FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA |
A MULHER
BRASILEIRA NA SEGUNDA GUERRA
Enfermeiras do 1º
Grupo de Caça da FAB: Maria Diva Campos, Isaura Barbosa Lima, Judith
Areas,
Ocimara Ribeiro, Regina Cerdeira Bordalo e Antonina de Holanda
Martins.
Foto escaneada do livro "E FOI ASSIM... que a Cobra fumou" de Elza
Cansanção
Primeiras enfermeiras brasileiras na Itália, apresentam-se ao
Gen. Mascarenhas. Da esquerda para a direita:
Carmen Bebiano, Ignácia de Melo
Braga, Virgínia Portocarrero, Antonieta Ferreira, Elza Cansanção
Medeiros.
Foto
escaneada do livro "E FOI ASSIM... que a Cobra fumou" de Elza
Cansanção.
A Farda das Enfermeiras E FOI ASSIM...
que nós, enfermeiras, também tivemos os nossos problemas com os uniformes.
O primeiro deles foi ainda aqui no Brasil. Os uniformes que mandaram
confeccionar para nós eram de tão má qualidade e tão malfeitos que não se
concebe que tivessem sido feitos para uma representação feminina junto às
tropas estrangeiras. As primeiras fardas que recebemos eram de brim
chamado "Zé Carioca". O mesmo usado para confeccionarem os macacões dos
mecânicos. O alfaiate escolhido foi um que é especialista em fardas para
cozinheiros, chofer de praça, cujo ateliê até hoje existe, em uma casinha
de janela alta da Avenida Mem de Sá, onde estão sempre expostos os seus
"modelos". As saias-calças tinham tanta fazenda embolada no entre pernas
que, por ocasião do desfile de despedida da FEB, ao fazermos o percurso do
obelisco até a Praça Mauá, até as que eram magras ficaram com as pernas
feridas; imaginem as gordas como eu... Durante os nossos exercícios na
Escola de Educação Física e no Colégio Militar era comum recebermos a
visita de oficiais generais que iam apreciar o que estavam fazendo aquelas
malucas. Certa manhã, encontrávamo-nos em um desses exercícios de ordem
unida no Colégio Militar, quando o General Mascarenhas chegou acompanhado
do então Ministro da Guerra, General Gaspar Dutra. Este, germanófilo
conhecido, não era nada favorável a que a FEB partisse. Depois de nos
observarem bastante, o General Mascarenhas abordou a problema de nossos
uniformes inadequados. Mandaram-me chamar às suas presenças, para que o
ministro pudesse analisar melhor o uniforme. General Mascarenhas ponderou:
- Excelência, estas moças precisam de um uniforme melhor. Como irão se
apresentar diante de suas colegas, digamos, no dia da vitória? Com este
uniforme? Elas precisam de pelo menos uma farda de gabardine... O ministro
olhou-me de cima a baixo, mandou que desse uma voltinha, e com cara de
desprezo disse com o seu característico sotaque "chiado": - "EXE
JÁ ESTÁ BOM DEMAX"!... Fiquei furiosa e, quando ameacei uma resposta,
minha palavra foi cortada pela rápida ordem do General Mascarenhas, que
havia percebido a minha intenção: "E FOI
ASSIM... que a Cobra fumou" |
Grupo de pacientes
do 45th General Hospital em Nápoles.
A enfermeira é Elza
Cansanção.
Foto
escaneada de seu livro "E FOI ASSIM... que a Cobra fumou".
A Inventiva dos Pracinhas E FOI ASSIM...
que os integrantes do S.S. procuravam dar o máximo de si em prol de seus
semelhantes, atendendo inclusive às populações civis. Debelando epidemias,
como as de sarampo, coqueluche, pneumonia atípica, hepatites infecciosas e
tantas outras. Fazendo a profilaxia das doenças venéreas que foram levadas
do Brasil e agravadas e disseminadas em alto grau na Itália, em todos os
setores, procurava o S.S. atender com eficiência. Muitas coisas nos
faltavam e a inexperiência em determinadas situações também dificultava,
mas com o brasileiro ninguém pode. Nem mesmo o inverno... Uma das grandes
incidências de baixados no inverno, das tropas americanos e inglesas, era
a dos portadores de "pé de trincheira". No meio dos brasileiros eram
pouquíssimos os casos, o que passou a intrigar o S.S. americano.
Convocaram uma reunião de médicos, brasileiros e americanos, para saberem
qual era o tratamento profilático usado pelos brasileiros para se livrarem
de tão perigosa enfermidade. Os brasileiros acharam graça. Não havia
tratamento nenhum, apenas a "argúcia" e a inventiva de nossos
pracinhas. "E FOI
ASSIM... que a Cobra fumou" |
Serviço de Saúde da
FAB embarcando para a Itália. À frente as seis enfermeiras:
Isaura, Diva,
Antonina, Ocimara, Judith e Regina. Ao fundo, Jouela.
Ao centro o Dr. Luthero
Vargas, ortopedista da FAB.
Foto escaneada do livro "Eu estava lá" de Elza
Cansanção.
Vida Social das Enfermeiras E FOI ASSIM...
que as enfermeiras foram levando suas vidas em campanha. Nas horas de
folga, procuravam organizar suas vidas sociais. Claro que em toda
comunidade formam-se sempre os grupinhos. Entre nós, organizávamos
brincadeiras, e mesmo shows, mas nem todos os médicos tinham acesso a
essas reuniões, pois alguns deles não eram dignos de fazer parte do
"circulo das enfermeiras". Entre os que gozavam de nossa amizade por serem
pessoas respeitadoras e amigas, faziam parte o Professor Alípio Correa
Neto, Henrique Campos de Assunção Rupp, que aliás era Segundo-Tenente,
mais moderno que nós e por este motivo sempre brincávamos muito com ele,
Professor Alfredo Monteiro, o Professor Estelita Lins, famoso ortopedista,
Caio Amaral, Tenente Sebastião Souto Maior, aliás marido de nossa colega
Elza Miranda da Silva, o anestesista Breno Mascarenhas, José Monteiro,
aliás, por coincidência, todos da reserva. Poucos eram os da ativa que
faziam parte do nosso grupo. No início de nossas atividades em Pisa, o
front estava calmo, de forma que chegavam poucos doentes e havia uma
verdadeira disputa dos médicos para atendê-los. Foi motivo para um show.
Cada uma das enfermeiras representava um dos médicos. Carminha, muito
pequenina, era o Dr. Waldemar Rosa; Antonieta, o paciente. A cena
transcorria na enfermaria de choque. Tudo estava em calma até que se ouve
um brado!... Ambulância brasileira! Alvoroço geral entre os médicos. Eis
que entra na sala o paciente "Antonieta" com um lacinho de gaze muito bem
dado na ponta do dedo mínimo. Com um andar gingado e de bom malandro. Os
médicos acorrem e tratam de puxar, cada um para seu lado, o pobre
paciente. - "O doente é meu" - gritava um. O outro contestava: - "É meu
porque eu sou cirurgião". - "Não senhor, é meu porque sou ortopedista", e
assim discutiam. Por ser o menorzinho da turma, o Dr. Waldemar (Carminha)
trata de arranjar um caixote para trepar e, do alto de seu pedestal, acaba
com a alegria dos demais. Batendo palmas e aos gritos diz: -" Parem com
isto, o doente é meu, porque EU SOU O OFICIAL DE DIA"! A essa altura o
paciente, apavorado, resolve dar o fora. Era um malandro que havia bolado
o ferimento só para tirar umas feriazinhas na retaguarda, mas quando deu
por si já tinha uma perna entalada, um braço enfaixado, a cara toda cheia
de esparadrapos. Saltando da mesa e conseguindo se desvencilhar de tantos
"cuidados", brada desesperado: Para nós era uma alegria enorme receber visita dos amigos que estavam combatendo. Se estávamos de folga, aproveitávamos para empreender uma excursão a Florença ou a Luca, cidade das mais lindas flores. Jamais vi em toda a minha vida dálias e hortências tão grandes e de coloração tão linda como as de Luca. No dia em que sofremos a enchente do hospital em Pisa, havia estado lá comprando uma braçada enorme de flores para levar para o cemitério de Pistóia, o que só não foi feito porque o Major Ernestino nos negou a condução, embora esta estivesse parada. Lamentavelmente, essas lindas flores, que eram para nossos mortos, foram levadas pelas águas do Rio Arno quando este invadiu a minha barraca. "E FOI
ASSIM... que a Cobra fumou" |
Da direita para a
esquerda - Sgto. Gibson, Ten. Elza, Maj. Marcílio Gibson,
Ten. Lúcia, Ten.
Torres e ajoelhado o Ten. Rui Moreira Lima.
Foto escaneada do livro
"E FOI ASSIM... que
a Cobra fumou" de Elza Cansanção.
Um Herói nunca morre!
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