FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA |
O "Pracinha" Brasileiro
Pracinhas da FEB
desfilando no Rio de Janeiro.
Foto escaneada do livro "Trinta Anos Depois da
Volta" - Gen. Octávio Costa
O que chegou aos quartéis para compor o contingente da FEB, foi um verdadeiro mosaico racial. Esses homens, sem nenhum preparo militar, com baixo índice de escolaridade, muitos analfabetos, apresentavam os mais variados parâmetros antropométricos. Uma considerável parcela não possuía a saúde desejável, e a grande maioria apresentava sérios problemas dentários, bastando citar que, segundo as estatísticas, foram realizadas mais de 17 mil extrações na Itália. Como o período de campanha não ultrapassou 11 meses, podemos concluir que ocorreu uma média de 50 extrações por dia, índice nada lisonjeiro para uma tropa combatente. Foi dessa matéria prima que os oficiais da FEB (tenentes e capitães) tiveram que modelar o combatente brasileiro. Joaquim
Xavier da Silveira |
Os soldados foram
transportados de trem da Vila Militar para o cais do Porto,
onde se
encontrava o navio que os conduziria para a Itália.
Foto escaneada do livro
"Eu estava lá" de Elza Cansanção
É óbvio que não existe uma tipologia imutável de homem e de nacionalidade. Haverá mesmo quem possa afirmar que os homens são basicamente iguais, em todas as latitudes geográficas e raciais. parece fora de dúvida, no entanto, que todos nós somos talhados essencialmente pelo nosso sangue e pelo nosso passado cultural. Este núcleo cultural vai sendo amoldado, ao longo de nosso caminho, por influências de toda ordem de ambiente geográfico, de ambiente humano e por circunstâncias supervenientes, como a própria guerra. É sabido que, genericamente, carregamos conosco valores e complexos das 'três raças tristes', mas que o montanhês difere do praieiro, o caipira do malandro, o ribeirinho do pampiano; assim como a criança que hoje domina a televisão, está muito distante do seu avô que conheceu o radiogalena. General
Otávio Costa |
Pracinhas da FEB - foto recolhida do site http://www.segundagrandeguerra.cjb.net
Para sanar as
deficiências dentárias, que eram muitas, foram contratados serviços de
profissionais civis em seus consultórios, na cidade, cujos resultados,
pela premência do tempo, não puderam ser perfeitos. Lembro que um soldado
do meu Pelotão teve de extrair rapidamente diversos dentes e receber uma
chapa, mas a dita cuja não teve a honra de chegar na Itália. Ficou nas
águas do Atlântico... A alimentação era considerada satisfatória, tendo
muito boa aceitação um suculento mingau servido depois do trabalho de
educação física (corrida). Com a aproximação do embarque, houve a
providência de maior consumo de verduras e ovos, tendo em vista melhor
adequação alimentar para o futuro. O ovo cozido era do agrado geral.
Quando algum praça declarava arrogantemente "não querer nem ovo" era
porque estava muito contrariado ou doente, naquele dia. Convinha
observá-lo... O fardamento adotado e distribuído para o pessoal da FEB,
podemos dizer, de maneira geral, que foi abundante, mas de qualidade
inferior e imprópria. Seus idealizadores devem se ter fixado na versão de
que o destino da FEB seria mesmo a África. Das medidas de prevenção
sanitária, eram as vacinas as mais desagradáveis, pela grande variedade de
fins a que se destinavam (5 ou 6 tipos). Mas os praças suavizavam o
sacrifício com a jocosidade: "de graça, até vacina é bom". Joaquim
Urias de Carvalho Alencar |
Embarque dos
soldados com todos os seus pertences, inclusive instrumentos musicais,
como o
soldado da direita, portando uma cuíca.
Foto escaneada do livro "Eu estava
lá" de Elza Cansanção
Não há registros, porque naquele tempo não havia ainda esse tipo de pesquisa, mas é certo afirmar-se, com base na documentação existente, que, excluindo-se o corpo de oficiais, as classes mais favorecidas, o que hoje se pode denominar de classes "A" e "B", não integraram de forma expressiva a FEB. Componentes da denominada classe "A" eram de um número tão insignificante que não figurariam em nenhuma pesquisa; os da classe "D" formavam um contingente reduzidíssimo. A classe "C", aquela que na época era denominada "povinho", e hoje "povão", é que forneceu o grosso da tropa. Entre esses predominavam os oriundos do meio rural ou do pequeno comércio. Talvez essa composição social da formação da FEB seja a explicação de muita coisa, e também o motivo pelo qual os intelectuais, sociólogos e escritores nunca terem estudado ou escrito sobre este fenômeno político-militar que foi a FEB. Eis um aspecto a considerar. A verdade é que a literatura sobre a FEB é, em sua grande maioria, memorialista, escrita por ex-integrantes. inúmeros episódios políticos, posteriores à FEB, já foram estudados, debatidos, mereceram monografias, livros e interpretações várias, inclusive de autores estrangeiros. Sobre a FEB, sobre o soldado brasileiro que combateu no frio, na lama, muito pouco foi escrito. Joaquim
Xavier da Silveira |
O 1º escalão desembarca dos
trens no armazém 10 do cais do porto, para ocupar
o navio transporte Gen.
Mann, que já os aguardava.
Foto escaneada do livro "Eu estava lá" de Elza
Cansanção.
E FOI ASSIM...
A má seleção de pessoal fez com que tivéssemos incorporados psicóticos e
esquizofrênicos. Quando se falava em fazer um exame psiquiátrico em
qualquer elemento, esses se revoltavam, pois havia, e ainda há, a crença
de que é só para tratar de loucos, e eles não se consideravam loucos.
(...) O estado de saúde da maioria dos brasileiros da época era horrível.
As condições de higiene bucal nem se fala, eram vergonhosas. Bocas
desfalcadas ou com um rosário de cacos, e fétidas. Estes eram em tão
grande número que não houve tempo de tratá-los aqui, e o tratamento dos
'melhorezinhos' foi feito durante a viagem e lá mesmo na Itália. - Sabem porque
a FEB não sai? Pois bem, a razão é simples: Mas, apesar dos pesares, a FEB tinha que sair... Elza
Cansanção |
Foto autografada por Walt Disney,
escaneada de "O Globo Expedicionário" - página 151
do livro "O Brasil na II
Guerra Mundial", em comemoração aos 40 anos da Vitória. Editora
Globo
Walt Disney, atendendo gentilmente a um apelo de O GLOBO, e rendendo, assim uma homenagem a todos vocês, combatentes da FEB, interpretou especialmente para nós, na concepção magistral que a gravura reproduz, a já hoje histórica legenda com que os soldados do Brasil chegaram à frente italiana:" A cobra está fumando". Nesta última criação do artista de fama universal, temos uma Cobra realmente belicosa, em atitude correspondente ao sentido da frase. O seu não é o cachimbo da paz, dado a fumar ao estrangeiro na taba de Arakem. A cobra fuma de raiva, o bote armado, despejando contra o nazista toda a carga de peçonha dos seus dois Colts, que disparam simultaneamente. E, na expressão decidida de mais essa personagem do elenco de Walt Disney, o mesmo sabor do grito de guerra do "pracinha": "A cobra está fumando!" O humor intraduzível dessa epigrama que vem do mais profundo da alma do povo e ganha foros de lema para o combate. Um grito de guerra sem jactância, a modéstia irônica dos nossos bravos rapazes camuflando o seu próprio denodo. Com o dito espirituoso eles disfarçam o sentido heróico dos feitos que as crônicas registram e as ordens do dia do comando superior consagram em repetidos louvores. Walt Disney, que em sua passagem rápida pelo Rio de Janeiro colheu o estupendo flagrante de "Zé Carioca", lavra novo tento com essa perfeita representação gráfica da "verve" do Expedicionário, no símbolo de sua Cobra do desacato. |
Um Herói nunca morre!
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