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PIQUETE -
CIDADE PAISAGEM |
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Naqueles tempos
saudosos tínhamos boas festas, além das que se realizavam em honra de
nosso Padroeiro. Havia ali, na rua Cel. José Mariano, precisamente onde
inicia a rua Soldado José Custódio, uma casa de taipa e de piso de terra
batida. Morava nela seu proprietário, meu avo José Sebastião, que
anualmente, por ocasião da data da festa de seu santo padroeiro, São
Sebastião, alegrava o povo da cidadezinha com a maior festa particular de
então. Tinha de tudo, terço cantado com todos os requisitos por rezadores
de renome: Feliciano, João Miguel, Maria Tomázia, Tia Meméia e outros.
Começava com o amado Jesus cantado a três vozes. Após cada mistério,
outros cânticos apropriados. No final, ladainha de Nossa Senhora e o canto
da Excelência que durava, devido aos ritornelos, mais de uma hora. Após o
terço, começava a festa popular. Três salas de bailes, enquanto no
terreiro do quintal e na rua, onde se acendiam fogueiras, dançavam-se o
Jongo, a Catira, a Cana Verde, etc. Moças e rapazes faziam jogos de sorte.
As meninas, danças de roda: Senhora bela condessa, gelofrê-gelofrá,
carneirinho-carneirão, pulo de maré, etc. Nós, os moleques, pulávamos a
carniça. Pistons, clarinetes, violões e caixas para os bailes de salão.
Sanfonas, violas, cavaquinhos, reco-recos e tambores para o resto. Comes e
bebes à vontade. Bolos, doces, batatas e mandiocas assadas para todos.
Quentão, canelinha, vinho quente e fervida, etc. E quando o dia clareava,
já a caminho de casa, os foliões comentavam a animação da festa, pedindo
que passasse logo o ano e que chegasse o outro 20 de janeiro, dia de São
Sebastião. Setembro era
dedicado a São Miguel. Aos sábados e domingos havia leilão no coreto
sextavado do Largo da Matriz. A "Euterpe Piquetense sempre a postos,
executando as belas valsas de Zequinha de Abreu, os chorinhos animados e
os dobrados marciais ou "fogueteiros", sob a direção do maestro e mestre
de quase uma geração de músicos, o saudoso José de Castro Ferreira. No fim
do mês era a festa propriamente dita. O Largo da Matriz ficava cercado de
barraquinhas onde se vendia de tudo: bolo de carne, pastel, empada,
croquete, brevidade, suspiro, baba-de-moça, pão-de-ló, queimadinha,
pé-de-moleque, balas e um bolo que, por ser feito de chocolate era escuro
e por isso era chamado de bolo de São Benedito. Todo o mundo de roupa
nova, de alegria estampada no rosto. Foguetes, músicas e mais foguetes. A
procissão era uma apoteose. Anjos, virgens, damas-de-honra vestidas do
mesmo modo, iguaizinhas, de branco, ou azul, ou de cor-de-rosa. E a festa
exterior era apenas o reflexo da grande festa religiosa que se tornava o
maná para nossas almas. Pregadores de renome, oradores afamados. A festa
de São Miguel marcava época. Carlos
Vieira Soares |
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