SAUDADE!!! |
SAUDADE... Parece que este sentimento domina a nossa existência. Saudade dos momentos de felicidade, de paz, de ternura e até de dor. Saudade talvez seja apenas, saudade de nós mesmos, de nossas esperanças e sonhos, realizados ou não... Saudade de pessoas que passaram por nossa vida, às vezes por instantes, mas que marcaram, de alguma forma, o seu espaço em nossas lembranças. Saudade de uma afeição intensa, por vezes nem valorizada, no momento, e que só cresce quando perdida. Parece-me ser assim com os sentimentos que nos ligam às nossas famílias: é tão normal ter que a gente nem valoriza. Papai faleceu em setembro de 2002. Talvez por ter vivido muitos anos distante dele, minha sensação é de que ainda está lá, em Piquete, em sua casa, aguardando que a filha que mora tão longe, no Ceará, venha vê-lo, mas o velho Geraldo não se encontra mais a minha espera. Somente a lembrança das suas histórias e da sua música continuam conosco. O
velho Geraldo... escrevo assim, mas nunca conseguirei pensar nele desta
forma. Meu pai que me embalava todas as noites quando eu era bebê - e que sentia orgulho ao dizer que eu somente adormecia em seu colo protetor; que me ensinou a apreciar a matemática desde a mais tenra idade; que estimulava o desenvolvimento dos meus potenciais, vaidoso de minha capacidade de aprendizagem; que me contava histórias de assombração e do Pedro Malasartes, com a sua mineirice tranqüila; que me acompanhou no meu vestibular, amparando-me e encantando-se com minha vitória; que me legou a saudade de uma vida simples, honesta e em paz, ao lado de quem se ama... Ao montar estas páginas em sua homenagem, resgatei o meu amor por
este homem forte, inteligente, sensível e carinhoso. Hoje, Geraldo Sílvia
Mota se encontra, como diz a canção "Star Dust" tão amada por ele (enviada
por meu querido irmão Geraldo Luiz, herdeiro de seu nome e de sua
sensibilidade musical), seguindo a POEIRA DAS ESTRELAS, ao lado dos que
haviam partido antes dele... E esperando por nós! |
ORAÇÃO A UM
PAI Saboreia,
agora, a merecedora leveza de teu espírito. Repousa, enfim,
no teu sepulcro, Cresce ainda mais na paz eterna, |
Geraldo
Silvia Mota ainda na Itália.
Foto enviada para sua família, conservada no
arquivo de Sueli Silvia Senne
e recebida por nós através de Rita Silvia Senne
e Miguel Ângelo Leite Mota
A foto acima - até recentemente desconhecida por nós- chegou-nos através de uma prima que conservou o acervo de nossos avós. Por mais que a olhe e examine, não consigo diminuir o impacto inicial provocado em mim, conduzindo-me às lágrimas. Prendo-me aos seus olhos, sempre tão límpidos e nela tão desesperados e angustiados. Comparei-a com a foto antes de sua partida para a Itália e não pude deixar de perceber a diferença dos momentos e das experiências por ele vividas. Esse é o meu pai, na Itália, em meio às lutas e os sofrimentos. Essa é a foto que ele enviou para sua mãe, talvez - como disse meu irmão Geraldo Luiz - numa possível despedida da vida, a imagem que queria deixar aos seus familiares. Seus olhos, mais do que qualquer outra coisa, revelam-nos dor e angústia, além da ausência de alegria e esperança. Felizmente, ele pode, após a guerra, redescobrir a felicidade e alijar a amargura, construir uma família, reencontrar seu sorriso lindo e legar-nos seus princípios de retidão e moral. Saudades, pai! Novamente as lágrimas me brotam e com elas o desejo de ter podido estar ao seu lado e confortá-lo no seu sofrimento jovem e desamparado. Maria Auxiliadora Mota Gadelha Vieira |
SAUDADE "Quedamos tristes por alguns instantes. Ficamos calados. Dois homens, um soldado, outro capitão. Enorme diferença nos separava no Exército mas naquele instante a dor da saudade nos nivelou. E as estrelas contemplavam dois combatentes futuros, dois intrépidos guerreiros com saudades de casa." "(...) eles ligaram um rádio que havia na cozinha, para um programa de música dedicado aos soldados de além-mar. Aproximei-me do grupo, que era constituído de jovens da minha idade, mais ou menos. Ficamos escutando suaves melodias, algumas delas minhas velhas conhecidas. Puxei conversa com um dos marinheiros que antes já me havia oferecido algumas laranjas; tinha um ano mais do que eu e batemos um papo ao som de foxes. Tocou o velho mas sempre apreciado 'Star Dust'. O americano sentia o mesmo que eu: saudade. Lembrei-me da última vez que havia dançado aquele fox numa festa do clube, nas vésperas do embarque. Como a guerra estava longe naquele momento para nós dois! Contou-me que tinha uma pequena em South Dakota. No meio da conversa foi que eu percebi que não entendia o inglês do americano, mas não fazia mal. Adivinhava o que ele estava dizendo, sentia dentro de mim o mesmo, e contei-lhe também uma história de namoro em português, ele escutou-me num religioso silêncio parecendo que tudo compreendia. Aquelas músicas me fizeram desabafar uma porção de coisas; ele como eu, como todos, tinha saudades de casa, da mãe, da namorada, das festas, dos automóveis, das roupas de paisano, igualzinho a mim. Separamo-nos com um aperto de mão, os maiores amigos do mundo. Ele voltou para a cozinha, onde não havia pequenas nem festas, e eu para o meu posto, onde só havia o sargento da ronda. Diabo de guerra!" "No
serviço de polícia tive uma desagradável experiência. Tínhamos prendido um
soldado que estava meio louco. Pela madrugada ele teve um acesso violento,
conseguiu fugir da prisão e começou a correr pelo corredor. O Ladeira e o
Afonso imediatamente se atracaram com ele. Apesar dos dois serem bem
corpulentos, não conseguiram segurar o homem, que ia descendo uma escada
que dava para um dos alojamentos. No meio daquela escuridão, um louco
solto. Vendo porém, um polícia barrando a entrada, fez meia volta e subiu
em direção ao convés, gritando que ia morrer. Tocou minha vez de entrar na
dança. Nunca topei uma parada tão dura; brigar com um louco numa escada de
convés é uma temeridade. O Ladeira e o Alensocourt vieram em meu socorro;
nós três mais o sargento e um americano, arrastamos o pobre coitado, como
uma fera, novamente para a prisão. O que ficou mais atingido foi o Ladeira
que estava todo mordido e teve que fazer curativos na enfermaria. Eu e os
outros tivemos só coisa ligeira. Nunca pensei que um louco tivesse tanta
força. Ele porém não ficou sossegado. Foi então chamado um médico para
aplicar-lhe uma injeção de morfina. Felizmente estava na hora de render a
guarda e foi à turma que entrou que coube a tarefa de segurar o louco para
receber a injeção. Para nós bastava. O rapaz só dizia que não era direito
fazerem aquilo com ele, ele só queria morrer para voltar para casa.
Joaquim Xavier da Silveira |
Um Herói nunca morre!
Simples História de
um Homem Simples
As Origens
Força Expedicionária Brasileira
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