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LENDAS,
USOS E COSTUMES III Sortes de São João
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- Onde está o
João Batista que não o vejo na igreja? - Ele está de mastro em mastro
para ver quem o festeja. As sortes de São João, hoje em completo
desuso, prendiam-se às remotas práticas da magia, e duas espécies se
sobressaíam: as sortes secretas e as de salão. As sortes secretas eram
praticadas sempre à meia noite do dia 23 de junho e aqui vão umas de que
nos lembramos: A sorte dos papeizinhos era a seguinte: pequenos
retângulos de papel eram dobrados em quatro e em cada um deles um nome
masculino. À meia noite eram colocados numa vasilha com água e de manhã, o
papel que estivesse desdobrado revelava o nome do futuro marido. A
sorte do alho plantado à meia noite: se de manhã ele estivesse grelado, o
ano seria de muita sorte e feliz. A sorte do ovo consistia no seguinte:
quebrava-se um ovo num copo d'água que se deixava no sereno. Se de manhã,
o conteúdo parecesse um navio, era sinal de viagem e se pare- cesse um
véu, era sinal de casamento. Na sorte do sonho, a moça pedia em suas
orações para sonhar com o futuro marido. Se não sonhasse com homem, ficava
para titia, isto é, não se casava nunca. Muito usada era a sorte da
aliança que, amarrada por uma linha, se pendurava sobre o copo, de modo
que distasse igualmente das bordas. Dava-se um movimento oscilatório e o
número das batidas no copo correspondia aos anos que faltavam para o
casamento. Havia ainda muitos outros tipos de sortes: a da flor, a do
tostão, a do carvão retirado da fogueira, a dos nós nas pontas do lençol,
a da faca na bananeira, a do milho de canjica, a dos três feijões, a da
pimenta, etc. As sortes de salão eram para passar o tempo enquanto os
músicos descansavam e a série era grande: jogo das prendas, do amigo, do
anel, das fitas, do pintor, do buquê da noiva e outras.
Carlos
Vieira Soares Folclore de Piquete (Pequena
Contribuição) |