FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA |
Monte Castelo estava, afinal, em nosso poder e realizada, deste modo, a façanha que faltava e que já se constituía em obsessão, não somente da FEB como da própria Nação Brasileira, que a milhares de quilômetros, do outro lado do Atlântico, acompanhava o desenrolar daquele pesadelo. Encerrava-se, ali, uma fase de provações e de rude experiência a que fôramos duramente submetidos. Outras viriam em seguida. Nenhuma, porém, seria mais transcendente nem mais difícil de suportar do que a de Monte Castelo, que nos deixava cicatrizes indeléveis. A hipocrisia de alguns chegou a comemorar as vicissitudes que sofremos. Esta conduta jamais contou com a minha aquiescência. Guerra é coisa muito séria. Fonte de luto e de dor, e de mui raras alegrias.
ALGUMAS CONCLUSÕES E OBSERVAÇÕES 1º) A
relativa facilidade com que caiu Monte Castelo provou, sem sombra de
dúvida, que o Comando brasileiro estava coberto de razões quando afirmava
que apenas com os poucos meios de que dispunha, além da missão defensiva
que lhe coube, não lhe era possível realizar operação ofensiva de tamanho
vulto, afim de conquistar o Maciço Belvedere - Torraccia - Monte
Castelo; "A
Verdade sobre a FEB" |
Caminhão
da FEB nas montanhas da Itália
Foto escaneada do livro "Histórias de Pracinha" - Joel
Silveira
47ª Pergunta:
Em que consistia o Plano Encore? "100
Vezes responde a FEB" |
Com o Coronel Franklin Vinte horas depois da conquista de Castelo os caminhos lá na frente ainda não estavam inteiramente transitáveis. Havia muitas armadilhas, campos e estradas estavam minados, mas o sargento me disse que, "com cuidado", eu poderia chegar até o PC do coronel Franklin. "A ordem é não deixar a estrada". Quando o "jeep" começou a galgar, quase alpinista, o coleante e íngreme caminho que leva à montanha, lembrei-me de certo pedaço de "estrada" que existe entre Rio Bonito e a margem do Araguaia, em Goiás: apenas duas linhas paralelas que as viaturas abriram na lama e às quais a neve depois deu uma dureza de ferro. Os tedescos foram expulsos de suas posições altíssimas e privilegiadas, mas ainda continuam com seus esparsos tiros de morteiro e artilharia. Quando chegamos no meio do caminho deserto e calado como se ainda fosse "terra de ninguém" - avistamos as granadas nazistas que, por cinco ou seis minutos, explodiam lá embaixo, em Gaggio Montano. O pracinha que ia guiando perguntou se eu queria parar ali. Respondi que estávamos muito a descoberto e o melhor seria andar mais para frente, até a próxima casa. "E veja se você pode ir mais depressa". Três pracinhas brasileiros nos receberam no bangalô abandonado - estavam estirados nos montes de feno e se levantaram rápidos, imaginando que eu era qualquer capitão. Todas as casas desta região não estão mais desertas e caladas, como lares mortos de um mundo impraticável. Agora, em todas elas, é fácil divisar a presença de um pracinha brasileiro, com seu fardamento amarfanhado, a barba por fazer e um tremendo cansaço dormindo nos olhos pesados de sono. Quando há qualquer instante de folga e tranqüilidade - e eles são hoje tão raros - os pracinhas se estiram ao comprido de qualquer pedaço de chão, nas colinas de feno ou na grama rala, e ficam minutos e minutos sob o primeiro e pouco "caldo" sol deste fim de inverno. São pequenas reivindicações dos nossos pracinhas, agora possíveis depois da expulsão dos nazistas. Quarenta e oito horas antes, tudo isto aqui era chão ingrato e inimigo, batido pela artilharia, pelas metralhadoras e morteiros, à noite iluminado pelos foguetes alemães - um campo de luta onde as sestas eram impossíveis. A fadiga do pracinha é, nesta frente, a fadiga do tenente e do coronel, e o tenente-coronel Emilio Rodrigues Franklin me recebe com uma fisionomia típica de soldado da vanguarda. Há mais de duas noites que ele não dorme, duas olheiras roxas enrolam seus olhos. Mas a luta não terminou, e o "PC" avançado do terceiro batalhão do 1º Regimento, um dos primeiros a galgarem o cume de Castelo, ainda apresentava, na manhã do dia 22 e nas seguintes, um aspecto de trincheira. As informações chegam de minuto em minuto, o rádio está aberto, os telefones tilintam. Na porta do PC do coronel Caiado de Castro, alguns metros à direita, eu havia esbarrado com um grupo de prisioneiros nazistas - seis ou sete, alguns muito moços, alguns muito velhos, e entre eles um alto e espigado sargento cuja especialidade, parece, é fazer continências seguras e prussianas. Uma das coisas mais ou menos incomodas que acontecem com os correspondentes, aqui na frente, é que não os deixam revelar conversas tidas com nazis presos. De vez em quando, com o pretexto de tentar pegar a censura desprevenida, envio ai para o Brasil entrevistas com prisioneiros alemães. Mas o tenente Roberto Boavista, o nosso censor adido ao Quinto Exército, é aritmética na devolução das mesmas, que voltam a mim sempre acompanhadas de bilhetinhos alegres onde se explica que "não pode ser". De maneira que o leitor brasileiro fica prevenido de que, se não tem visto reportagens minhas com prisioneiros tedescos, a culpa é exclusivamente da censura. Material é que não falta. Já mandei, em correspondência telegráfica, as declarações do coronel Franklin sobre a conquista do Castelo, da qual foi um dos executores. "Quando me vi lá em cima, disse comigo mesmo: este é meu e ninguém me toma". Mas não falei ainda, parece, sobre qualquer coisa que, durante dois dias foi a atração máxima do PC avançado. Trata-se do cadáver de um nazista, ou mais precisamente, de nove décimos de um cadáver nazista. Uma granada brasileira, artigo de nossa artilharia, entrara dentro de sua casamata, em cima da crista, e rebentou em cima do tedesco. Vi o corpo num dos quartos do PC: do lábio inferior para baixo, é um praça alemão, com seu uniforme azulado suas botas de cano alto, tudo mais ou menos gasto; do lábio inferior para cima o que existia foi levado pela granada, Fui eu quem levou ao coronel Franklin a notícia das eleições gerais, livres e diretas, que serão convocadas no Brasil, notícia que apanhei no "Zé Carioca", a pequena folha mimeografada que, duas vezes por semana, corre toda a frente. A nova correu como um vento amigo, e não serei leviano se disser aqui que a notícia despertou o mais franco dos entusiasmos. "As Duas Guerras da FEB" - Joel Silveira |
ABETAIA É NOME
FEIO Joel
Silveira |
Um Herói nunca morre!
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