FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

 


O QG do Gen Cordeiro de Farias, instalado em Castel de Cássio. Em cima, Gen Cordeiro de Farias;
da esquerda para a direita, fila do meio: Ten Cel Miranda Correa, Cel. Emílio Ribas, Ten Cel
Ademar de Queiroz, Cap Montagna de Souza, Major A. M. Molina; mesma direção, fila da frente:
Cap Aviador J. F. Belloc, Caps Edmundo Neves e A. Gutierrez Ferreira.
Foto escaneada do livro "A Epopéia dos Apeninos" - José de Oliveira Ramos.

Falso Guerreiro

  Guerreiro que chega na Itália
co'o front não quer nada,
só fica em Florença
bailando e bebendo,
não faz como nós - "a cobra fumar..."

Guerreiro é aquele
que enfrenta  a  "Lurdinha"
sem sentir "Paúra".
Que corre, que salta,
rasteja e que pula
fazendo os Tedescos
 as mãos levantar.

Os falsos guerreiros
quando nos seus Tanques,
do "front" se aproximam,
não correm, não bebem,
Não pulam, não andam,
não querem lutar.

Só vivem em seus tanques, correndo.
Andando e passeando,
de um lado para outro,
sem na luta entrar...
Se isso é guerreiro
então que será o nosso Valdemar?


 Paródia de: A Falsa Baiana

 

O Caça-Minas do Sampaio

"Eis aqui um trabalho em que só se erra uma vez." Tais foram as palavras com que o instrutor de minas americano iniciou seu curso, em Fort Benning, dirigindo-se aos oficiais brasileiros ali estagiários. O trabalho em si - tecnicamente - é, de fato, dos mais perigosos. Acresce, entretanto, que a colocação ou retirada das minas, no quadro tático, têm que ser feitos normalmente à frente das posições, às margens da terra de ninguém, quase sempre à noite para furtá-las à observação inimiga. Não raro, o pelotão de minas de infantaria é surpreendido em sua silenciosa tarefa pela artilharia e os morteiros, e então é a morte dos dois lados... Sem dúvida, mais perigosa é a retirada das minas, localizadas com auxílio de um detector; qualquer descuido é fatal e o inimigo tem sempre seus campos minados sob cuidadosa observação. O trabalho é realizado em geral à noite, mas a qualquer hora, quando se trata de atacar ou abrir caminho a um êxito, de vez que é preciso assegurar aos pelotões que avançam os reaprovisionamentos e as evacuações. E se é verdade que o inimigo retira, sua artilharia pode ainda atirar, e o faz quase sempre. É, pois, das mais perigosas tarefas a missão dos Pelotões de Minas; exigem golpe de vista, audácia e técnica. Nelas, só se erra uma vez... E foi de tais missões que se desincumbiu o tenente José Serpa, antes, durante e depois do ataque vitorioso de Monte Castelo. Jovem, dinâmico e competente, quando nossos batalhões se lançaram à exploração e consolidação do êxito, Marano abaixo, já o pelotão de Minas (cap .Tércio) lhes precedera, tresnoitado e esfalfado do esforço de subidas e descidas, a lhes liberar as vias de acesso às novas posições do boche, derrotado e em fuga, sim, mas sempre agressivo. Não lhe faltou sequer a "visita" da artilharia tedesca, como aconteceu na região de Ponte do Malandrone, obrigando-o a paralisações repetidas do árduo trabalho. Mais tarde, passou ele o prosseguimento da tarefa ao nosso glorioso 9º Batalhão de Engenharia, com o qual colaborou, ainda, proveitosamente, causando admiração aos próprios engenheiros, sua atividade e seus conhecimentos; não lhe escaparam até minas do novo tipo, desconhecidas, que retirou com coragem e técnica, às calcanhas do inimigo que retirava. Pelo seu desassombro no campo de batalha, mereceu de seu sereno comandante de Cia. (cap .Tércio), a referência que ora se lê: "Agindo sempre em proveito dos Btls. de ataque, desenvolveu o tenente José Serpa um trabalho notável na limpeza das estradas e levantamentos dos campos minados, permitindo assim a progressão livre à infantaria e o trânsito dos veículos de reaprovisionamento". E acrescenta: "Enfrentando não somente o perigo traiçoeiro das armadilhas e minas desconhecidas, mas também barragens violentas, de morteiro e artilharia, nada o impediu no cumprimento das missões que lhe foram atribuídas, executando-as com grande perícia e exatidão, pondo sempre à prova o seu valor profissional e muita coragem." Na concisão dessa redação militar, há, porém, todo um quadro épico de ação, energia,e destemor, a aureolar e simpática figura de um jovem tenente que veio à guerra para nela afirmar, esplendidamente a sua vocação militar, honrando, do mesmo passo, a forja em que se temperou a Escola Militar do Realengo e a unidade em que se aprimorou, o Regimento Sampaio. Um hurrah aos bravos "caça-minas" da companhia Anti-Carros! E um hurrah ao tenente José Serpa, seu intimorato guia em Monte Castelo!

"Do Terço Velho ao Sampaio da FEB"
Ten. Cel. Nelson Rodrigues de Carvalho


Soldados do Regimento Sampaio saindo para uma missão. Ao volante o pracinha Joaquim Xavier da Silveira.
Foto escaneada do livro "A FEB por um soldado" - Joaquim Xavier da Silveira.

77ª Pergunta: Qual a moeda que circulava?

Resposta: A moeda oficial era a lira de ocupação, circulando também a lira italiana, ambas com o mesmo valor a 20 cen. do Cruzeiro da época (IL-Cr$ 0,20). A circulação do dólar era interdita. A troca, entretanto, constituía na frente o regime normal. O que não se conseguia com mil e mais liras, um simples maço de cigarros americanos resolvia o problema. O mesmo valor não possuíam os cigarros brasileiros que, por serem muitos fortes, não eram bem aceitos pelos italianos que os chamavam de Bionda cativa (loura ruim) por terem estampada nos seus maços a figura de uma mulher loura. Açúcar, café e chocolate tinham valores inestimáveis e as scatollettas (latas) variavam conforme o seu conteúdo. Que cosa avete in quela scatolletta? Era assim que quase sempre começavam os entendimentos.

"100 Vezes responde a FEB"
Marechal José Machado Lopes


Pelotão do  Regimento Sampaio, após a tomada de Monte Castello;
3º da esquerda para a direita na 1ª fila, o pracinha Joaquim Xavier da Silveira.
Foto escaneada do livro "A FEB por um soldado" - Joaquim Xavier da Silveira.

"Na subida do Soprassaso tinha dois alemães atirando em mim. As balas zuniam por cima da minha cabeça, tzim, tzim, mas eu não sabia quem tava atirando nem de onde vinham os tiros. Fui procurando até que vi os dois do meu lado. Apontei a bazuka e eles recuaram para dentro de uma casamata. Fui até lá, gritei em italiano e eles saíram. Quando eles estavam vindo pra se entregar, um nortista da companhia, a uns 50 metros, atirou e os dois caíram. Eu me revoltei, mas não podia fazer nada".

Armando Ferreira, 6º R.I.


Posto avançado de distribuição de víveres, em Le Pieve, sob o comando do Cel. Biosca e do Major Campelo.
Foto escaneada do livro "A Epopéia dos Apeninos" - José de Oliveira Ramos.

"Quando subimos no Monte Belvedere, recém conquistado pelos americanos da 10ª Divisão de Montanha, para manter a posição, eles tinham acabado de combater ali. Por todo o monte haviam pés, pernas e mãos, dentro de buracos e trincheiras. Muitos feridos alemães continuavam perdidos nas encostas do monte. E aquele cheiro insuportável de sangue seco. Entramos num buraco e espalhamos cal para agüentar o cheiro".

Francisco Manoel Gomes, 6º R.I.


O quartel general de Mascarenhas de Morais em Porreta Terme
Foto encontrada no site
http://segundaguerra.org

 

 "Depois de meia hora, 40 minutos, tirei meu blusão. Eu tirei meu blusão assim, tirei a camiseta, bichinhos andando na minha camiseta. Bichinhos. Fruto do suor, da subida de morro, alimentação, falta de banho. Bichinhos correndo assim. Prá pouca gente eu falo isso aí. Correndo nas minhas costas. Quando eu vi aquilo... praticamente nasci de novo, presenciando aqueles bichinhos andando em mim. Já fazia algum tempo, né? Essa é a guerra."

Cleir de Carvalho, 6º R.I.


Soldados colocando mina anti-pessoal, para defesa das posições de vanguarda.
Foto escaneada do livro "A Epopéia dos Apeninos" - José de Oliveira Ramos.

 

"Nós recebemos uma ordem de fazer uma patrulha pra localizar a posição exata porque na madrugada nós íamos fazer um assalto. Na madrugada do outro dia seguinte. A patrulha saiu, e o observador que tava na frente tomou uns tiros e não deu pra recolher. E nós tínhamos que retornar, mas localizamos. E na madrugada do outro dia conseguimos, tomamos. A posição tava certa né, um grupo entrou por aqui, outro grupo por lá, outro grupo concentrou o tiro e fechamos. Tomamos. Fizemos acho que uns dez prisioneiros. Prendeu, você não bobeia, prendeu eles, leva pra retaguarda né. E tinha nevado, avançamos mais uns cinqüenta, cem metros, que fosse, encontramos o companheiro morto. Morto com a cabeça amassada de coronha de fuzil. Isso ninguém contou. Arrancaram as unhas. Os dedos quebrados. Então deu revolta, de querer voltar pra pegar o grupo. Que esse grupo tá ali, mata. Você vê teu companheiro arrebentado, morreu pra não dizer o que ia acontecer. Você pensou? Você vê o companheiro arrebentado. E eles não levaram nem um empurrão."

José Marino, 6º R.I.


Na crista do Soprassasso, dois dias após sua queda: Ten. Med. Dr. Lutero Vargas, da FAB e 
Cap. Manoel Inácio de Souza Jr. do 6º RI, mostrando  granadas de mão alemãs.
Foto escaneada do livro "A Epopéia dos Apeninos" - José de Oliveira Ramos.

 

"Quando começou a feder o negócio, eles vieram de monte pra cima de nós, eles tavam avançando, avançando, avançando. Quando eles chegaram perto, eu podia dizer quem que tava comandando a tropa, porque eu observei um pouco antes o lance que eles deram, os três caras, né. Eu percebi que um daqueles era o comandante. Aí eles se jogaram atrás do castanheiro. Eu falei: daqui a pouco eles tão se levantando pra dar outro lance. Então, apontar num não adianta. Então eu já vou firmar a pontaria na árvore que eles se jogaram atrás. Fiquei apontando no tronco, a árvore era grossa. A hora que ele vai levantar a gente mete mecha. Chegou a hora, eles levantaram para dar outro lance, e o comandante levantou o braço e gritou puxei o gatilho. Quando tavam os três de pé, a bomba estourou. Os três, no mesmo lugar, caíram no chão".

Armando Ferreira, do 6º R.I.


Postal de Nápoles, em junho de 1944

 

"Quando foi no dia 4 de março o nosso major mandou fazer uma patrulha em frente: 'vai ocupar lá que lá não tem ninguém. Huh! Chegamos e lá tinha três metralhadoras. 7 da manhã pra voltar, e não foi fácil. Eu nunca vi a morte de tão perto o quanto foi aquele dia... às 7 da manhã ali. Foi terrível. Ali nós tivemos ordem de retrair. Aí tivemos que retrair. A gente via mais de uma metralhadora atirando na gente né (...) um colega faleceu, morreu ali perto de mim, não tinha outra alternativa, outro foi ferido, tivemos que levar ele ferido ali debaixo de bala."

Geraldo de Figueiredo, 1º R.I.

Um Herói nunca morre!

Simples História de um Homem Simples
As Origens
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