dos recursos naturais e a proteção ao
meio-ambiente são aspectos essenciais para o desenvolvimento e a
integração da região. O adensamento da presença do Estado, e em particular
das Forças Armadas, ao longo das nossas fronteiras, é condição necessária
para conquista dos objetivos de estabilização e desenvolvimento integrado
da Amazônia. 4.5 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do
Brasil, desde o seu descobrimento. A natural vocação marítima brasileira é
respaldada pelo seu extenso litoral e pela importância estratégica que
representa o Atlântico Sul. A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do
Mar permitiu ao Brasil estender os limites da sua Plataforma Continental e
exercer o direito de jurisdição sobre os recursos econômicos em uma área
de cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, região de vital
importância para o País, uma verdadeira "Amazônia Azul". Nessa imensa área
estão as maiores reservas de petróleo e gás, fontes de energia
imprescindíveis para o desenvolvimento do País, além da existência de
potencial pesqueiro. A globalização aumentou a interdependência econômica
dos países e, conseqüentemente, o fluxo de cargas. No Brasil, o transporte
marítimo é responsável por movimentar a quase totalidade do comércio
exterior. 4.6 Às vertentes continental e marítima sobrepõe-se dimensão
aeroespacial, de suma importância para a Defesa Nacional. O controle do
espaço aéreo e a sua boa articulação com os países vizinhos, assim como o
desenvolvimento de nossa capacitação aeroespacial, constituem objetivos
setoriais prioritários. 4.7 O Brasil propugna uma ordem internacional
baseada na democracia, no multilateralismo, na cooperação, na proscrição
das armas químicas, biológicas e nucleares e na busca da paz entre as
nações. Nessa direção, defende a reformulação e a democratização das
instâncias decisórias dos organismos internacionais, como forma de
reforçar a solução pacífica de controvérsias e sua confiança nos
princípios e normas do Direito Internacional. No entanto, não é prudente
conceber um país sem capacidade de defesa compatível com sua estatura e
aspirações políticas. 4.8 A Constituição Federal de 1988 tem como um de
seus princípios, nas relações internacionais, o repúdio ao terrorismo. O
Brasil considera que o terrorismo internacional constitui risco à paz e à
segurança mundiais. Condena enfaticamente suas ações e apóia as resoluções
emanadas pela ONU, reconhecendo a necessidade de que as nações trabalhem
em conjunto no sentido de prevenir e combater as ameaças
terroristas. 4.9 O Brasil atribui prioridade aos países da América do
Sul e da África, em especial aos da África Austral e aos de língua
portuguesa, buscando aprofundar seus laços com esses países. 4.10 A
intensificação da cooperação com a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), integrada por oito países distribuídos por quatro
continentes e unidos pelos denominadores comuns da história, da cultura e
da língua, constitui outro fator relevante das nossas relações
exteriores. 4.11 O Brasil tem laços de cooperação com países e blocos
tradicionalmente aliados que possibilitam a troca de conhecimento em
diversos campos. Concomitantemente, busca novas parcerias estratégicas com
nações desenvolvidas ou emergentes para ampliar esses
intercâmbios. 4.12 O Brasil atua na comunidade internacional
respeitando os princípios constitucionais de autodeterminação,
não-intervenção e igualdade entre os Estados. Nessas condições, sob a
égide de organismos multilaterais, participa de operações de paz, visando
a contribuir para a paz e a segurança internacionais. 4.13 A
persistência de entraves à paz mundial requer a atualização permanente e o
reaparelhamento progressivo das nossas Forças Armadas, com ênfase no
desenvolvimento da indústria de defesa, visando à redução da dependência
tecnológica e à superação das restrições unilaterais de acesso a
tecnologias sensíveis. 4.14 Em consonância com a busca da paz e da
segurança internacionais, o País é signatário do Tratado de
Não-Proliferação de Armas Nucleares e destaca a necessidade do cumprimento
do Artigo VI, que prevê a negociação para a eliminação total das armas
nucleares por parte das potências nucleares, ressalvando o uso da
tecnologia nuclear como bem econômico para fins pacíficos. 4.15 O
contínuo desenvolvimento brasileiro traz implicações crescentes para o
campo energético com reflexos em sua segurança. Cabe ao País assegurar
matriz energética diversificada que explore as potencialidades de todos os
recursos naturais disponíveis.
5. OBJETIVOS DA
DEFESA NACIONAL
As relações
internacionais são pautadas por complexo jogo de atores, interesses e
normas que estimulam ou limitam o poder e o prestígio das Nações. Nesse
contexto de múltiplas influências e de interdependência, os países buscam
realizar seus interesses nacionais, podendo gerar associações ou conflitos
de variadas intensidades. Dessa forma, torna-se essencial estruturar a
Defesa Nacional de modo compatível com a estatura político-estratégica
para preservar a soberania e os interesses nacionais em compatibilidade
com os interesses da nossa região. Assim, da avaliação dos ambientes
descritos, emergem objetivos da Defesa Nacional: I - a garantia da
soberania, do patrimônio nacional e da integridade territorial; II - a
defesa dos interesses nacionais e das pessoas, dos bens e dos recursos
brasileiros no exterior; III - a contribuição para a preservação da
coesão e unidade nacionais; IV - a promoção da estabilidade
regional; V - a contribuição para a manutenção da paz e da segurança
internacionais; e VI - a projeção do Brasil no concerto das nações e
sua maior inserção em processos decisórios internacionais.
6. ORIENTAÇÕES
ESTRATÉGICAS
6.1 A atuação
do Estado brasileiro em relação à defesa tem como fundamento a obrigação
de contribuir para a elevação do nível de segurança do País, tanto em
tempo de paz, quanto em situação de conflito. 6.2 A vertente preventiva
da Defesa Nacional reside na valorização da ação diplomática como
instrumento primeiro de solução de conflitos e em postura estratégica
baseada na existência de capacidade militar com credibilidade, apta a
gerar efeito dissuasório. Baseia-se, para tanto, nos seguintes
pressupostos básicos: I - fronteiras e limites perfeitamente definidos
e reconhecidos internacionalmente; II - estreito relacionamento com os
países vizinhos e com a comunidade internacional baseado na confiança e no
respeito mútuos; III - rejeição à guerra de conquista; IV - busca da
solução pacífica de controvérsias; V - valorização dos foros
multilaterais; VI - existência de forças armadas modernas, balanceadas
e aprestadas; e VII - capacidade de mobilização nacional. 6.3 A
vertente reativa da defesa, no caso de ocorrer agressão ao País, empregará
todo o poder nacional, com ênfase na expressão militar, exercendo o
direito de legítima defesa previsto na Carta da ONU. 6.4 Em conflito de
maior extensão, de forma coerente com sua história e o cenário
vislumbrado, o Brasil poderá participar de arranjo de defesa coletiva
autorizado pelo Conselho de Segurança da ONU. 6.5 No gerenciamento de
crises internacionais de natureza político-estratégica, o Governo
determinará a articulação dos diversos setores envolvidos. O emprego
das Forças Armadas poderá ocorrer de diferentes formas, de acordo com os
interesses nacionais. 6.6 A expressão militar do País fundamenta-se na
capacidade das Forças Armadas e no potencial dos recursos nacionais
mobilizáveis. 6.7 As Forças Armadas devem estar ajustadas à estatura
político-estratégica do País, considerando-se, dentre outros fatores, a
dimensão geográfica, a capacidade econômica e a população
existente. 6.8 A ausência de litígios bélicos manifestos, a natureza
difusa das atuais ameaças e o elevado grau de incertezas, produto da
velocidade com que as mudanças ocorrem, exigem ênfase na atividade de
inteligência e na capacidade de pronta resposta das Forças Armadas, às
quais estão subjacentes características, tais como versatilidade,
interoperabilidade, sustentabilidade e mobilidade estratégica, por meio de
forças leves e flexíveis, aptas a atuarem de modo combinado e a cumprirem
diferentes tipos de missões. 6.9 O fortalecimento da capacitação do
País no campo da defesa é essencial e deve ser obtido com o envolvimento
permanente dos setores governamental, industrial e acadêmico, voltados à
produção científica e tecnológica e para a inovação. O desenvolvimento da
indústria de defesa, incluindo o domínio de tecnologias de uso dual, é
fundamental para alcançar o abastecimento seguro e previsível de materiais
e serviços de defesa. 6.10 A integração regional da indústria de
defesa, a exemplo do Mercosul, deve ser objeto de medidas que propiciem o
desenvolvimento mútuo, a ampliação dos mercados e a obtenção de autonomia
estratégica. 6.11 Além dos países e blocos tradicionalmente aliados, o
Brasil deverá buscar outras parcerias estratégicas, visando a ampliar as
oportunidades de intercâmbio e a geração de confiança na área de
defesa. 6.12 Em virtude da importância estratégica e da riqueza que
abrigam, a Amazônia brasileira e o Atlântico Sul são áreas prioritárias
para a Defesa Nacional. 6.13 Para contrapor-se às ameaças à Amazônia, é
imprescindível executar uma série de ações estratégicas voltadas para o
fortalecimento da presença militar, efetiva ação do Estado no
desenvolvimento sócio-econômico e ampliação da cooperação com os países
vizinhos, visando à defesa das riquezas naturais e do meio
ambiente. 6.14 No Atlântico Sul, é necessário que o País disponha de
meios com capacidade de exercer a vigilância e a defesa das águas
jurisdicionais brasileiras, bem como manter a segurança das linhas de
comunicações marítimas. 6.15 O Brasil precisa dispor de meios e
capacidade de exercer a vigilância, o controle e a defesa do seu espaço
aéreo, aí incluídas as áreas continental e marítima, bem como manter a
segurança das linhas de navegação aéreas. 6.16 Com base na Constituição
Federal e em prol da Defesa Nacional, as Forças Armadas poderão ser
empregadas contra ameaças internas, visando à preservação do exercício da
soberania do Estado e à indissolubilidade da unidade federativa. 6.17
Para ampliar a projeção do País no concerto mundial e reafirmar seu
compromisso com a defesa da paz e com a cooperação entre os povos, o
Brasil deverá intensificar sua participação em ações humanitárias e em
missões de paz sob a égide de organismos multilaterais. 6.18 Com base
na Constituição Federal e nos atos internacionais ratificados, que
repudiam e condenam o terrorismo, é imprescindível que o País disponha de
estrutura ágil, capaz de prevenir ações terroristas e de conduzir
operações de contraterrorismo. 6.19 Para minimizar os danos de possível
ataque cibernético, é essencial a busca permanente do aperfeiçoamento dos
dispositivos de segurança e a adoção de procedimentos que reduzam a
vulnerabilidade dos sistemas e permitam seu pronto
restabelecimento. 6.20 O desenvolvimento de mentalidade de defesa no
seio da sociedade brasileira é fundamental para sensibilizá-la acerca da
importância das questões que envolvam ameaças à soberania, aos interesses
nacionais e à integridade territorial do País. 6.21 É prioritário
assegurar a previsibilidade na alocação de recursos, em quantidade
suficiente, para permitir o preparo adequado das Forças Armadas. 6.22 O
emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem não se insere no
contexto deste documento e ocorre de acordo com legislação
específica.
7.
DIRETRIZES
7.1 As
políticas e ações definidas pelos diversos setores do Estado brasileiro
deverão contribuir para a consecução dos objetivos da Defesa Nacional.
Para alcançá-los, devem-se observar as seguintes diretrizes
estratégicas: I - manter forças estratégicas em condições de emprego
imediato, para a solução de conflitos; II - dispor de meios militares
com capacidade de salvaguardar as pessoas, os bens e os recursos
brasileiros no exterior; III - aperfeiçoar a capacidade de comando e
controle e do sistema de inteligência dos órgãos envolvidos na Defesa
Nacional; IV - incrementar a interoperabilidade entre as Forças
Armadas, ampliando o emprego combinado; V - aprimorar a vigilância, o
controle e a defesa das fronteiras, das águas jurisdicionais e do espaço
aéreo do Brasil; VI - aumentar a presença militar nas áreas
estratégicas do Atlântico Sul e da Amazônia brasileira; VII - garantir
recursos suficientes e contínuos que proporcionem condições efetivas de
preparo e emprego das Forças Armadas e demais órgãos envolvidos na Defesa
Nacional, em consonância com a estatura político-estratégica do
País; VIII - aperfeiçoar processos para o gerenciamento de crises de
natureza político-estratégica; IX - implantar o Sistema Nacional de
Mobilização e aprimorar a logística militar; X - proteger as linhas de
comunicações marítimas de importância vital para o País; XI - dispor de
estrutura capaz de contribuir para a prevenção de atos terroristas e de
conduzir operações de contra o terrorismo; XII - aperfeiçoar os
dispositivos e procedimentos de segurança que reduzam a vulnerabilidade
dos sistemas relacionados à Defesa Nacional contra ataques cibernéticos e,
se for o caso, permitam seu pronto restabelecimento; XIII - fortalecer
a infra-estrutura de valor estratégico para a Defesa Nacional,
prioritariamente a de transporte, energia e comunicações; XIV -
promover a interação das demais políticas governamentais com a Política de
Defesa Nacional; XV - implementar ações para desenvolver e integrar a
região amazônica, com apoio da sociedade, visando, em especial, ao
desenvolvimento e à vivificação da faixa de fronteira; XVI - incentivar
a conscientização da sociedade para os assuntos de Defesa
Nacional; XVII - estimular a pesquisa científica, o desenvolvimento
tecnológico e a capacidade de produção de materiais e serviços de
interesse para a defesa; XVIII - intensificar o intercâmbio das Forças
Armadas entre si e com as universidades, instituições de pesquisa e
indústrias, nas áreas de interesse de defesa; XIX - atuar para a
manutenção de clima de paz e cooperação nas áreas de fronteira; XX -
intensificar o intercâmbio com as Forças Armadas das nações amigas,
particularmente com as da América do Sul e as da África, lindeiras ao
Atlântico Sul; XXI - contribuir ativamente para o fortalecimento, a
expansão e a consolidação da integração regional com ênfase no
desenvolvimento de base industrial de defesa; XXII - participar
ativamente nos processos de decisão do destino da região
Antártica; XXIII - dispor de capacidade de projeção de poder, visando à
eventual participação em operações estabelecidas ou autorizadas pelo
Conselho de Segurança da ONU; XXIV - criar novas parcerias com países
que possam contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de interesse
da defesa; XXV - participar de missões de paz e ações humanitárias, de
acordo com os interesses nacionais; e XXVI - participar crescentemente
dos processos internacionais relevantes de tomada de decisão, aprimorando
e aumentando a capacidade de negociação do Brasil.
Autor: René
Dellagnezze Pesquisa de Lety Texto copiado do
site http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2652
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