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PIQUETE -
CIDADE PAISAGEM |
Poço
Curiaco
Foto enviada por Lety
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Cinema? Ah,
sim! Tínhamos o Cinema Popular de funcionamento alternado. Dois ou três
meses funcionava e os restantes ficava de portas fechadas por causas
desconhecidas. Havia, entretanto, o cinema do Cassino dos Oficiais, na
Estrela, exclusivo para as famílias dos militares, mas abriram um quadrado
na parede externa para colocação da tela de pano transparente e nós, sapos
que éramos, assistíamos aos filmes do lado de fora, ao relento e, às
vezes, na chuva. E porque estávamos além da tela, era para nós, tudo às
avessas. Os personagens eram todos canhotos e o letreiro de então - os
filmes eram mudos - era ao contrário, como se fosse uma chapa tipográfica.
E muitos de nós, pela prática constante, líamos os letreiros
corretamente.
Por causa do
futebol, havia entre os moradores da cidade e os da Vila São José um grave
desentendimento que gerou um bairrismo só há pouco desaparecido. O Grupo
Escolar de Piquete, localizado em frente à atual Igreja Metodista, era a
divisa dos dois territórios beligerantes. Não podíamos passar para lá, nem
eles para cá, sem que houvesse escaramuças. Quando se encontravam Estrela
e Piquete Futebol Clube, ou Estrelinha e Piquetinho, era um quebra-pau ou
melhor, um quebra guarda-chuva generalizado. Um exemplo da intensidade do
bairrismo: no mês de Maio havia visita da imagem de Nossa Senhora às casas
familiares, em procissão concorridíssima. Quando uma família da Vila de
São José solicitava a visita da Santa, as moças de lá vinham ao encontro
do cortejo e justamente em frente ao Grupo Escolar, tiravam, meio à força,
o andor das mãos das moças de cá. Em represália, as moças de cá, que iam
esperar a procissão no mesmo local, não faziam por menos: tomavam o andor
com uns "chega pra lá" e debiques, com todo o respeito à presença da
Santa.
Ali nas proximidades do Elefante Branco, no ribeirão que tinha talvez três vezes de água mais que atualmente, havia um poço grande, onde diariamente íamos dar umas braçadas, completamente nus. Era um lugar ermo, pois a casa mais próxima era a chácara de seu Pinho, onde é hoje a Matriz nova, pois o que atualmente é a Vila Duque de Caxias era um brejal de bastão e taboa. E tínhamos as "quadrilhas de bandidos" imitando as dos filmes do nosso cinema. Nossos revólveres eram de raiz de bastão, mas nas lutas mais graves usávamos estilingues adquiridos na sapataria do Seu Salviano, e a munição eram as frutas da mamoneira. Havia a quadrilha do Poço Fundo, da qual fazíamos parte, e seu chefe era o Zé Estevam, edição preta de Francis Ford, que nas fitas seriadas de então, era o inimigo número um do mocinho Art Acord. Carlos
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