FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA


Bandeira do Brasil hasteada no navio Pedro II, na volta dos pracinhas brasileiros.
Arquivo General Tácito Theóphilo Gaspar de Oliveira

96ª Pergunta: Como regressaram ao Brasil os elementos componentes da FEB?

Resposta: O regresso ao Brasil se fez em condições semelhantes ao seu transporte para a Itália. Eis os escalões de embarque de regresso:

Escalão nº 1
Comandante - Gen. Zenóbio da Costa
Efetivo 4 931 homens
Navio Gen. Meigs
Partida de Nápoles 6-VII-945
Chegada ao Rio 18-VII-945

Escalão A
Comandante Cel. Moraes Ancora
Efetivo cerca de 1100 homens
Navio Pedro II
Partida de Nápoles 12-V11-945
Chegada ao Rio 3-VIII-945

Escalão B
Comandante Cel. Machado Lopes
Efetivo cerca de 1 200 homens
Navio Pedro II
Partida de Nápoles 26-VII-945
Chegada ao Rio 13-VIII-945

Escalão nº 2
Comandante Gen. Cordeiro de Farias

Efetivo 6 187 homens
Navio Mariposa (americano)
Partida de Nápoles 12-VIII-945
Chegada ao Rio 22-VIII-945

Escalão nº 3
Comandante Cel. Mario Travassos
Efetivo 1 801 homens
Navio Duque de Caxias
Partida de Nápoles 28-VIII-945
Chegada ao Rio 19-IX-945

Escalão nº 4
Comandante Cel. Delmiro de Andrade
Efetivo 5 342 homens
Navio Gen. Meigs
Partida de Nápoles 4-IX-945
Chegada ao Rio 19-IX-945

Escalão nº 5
Comandante Cel. Arquiminio Pereira
Efetivo 2 742 homens
Navio James Parker
Partida de Nápoles 19-IX-945
Chegada ao Rio 3-X-945

O Gen. Mascarenhas de Moraes e seu Estado-Maior regressou por via aérea (Avião da Força Aérea dos EEUU). 

"100 Vezes responde a FEB"
Marechal José Machado Lopes


Os que puderam voltar...
Imagem do site
www.exercito.gov.br

 

No dia 18 de julho de 1945 desembarcava no Rio o primeiro escalão expedicionário, ovacionado pela cidade inteira mas, então, a FEB não existia mais, pelo menos como corpo regular do Exército. Deixara de existir 12 dias antes, no dia 16 de julho, exatamente na data em que o primeiro escalão embarcava na Itália de volta ao Brasil. A providência fora do ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra, que determinava, através de uma portaria, que as unidades expedicionárias chegadas ao Rio deviam "passar automaticamente à subordinação da 1ª Região Militar". É que o Estado Novo, ainda vigente, que temera a ida da FEB, temia ainda mais, agora, a sua volta. E a apressada desmobilização e dissolução da FEB, apenas dois meses após o término da Guerra e 12 dias antes do seu retorno ao Brasil, era a prova mais flagrante dos temores da ditadura brasileira. De repente, como num passe de mágica, soldados que haviam sido arrancados de seus lares, no interior de Minas, São Paulo e do Nordeste, que há perto de dois anos se encontravam fora de casa e muitos com quase um ano na Itália, eram sumariamente devolvidos às suas cidades de origem. "E levavam consigo, além de suas feridas, suas mutilações e suas doenças, uma ou duas medalhas e a passagem de volta". (A frase é de um ex-combatente, hoje general de brigada). A portaria ministerial determinava que, desmobilizados, os elementos que não pertencessem ao efetivo do Exército deviam retornar às atividades de paz. Mas, para muitos, tais atividades não mais existiam. Muitos não encontraram o emprego que haviam abandonado. E muitos outros não tinham mais condições físicas para qualquer espécie de trabalho. Mas a verdade é que a FEB (pelo menos no que diz respeito à sua oficialidade) que havia partido não era a mesma que voltava. O oficial brasileiro, na sua grande maioria, havia cruzado pela primeira vez as fronteiras do seu país. Na Itália, iriam conhecer de perto a verdadeira organização de um Exército moderno, o que era e como funcionava um Exército democrático e, o que é mais importante, como era possível esse funcionamento sem a quebra da disciplina militar. Não resta dúvida de que o contacto permanente com o soldado norte-americano deu aos jovens tenentes e capitães, e mesmo aos majores e coronéis da nossa Força Expedicionária, uma compreensão mais ampla das motivações da guerra, das suas implicações políticas, sociais e econômicas. Onze meses de campanha transformaram a oficialidade da FEB, que daqui saíra como representante de uma casta militar divorciada do povo, num conjunto de militares cidadãos. Para tal evolução, influiu ainda mais o fato de que grande parte da FEB era composta de convocados, gente do povo, gente do campo e da cidade, que até há bem pouco tempo nada sabia dos regulamentos militares e que de forma alguma poderia adaptar-se, em poucos meses de caserna, às suas exigências e rigidez. O soldado reiuno brasileiro desapareceu por completo na FEB. A casta dissolveu-se naturalmente. E o oficial expedicionário brasileiro ganhou, no trato com os americanos e no convívio com os pracinhas improvisados em guerreiro, uma mentalidade nova, uma maneira nova de sentir o Brasil e os seus problemas. O diálogo se fez mais livre, o debate, nas reuniões de retaguarda, em Florença, Roma e Nápoles mais francos. E de tudo isso, desse encontro do soldado com o cidadão, na Itália, os jovens oficiais brasileiros concluíram que não poderiam voltar ao Brasil e simplesmente retornarem aos seus quartéis, para a rotineira atividade de um ano antes. Lembro ao leitor que não faz muito, num discurso, o marechal Castelo Branco declarou que fora na FEB, no diálogo com seus companheiros de guerra, que ouvira falar pela primeira vez na necessidade de reformas de base para o Brasil. No governo do general Dutra, que sucedia à longa ditadura de Vargas, a oficialidade expedicionária logo compreendeu que "a FEB não teria vez", como de fato não teve. Desmobilizada e com os seus elementos melhores mandados servir em regiões longínquas do país, da FEB ficou apenas o sentido de sua luta, ficou apenas a sua legenda. Mas essa luta e os ensinamentos que dela trouxeram os oficiais expedicionários, teriam que ser corporizados numa espécie de cátedra. Dai a Escola Superior de Guerra, a chamada Sorbonne. Iria continuar a ESG, no Brasil, a simbiose cidadão-soldado, com a união, na mesma tribuna de conferências, do general e do engenheiro, do coronel e do jurista, do major e do economista. Criada no inicio do governo Dutra por um grupo de oficiais da FEB, tendo à frente o general Cordeiro de Faria, a ESG era o próprio prolongamento da FEB, era a FEB que, transformando-se num corpo das Forças Armadas, derrogava a portaria ministerial do dia 6 de julho de 45, que nervosa e apressadamente mandara dissolver o corpo expedicionário. Nos debates da ESG, duas obsessões logo se fizeram. Uma delas: a crença, por parte da maioria dos oficiais expedicionários, já agora agrupados na "Sorbonne", na infalibilidade da democracia americana. A outra, a certeza da falência das elites civis do Brasil, incapazes de dirigir a Nação. Em 1945, em conversa com um dos lideres da ESG, para uma reportagem encomendada por uma revista carioca, eu trouxe daquele encontro (ainda guardo comigo o original do pequeno manuscrito, escrito à lápis pelo meu entrevistado) os cinco pontos básicos em que a ESG assentava seus pontos de vista e com os quais justificava a sua ação, ostensiva ou conspirativa. São eles: a) Faliram as elites civis do Brasil; b) Tem havido um completo descaso pelos problemas fundamentais do país; c) Os quadros dirigentes vem sendo mal escolhidos, e quase sempre se põe à testa de uma tarefa relevante o menos indicado para isto; d) Tem prevalecido, no trato das coisas públicas, o interesse pessoal sobre o interesse nacional; e) A corrupção se alastra." Rigidamente fechada dentro deste pentágono, a FEB-ESG nega-se ferozmente a aceitar na direção do país quem nele não se enquadre. Daí a sua permanente conspiração, que só poderia cessar com tomada do poder - o que aconteceu no dia 1º de Abril, quando o general Mourão Filho, de Juiz de Fora, deslocou suas tropas para o quarto e definitivo ataque ao Monte Castelo - quero dizer, ao Poder. E assim chega a FEB ao comando do país. Depois de dezenove anos de frustrações e ressentimentos."

"As Duas Guerras da FEB"
Joel Silveira - 1965



Desfile dos pracinhas vitoriosos
Imagem do site www.exercito.gov.br

"Desde a sua criação até o último disparo, a FEB sempre lutou em duas frentes. Uma delas, a militar propriamente dita, no front apenino. A outra, de ordem política, na retaguarda brasileira, onde o underground anti-getulista via na luta dos "pracinhas" e na sua conseqüente vitória, fatores importantes (senão decisivos) para a derrubada da longa ditadura estado novista. A partir de fevereiro de 45 (entrevista de José Américo), cada general da FEB passou a ser considerado pela oposição, no Brasil, peça imprescindível na grande jogada política que se iniciava. E, disso tiveram idéia imediata os correspondentes brasileiros que na Itália estavam acompanhando a campanha da Força Expedicionária. De uma hora para outra, passamos todos nós, correspondentes de guerra, a ser bombardeados por telegramas vindos do Brasil, assinados por diretores dos nossos respectivos jornais, dando-nos conta do que se estava passando no país, no plano político, e instando para que conseguíssemos de qualquer maneira declarações dos generais brasileiros a respeito daqueles acontecimentos. Ainda guardo comigo dois despachos, assinados pelo Sr. Assis Chateaubriand, o primeiro apenas incisivo, o segundo impaciente e até ameaçador, nos quais vinha a ordem para que eu obtivesse de qualquer maneira do general Cordeiro de Faria algumas palavras sobre a entrevista do Sr. José Américo e o conseqüente lançamento da candidatura Eduardo Gomes. Creio que o general Mascarenhas de Moraes soube do que se estava passando no setor dos correspondentes, apressando-se em fazer ver aos seus generais a inconveniência de qualquer entrevista de caráter político. A FEB está na Itália para lutar, e não para fazer política, teria dito aos seus comandados imediatos o equilibrado e austero comandante do nosso corpo expedicionário. E sua ordem foi rigorosamente cumprida. Mas o fato é que se a luta da FEB era inspiração e mesmo emulação para a luta do underground antigetulista, a partir de fins de fevereiro os acontecimentos que se desenrolavam no Brasil serviram por sua vez para dar sentido à luta dos nossos soldados na Itália, o que talvez explique o entusiasmo novo e o ardor revigorado que, a partir da conquista de Monte Castelo, deram o tom da última fase da luta expedicionária, no vale do Parano e do Pó. Ninguém podia dar entrevista, o que era compreensível, mas todo mundo falava - off de record. E a verdade é que a grande maioria da FEB, oficiais e soldados, empolgava-se com as notícias vindas do Brasil, que diziam estar a ditadura estado novista vivendo, como as tropas do marechal Kelssering, ali do outro lado, os seus últimos momentos. Muitas garrafas de vinho, abandonadas pelo inimigo em retirada, foram abertas, nas rápidas tréguas da vertiginosa ofensiva de abril, para uma saudação - off the record - aos que no Brasil acuavam a ditadura. Da reserva ou da ativa (e a FEB era a metade de cada uma), todos festejavam as vitórias da segunda frente, da frente interna. Antes de cair, porém, o inimigo interno da FEB assestou-lhe o último golpe, e o mais fulminante. Já falei dele. Refiro-me àquela portaria do dia 6 de julho de 45, assinada pelo ministro da guerra, general Dutra, e que desmobilizava e dissolvia a FEB antes mesmo de ela chegar de volta ao Brasil. A partir desse dia, a FEB deixou de existir como força regular do exército. Passou a ser um estado de espírito. Outra derrota: nas primeiras eleições democráticas no País, depois da longa hibernação estado novista, o vitorioso não foi o Brigadeiro Eduardo Gomes, herói HORS CONCOURS da FEB, mas precisamente o general Dutra, no qual muitos expedicionários identificavam o principal inimigo do corpo expedicionário. E o fato é que, apontadas algumas exceções, os melhores elementos da FEB (a começar pelo seu comandante, o general Mascarenhas de Moraes) foram, no governo Dutra, relegados a um segundo plano na hierarquia do comando do exército, ao mesmo tempo que se estabelecia nos quartéis, por parte daqueles que não tiveram oportunidade de lutar na Itália, uma certa má vontade para com a FEB e os seus privilégios. Frustrações e ressentimentos foram-se acumulando no após-guerra da FEB. A culpa maior dessa marginalização a que foram submetidos, os oficiais da FEB não a punham nos seus camaradas de profissão, mas nos políticos civis que haviam permitido a sobrevivência, na democracia restaurada, da maioria dos elementos que durante anos haviam servido à ditadura e ao ditador. Fundada ainda no governo Dutra, a Escola Superior de Guerra - a chamada Sorbonne - fez-se a depositária de tais sentimentos. Foi a ESG quem impôs, como ponto pacífico, a tese de que "as elites civis fracassaram", e que, por isso, fazia-se necessária uma completa reformulação dos quadros políticos do país. Como substituto para a elite civil "fracassada", a ESG oferecia uma elite militar estudiosa, aplicada, em dia com os problemas do país, impaciente por participar não só da solução desses problemas, mas da direção de toda a vida nacional. Mas a situação da anti-FEB parecia ter o fôlego de sete gatos. Depois de Dutra, veio Juscelino. A impaciência da elite militar já não se continha, e daí as esporádicas explosões de rebeldia, como o discurso do então coronel Jurandyr Mamede, no enterro do general Canrobert, como as rebeliões sem sentido prático de Jacareacanga e Aragarças. E como aquela tentativa do triunvirato militar do general Denys, do almirante Heck e do Brigadeiro Moss - todos teleguiados à distância pela ESG - no sentido de evitar a posse do Sr. João Goulart, quando da renúncia de Janio Quadros. No dia 1º de Abril, com o desmoronamento puro e simples do arenoso governo de João Goulart, a FEB chega finalmente ao poder. É um poder total. Do norte ao sul, de leste a oeste, a FEB domina os cargos e postos mais importantes do País, civis e militares. Mas, como já disse, a FEB chega ao poder depois de dezenove anos de frustrações e ressentimentos. E como ressentidos e frustrados é que seus elementos, ou pelo menos a maioria deles, tem-se conduzido nos diversos comandos que assumiu -ou seja, com rancor e espírito de vingança. Essa necessidade de desforra tem-se manifestado principalmente contra elementos civis. Professores, intelectuais, políticos, estudantes, em todos os recantos do  país, podem ser apontados como as principais vítimas dessa revanche. Quando a Escola Superior de Guerra, fruto da FEB, deu às forças armadas uma "inteligentzia" privada, exclusivamente sua, a "inteligentzia" civil passou a ser olhada com desconfiança e, nalguns casos, como inimiga. E aos poucos a ESG restabelecia no País a realidade de uma casta militar, cuja abolição fora sem dúvida a maior vitória da FEB, e para a qual contribuíra inapelavelmente a fusão, no campo de batalha, do cidadão convocado e do soldado profissional, ambos empenhados na mesma luta, ambos enfrentando os mesmos perigos. Da mesma maneira como foi marginalizada durante dezenove anos, a FEB marginaliza agora a inteligência civil. E num Estado de fato, que tem o seu comando, permite que suas tropas invadam universidades, prendam professores, intelectuais, estudantes, substituindo a Polícia Política nas suas quase sempre torpes tarefas repressivas. E não deixa de ser bastante significativo o fato de o general Cordeiro de Faria, o artilheiro da campanha italiana, ter escolhido a antiga sede do ISEB, "antro do intelectualismo subversivo e comunizante", para nela instalar o seu Ministério, criado pela revolução para coordenar, dirigir e vigiar de perto as atividades político-partidárias do País. Na primeira quinzena de abril de 1945, véspera da ofensiva da primavera e da conquista de Montese, a frente de combate da Força Expedicionária Brasileira estendia-se por 15 quilômetros, ampla para a luta de uma divisão. Dezenove anos depois, com a vitória do 1º de Abril, a FEB domina uma frente de luta, no Brasil, que corre paralela às próprias fronteiras nacionais. De norte a sul, de leste a oeste, os antigos comandados do general Mascarenhas de Moraes, e hoje sob o comando do antigo S-3 tenente-coronel Humberto de Alencar Castelo Branco, assumiram os postos civis mais importantes da Nação, bem como os comandos militares mais estratégicos. Quando o primeiro escalão da FEB desembarcou na Itália, a população local e os comandantes aliados ficaram surpreendidos com o uniforme dos expedicionários brasileiros, bastante parecido com o fardamento da Wermacht alemã. E houve aqui no Brasil quem tivesse visto na coincidência o dedo bem treinado de elementos da quinta coluna com postos de mando na Ditadura. Hoje, no poder, novamente a FEB vez por outra faz lembrar o antigo exército germânico. Mas a semelhança agora não é mais de fardas. A semelhança agora, mais triste, é de mentalidade e de processos."

"As Duas Guerras da FEB"
Joel Silveira - 1965



Desfile da Vitória.
Imagem do site
www.exercito.gov.br

E a 1ª ELO regressou... o cais estava cheio. A Avenida Rio Branco esvoaçante de papel picado, saudação do povo aos heróis que estavam de volta. Era a FEB que regressava com a consciência tranqüila do dever cumprido. Os moços da ELO também eram FEB. Estavam impregnados daquela alegria. Aliás, o Brasil inteiro era uma festa, desde aquele bendito 2 de maio de 1945, quando a guerra acabou na Itália. O pessoal da ELO voltou inteiro... Belloc e seus rapazes, depois de enfrentarem tantos perigos, estavam pisando terra firme, o Rio de Janeiro, nosso Brasil. A experiência que armazenaram no desempenho das missões era enorme. Iriam de certo transmiti-la aos que não tiveram o privilégio de defender o Brasil no teatro europeu, na maior guerra presenciada pela Humanidade. Mas não ensinaram nada, a Esquadrilha teve fim antes. E a gritaria do povo, e o papel picado na avenida e a emoção dos que estavam chegando... E o pessoal da 1ª ELO participando da festa... Havia porém entre aqueles jovens, uma frustração. No dia 14 de junho de 1945, ainda na Itália, a Esquadrilha foi extinta. Acabaram com ela, e com eles também. Os homens de Belloc, de repente, estavam adidos ao 1º Grupo de Caça, em Pisa. Não deixaram que a Unidade chegasse inteira ao Brasil. Poderiam ter esperado ao menos que os rapazes chegassem à pátria. Isso nos fez lembrar o episódio de Canudos, quando os soldados que tomaram parte naquela guerra fratricida e inglória, ao desembarcarem no Rio de Janeiro, já não eram mais soldados. Não tendo para onde ir, subiram o morro, ali atrás do Edifício da Central do Brasil, e fizeram a primeira favela da cidade, reminiscências toponímicas daquele Morro da Favela que por longo tempo abrigou as tropas do governo contra as ferozes investidas dos jagunços. Puseram eles mesmos esse nome, porque lhes era tão familiar, naquelas paragens. O PC e o Hospital de Sangue do Exército que foi a Canudos, estavam situados no Morro da Favela, localizados a menos de1000 metros do arraial. Favela simbolizava proteção para uns, as tropas legalistas, e sofrimento para outros, os seguidores de Antonio Conselheiro. Foi justamente ao Morro da Favela que o grande líder enviou um comando de fanáticos para silenciar os canhões que dizimavam as 5000 casas de taipa do pequeno povoado. Os bravos de Conselheiro não somente aprisionaram os canhões, como liquidaram o comandante da bateria - Capitão Salomão Rocha - e toda a guarnição.O nome favela, hoje incorporado no nosso vocabulário, vem daí. Aliás, favela ou faveleiro é um arbusto do sertão, cheio de espinhos, que produz fava, que só pode ser aproveitada como alimento pelos animais; depois que despenca, seca, no chão. Mas como poderia o Exército extinguir, por um simples Boletim Interno, uma unidade da Aeronáutica? O jeitinho foi dado. Mais tarde tornaram a extinguir o extinto. O Aviso Ministerial nº 75, de 11 de outubro de 1945, assinado pelo Ministro Salgado Filho, ratificou o ato. Não ficou pedra sobre pedra dessa pequena Unidade de guerra. Não há registros na FAB, a não ser os citados avisos ministeriais de sua criação e extinção e o livro manuscrito, onde o Major Belloc mandara registrar os vôos realizados pelos pilotos e observadores da 1ª ELO. Este livro tem a abertura oficial assinada por Belloc. Durante a campanha ficou todo o tempo sob a custódia do Aspirante Cornélio Lopes Cançado, que o preencheu criteriosamente, fazendo constar todos os vôos da Esquadrilha. O primeiro comandante da nova 1ª ELO, a de 1955, com esforço pessoal, conseguiu localizar o Cançado. Pediu-lhe o livro. Com relutância desse oficial, o livro foi parar nos arquivos da unidade: só enquanto durou o comando do Capitão Aviador Osório Medeiro Cavalcante. Depois, sumiu. Foi encontrado em fins de 1977, no chão, sob a guarda do Museu da Escola de Aeronáutica de Pirassununga, graças ao trabalho de pesquisa do eficiente museólogo Major João Maria Monteiro, fundador do Museu Aeroespacial da Aeronáutica do Campo dos Afonsos. Não fosse ele, talvez não o tivéssemos hoje.

 "Senta a Pua"
Ruy Moreira Lima

Um Herói nunca morre!

Simples História de um Homem Simples
As Origens
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