FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA |
Pracinhas da FEB em desfile
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Discurso do Presidente da República, por ocasião do desfile das tropas brasileiras no Rio de Janeiro, em 24 de maio de 1944. Nesse desfile, que teve o mesmo trajeto do primeiro, o então Presidente da República Getúlio Vargas, do palanque oficial, pronunciou a seguinte oração, que é, hoje, uma página de sentido histórico e que, com o rolar dos anos, maior mérito, por certo, há de ter: SOLDADOS DO BRASIL Chegou a grande hora de honrar a Pátria. Agredidos, insólita e brutalmente, vamos vingar o sangue dos nossos patrícios, soldados e civis, mulheres e crianças bàrbaramente massacrados pelos navios piratas dos países nazistas. Felizmente, ainda desta vez, fazemos a guerra justa - a guerra dos povos pacíficos, ofendidos na integridade, reagindo contra agressores. É isso o que ensina a tradição dos nossos maiores, é isso o que aprendemos sobre as guerras em que estivemos empenhados. Desde as primeiras invasões estrangeiras, quando ainda colônia, nunca nos faltou coragem e tenacidade para nos defender. Depois, e em todas as circunstâncias, revidamos sempre aos golpes que nos eram vibrados, reagimos sempre à cobiça alheia, fizemos sempre tremular bem alto no topo dos mastros o sagrado pavilhão auriverde. Agora, mais do que nas campanhas vitoriosas do passado, cumpre-nos agir com o heroísmo sereno dos fortes. O inimigo de hoje é mais audaz, mais poderoso do que todos os outros que temos enfrentado. Por isso mesmo, com os nossos valentes aliados, resolvemos combatê-lo na sua própria fortaleza. Fostes escolhidos para essa gloriosa tarefa, honra excepcional que a Pátria vos confere, e ireis participar de operações militares que exigem o máximo de preparo e denodo, formando a vanguarda dos nossos bravos combatentes, enquanto o povo brasileiro, que agora vos aplaude, continuará mobilizado e entregue ao trabalho, confiante no vosso destemor e na vossa firme decisão de vencer. Pela primeira vez em quatro séculos de história voltados às artes da paz, e só em revide fazendo a guerra, vamos lutar noutro continente. O nosso Exército, que se cobriu de louros em feitos memoráveis, atravessará os mares para defrontar o inimigo tenaz e perigoso; o Exército de Caxias e Osório, de Porto Alegre e Sampaio, de Floriano e Carneiro provará as sua novas armas e a sua bravura tradicional nos campos da Europa. O espírito americanista que preside as nossas determinações é o da liberdade e da justiça. Não esqueci, nem poderei esquecer jamais, o entusiasmo, a chama cívica que ardia na exaltação e nas vozes do nosso povo quando pedia guerra ao agressor. Chegou o momento de transformarmos em atos os sentimentos de repulsa e indignação. Para tanto nos preparamos, repelindo os ataques traiçoeiros do inimigo e adestrando-nos no uso dos bem armados e supridos como qualquer dos melhores soldados em luta. Com o vosso ânimo varonil e as vossas excelentes condições de disciplina, estareis em condições de lutar em qualquer parte do mundo e a Nação permanecerá confiante, porque sabe que desempenhareis corajosamente a vossa missão. SOLDADOS EXPEDICIONÁRIOS Tranqüilizai-vos quanto ao futuro. Todas as providências
foram tomadas para que nada vos falte. Os vossos entes queridos - esposas,
mães, noivas, filhos - aguardarão confiantes o vosso retorno e estarão
amparados pelo governo - pelo Brasil que cumpre, lealmente, o seu dever e,
ao lado de poderosos aliados, irá ganhar, com o esforço e a intrepidez da
sua juventude, lugar condigno na comunidade das nações civilizadas. A
Pátria tudo espera de vós e orgulha-se da vossa coragem consciente, da
vossa dedicação. Que a bênção de Deus vos acompanhe, como vos acompanham
os nossos espíritos e os nossos corações, até o regresso com a VITÓRIA. Em
qualquer circunstância, em meio às dificuldades dessa jornada heróica,
lembrai-vos sempre que defendeis uma tradição, uma bandeira e um nome -
BRASIL. |
O Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, autoridades e o povo
brasileiro, assistindo ao desfile dos pracinhas.
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A FORMAÇÃO DO NOSSO BATALHÃO Esse foi um dos mais árduos trabalhos que nos impôs o dever de bem servir à Pátria. Primeiramente, porque tivemos que transmitir aos nossos soldados uma série de conhecimentos novos, em curto espaço de tempo; depois, porque esses conhecimentos calcados em regulamentos escritos em inglês ou que nos chegavam muito espaçadamente, exigiam grande sacrifício dos instrutores em seu preparo próprio. Por outro lado, os regulamentos americanos pelos quais passamos a nos orientar, prescreviam deveres e funções, por vezes muito elevados, difíceis mesmo para o nosso soldado, pela diferença de físico, e de preparo intelectual. Entretanto, o que mais nos sacrificou foram as exclusões e inclusões que sofreu o nosso Batalhão. As comissões médicas, encarregadas da seleção dos nossos soldados tiveram um trabalho inaudito! Realizaram três, quatro e mais exames, diminuindo, cada vez mais, as exigências, abrandando cada vez mais os índices. Mesmo assim, em cada novo exame médico, lá se ia um contingente de nossos soldados. Ainda 24 horas antes do nosso embarque, o Batalhão perdeu 200 homens julgados inaptos para a guerra! Por incrível que pareça, tivemos soldados que procuraram adquirir moléstias, dessas que se adquirem facilmente nas ruas escusas, para escaparem à seleção, em outras palavras, para fugirem da guerra. E lá se iam soldados instruídos e vinham outros por instruir, exigindo um esforço imenso dos denodados instrutores do Batalhão! Também, de quando em vez, já estava pronto o Batalhão, organizadas e treinadas as guarnições dos petrechos, completo e selecionado o quadro dos especialistas, prontas até as relações para o embarque, e ia e vinha uma ordem determinando a dispensa de soldados que tinham sido convocados e que tinham exaurido tantas semanas do nosso trabalho: uns porque eram casados, outros porque tinham filhos! Até filho natural dispensava o Pai de ir para a guerra! E foi um tal de aparecer filho! Partimos daqui imunizados por uma série de vacinas. Foi outro grande problema para nossos oficiais, sobretudo para o nosso dedicado médico 1º ten. Dr. Waldemar Barcelos Borges, que, por fim, deram ao nosso Batalhão a satisfação de ser o primeiro do nosso Regimento a completar sua imunização. Mas, que trabalho essa cousa simples nos deu! De nada valiam as relações, os dias marcados. Pouco adiantavam as chamadas; passamos a punir. Entretanto,certos soldados só compareciam escoltados! Outro trabalho, outra luta! Todos nós levamos penduradas ao pescoço, duas placas de identidade, dessas que os americanos apelidaram de "chapa de cachorro". Nessas placas, as duas iguais, constavam o nome, o número de identidade e o tipo de sangue do indivíduo, a quem ela pertencia. Nos Estados Unidos elas registravam mais a religião. Evidentemente, o uso dessas chapas era de absoluto interesse para quem as conduzia. Pois bem, para regularizar seus dados, foi outra luta infernal: uma vez o nome errado, outra o número da identidade truncado, etc. E todos esses defeitos eram descobertos e constatados mediante revistas, porque, só raramente, aparecia um soldado para acusar o defeito em sua chapa de identidade. Para o exame de sangue tivemos até que ameaçar de amarrar um soldado que não queria deixar colher a amostra! E tudo isso a despeito do exemplo dado pelos oficiais, que eram os primeiros das filas! Jamais podemos esquecer o trabalho que tiveram nossos oficiais, sobretudo os abnegados sub-comandantes das companhias, na organização dos documentos para os vencimentos dos nossos soldados, que deviam ser recebidos por suas famílias aqui no Brasil, bem como as declarações de herdeiros. Consumiram-lhes noites a fio! Documentação, além de vultosa, que exigia muito cuidado, feita dentro de prazos limitados. As famílias de nossos soldados devem ser muito gratas a esses oficiais. Por fim, formou-se o nosso Batalhão, talvez não todo voluntàriamente, por certo não selecionado de todo, mas, em seu conjunto, convicto do seu dever, certo da missão que lhes cabia de defender à Pátria, onde e como se tornasse mister. Inegavelmente, a formação do nosso Batalhão acresceu-nos muito o trabalho, acarretou-nos muitas preocupações e dissabores, trouxe-nos muitas desilusões, entretanto, a par da seleção física, houve também, indiretamente, a nossa primeira seleção moral! A DESPEDIDA DA ESCOLTA NAVAL O navio que nos conduziu para a Itália tinha todas as características de um moderno transatlântico; desde as suas linhas aerodinâmicas, até suas poderosas máquinas. Sua velocidade média era de 22 milhas horárias, se não me falha a memória. Com profunda emoção cruzamos a barra, passamos a fortaleza de Santa Cruz. Era o nosso Brasil que ficava e com ele nossa família, nossos filhos! Voltaríamos? Mais além esperava-nos uma poderosa escolta de navios de guerra americanos e brasileiros. Os americanos compareciam com alguns dos seus mais modernos navios. Entre os nossos divisamos logo o nosso cruzador Baía. A escolta tomou sua formação. Alguns navios ladeavam-nos, outros iam à frente e outros à retaguarda. Essa formação, mediante sinalizações partidas do navio Capitânea, modificava-se de quando em vez, oferecendo-nos um espetáculo interessantíssimo. E passaram-se os dias e o nosso navio sempre sobre a proteção vigilante e cuidadosa da nossa escolta. De quando em vez um destróier se destacava e fazia um reconhecimento mais afastado para depois unir-se novamente à escolta. Certo dia, chega-nos a notícia de que os navios brasileiros da escolta iam regressar. Fomos todos para os portalós. Destacou-se o Baía e veio se colocar ao nosso lado. Cantamos todos nós o "Deus salve a América" e o "Hino Nacional Brasileiro", enquanto o nosso cruzador suspendia e arriava a nossa Bandeira, a Bandeira do nosso Brasil, a Bandeira pela qual íamos lutar e morrer, onde quer se tornasse mister. E foi com carinho, inexcedível que olhamos para o nosso Baía. Lá vimos uma faixa branca no seu portaló: eram os nossos heróicos marinheiros, os marujos de Tamandaré e Barroso, em linha, em continência. Depois, dentro da ética naval, ao que nos parece, os navios brasileiros aceleraram a marcha, passaram pela frente da escolta e, retornando pela esquerda, dirigiram-se para as costas brasileiras. Só aí nos apercebemos que deixáramos o nosso Brasil; era o último contacto com a nossa Pátria que se nos desprendia. Um mundo de saudades nos invadiu o coração. Entretanto, o espetáculo que acabávamos de presenciar, no qual nosso cruzador, como que, sob um milagre, conseguira executar brilhantemente essa manobra que exigia de suas trabalhadas máquinas um esforço de que não o julgávamos capaz, entusiasmou-nos profundamente, e para nós foi mais uma demonstração da perícia dos nossos bravos marinheiros. E foi com lágrimas nos olhos que os vimos partir, vigilantes e atentos, na guarda da bandeira que tremulava confiante naquele mastro donde jamais baixara por mãos inimigas. Adeus heróicos companheiros da nossa marinha! Ide e dizei ao Brasil que saberemos lutar e morrer! "Crônicas de
Guerra" |
Pracinhas da FEB em desfile
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DESCONFIANÇA PARTIDA "O Sexto
Regimento de Infantaria Expedicionário" |
Pracinhas da FEB em desfile
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A ignorância, o despreparo e a desinformação que deixavam transparecer as camadas mais elevadas e responsáveis da Força Expedicionária Brasileira, não apenas com relação ao principal e ao mais importante que tudo - às questões de conhecimentos da guerra propriamente dita -, mas até em questiúnculas mais simples e corriqueiras - o desconhecimento das normas de conduta e de disciplina -, necessárias ao convívio com exércitos de países mais evoluídos, redundavam em constrangimento e vexame para todos. Isto se já não bastasse a vergonheira acontecida, imediatamente, após ao desembarque do 1º escalão, quando cerca de duzentos brasileiros baixaram aos hospitais como portadores de doenças venéreas e outras enfermidades, provocando, da parte das autoridades sanitárias americanas, uma reação alarmante: "Não estamos aqui para tratar de enfermos! Nossos hospitais foram equipados para o atendimento de feridos na guerra. Levem esses doentes de volta!..." Este triste e constrangedor fato também só aconteceu por negligência dos escalões superiores. Poderia ter sido evitado, facilmente. Foram feitos inúmeros exames de saúde meticulosos, para a seleção do pessoal. Exames que iam da sola do pé aos fios de cabelo, da boca ao ânus. Só embarcavam os de categoria especial. Entretanto, incorreu-se numa falha tremenda: o último exame era feito no dia imediatamente anterior ao do embarque. Ora, antes disso a tropa estava solta nas ruas e nos bordéis... O que deveria ter sido feito era, após o último exame, manter a tropa trancada nos quartéis, em quarentena, até o embarque. Só assim seria evitado o contágio e outros atos de malandragem que foram praticados. Ninguém ignorava que muitos jovens reagiam, por todos os meios, a idéia de embarcar para uma guerra que, não dizendo respeito à defesa de sua Pátria, os apavorava. Daí recorreram a vários artifícios para evitar o embarque, dentre eles o de manter relações sexuais com mulheres reconhecidamente doentes, ao pressentirem a data da partida, resultando daí que muitas das enfermidades contraídas, propositadamente, só vieram a se manifestar durante a viagem. No desembarque havia um punhado de doentes. Outros convocados, mais espertos, faziam uso de métodos, embora dolorosos, entretanto menos danosos à saúde e mais eficientes: antes de se dirigirem ao último exame, corriam aos sanitários e injetavam leite condensado na uretra. Quando se apresentavam diante do médico, faziam uma expressão ingênua: "Veja, doutor, eu não sei o que é esse negócio que está saindo aí... arde tanto... Eu até queria embarcar!" Outros ainda esmagavam cabeças de alho ou pimenta malagueta, colocando a pasta moída, por alguns momentos, no sovaco e nas virilhas, para provocar estados febris. Eram métodos que davam certo. E através deles muitos safaram-se da guerra. A penosa situação de vergonha, para todos os brasileiros que se encontravam na Itália, resultante dessa falha sanitária, só veio de ser amenizada com os êxitos iniciais, alcançados na frente de combate, pelo 6º Regimento de Infantaria. E isto a custa de enormes sacrifícios. "Verdades e
Vergonhas da Força Expedicionária Brasileira" |
Pracinhas da FEB em desfile
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O carioca discute sempre; e vibra e exulta e entusiasma-se com o que se prende às coisas da Pátria, fora ou dentro de suas muralhas! Quanto ao futebol, nem falemos: ele fica sem almoço, cai de insolação e de fraqueza da arquibancada, mas, às 10 horas da manhã, já se encontra no campo para o jogo das 15 horas. Suarento, abafado, paletó debaixo do braço, gesticulando e gritando, os nossos patrícios do Rio não perdem seu bom humor e defendem o nosso patrimônio moral em todos os setores, a partir do esporte. Assim é com o futebol e assim foi na guerra de 914 e na última conflagração mundial. Daí o calor das discussões, os choques das massas, as controvérsias, os desentendimentos, etc. ética...... e, não podemos deixar de registrar aqui, já que cuidamos de um documentário - a ação de certos brasileiros, os chamados "quinta-colunas", que tudo fizeram pela vitória do "Eixo" e chegaram, por cúmulo de fanatismo, a comunicar-se com a Alemanha, com o inimigo de sua Pátria, cientificando-a do que se passava aqui no Brasil. Os nossos treinamentos, o efetivo do Exército, as manobras realizadas, os deslocamentos das tropas para a Capital Federal e a saída destas para a Europa, nada escapou aos nazistas, que de tudo se inteiravam por intermédio de maus brasileiros da "quinta-coluna" que, inexplicavelmente, queriam ver a nossa Pátria, que sempre se orgulhou de sua independência e do civismo de seus filhos, escravizar-se sob o tacão do estrangeiro. Não raro, em plena via pública, a polícia agarrava um exaltado e, da prisão deste surgia, às vezes, a descoberta de uma transmissora clandestina agindo na sombra. E quantas dessas transmissoras não foram a causa do afundamento de nossos navios em nossas próprias águas! A época do desfile, de que ora tratamos, era de legítima confusão o panorama do Rio de Janeiro. Confusão e balbúrdia na hora tremenda, que se aproximava, ou seja a do embarque das tropas do Brasil para além-mar. Em destacada minoria, mercê de Deus, os traidores se viam como que caçados, perseguidos, isto porque eles se deixavam identificar, traindo a si próprios, nos momentos de exaltação. E sempre que os bons patriotas, cariocas ou não, os identificavam, faziam, não raro, justiça com suas próprias mãos. É que a lembrança da traição não desaparecia nunca do seu pensamento, e as mãos crispadas de nossos patrícios, ao desaparecerem no ruído das ondas do mar, ainda pareciam clamar por vingança. No dia 21 de março de 1944, todas as tropas da Capital Federal, enquadradas na Forma Expedicionária Brasileira, deslocaram-se para o centro da cidade, em viaturas-auto. O movimento verificou-se desde as primeiras horas da madrugada, no preparativo de uma das maiores demonstrações da nossa forma militar, de que há memória no Rio de Janeiro. O uniforme não era imponente; era mesmo um tanto sem estética, sem o talho que destaca as formas do corpo e dá ao militar elegância, aprumo e porte majestoso. Envergávamos o uniforme verde-oliva de instrução, o mesmo que iria, poucos meses após, tingir-se de sangue, de mistura com a neve dos Apeninos da Itália. Talvez ele tornasse o nosso soldado bisonho e talvez não desse aos pracinhas a elegância exigida de todo militar, o porte marcial, o aspecto idêntico ao dos figurões dos exércitos de Hitler e de Mussolini. Deselegante, porém, simples, modesto, ele iria dar nome ao Brasil, glorificar a nossa Pátria, reforçar as nossas tradições, cooperando assim para o ressurgimento de um mundo melhor, sonho da humanidade, ideal dos homens de boa vontade... O desfile da FEB foi uma apoteose! Milhares e milhares de pessoas contornavam a Avenida Beira-Mar, do Flamengo à Praça Mauá, formando duas alas e obedecendo aos cordões de isolamento. Sob aplausos, palmas intensas e vivas à FEB, passamos por entre a multidão que cada vez mais se comprimia, ávida de melhor observar, vibrante, entusiasmada, delirante, excessivamente delirante, comovendo-nos, a nós que, dentro em pouco, deixaríamos o Torrão Natal. Várias bandas de música, de nossas forças, tocavam marchas patrióticas, canções nacionais; inúmeros alto-falantes, de todas as Emissoras, eram vistos nas janelas dos edifícios, nas árvores das avenidas, nas marquises, transmitindo, para toda a Nação, o soberbo, o empolgante cortejo, prova exuberante do poderio da Nação, que se preparava para a luta. Quando passávamos, fuzil ao ombro, tudo em torno era sorriso, alegria, e, desse ou daquele, ouvíamos palavras de conforto e de estimulo; mas percebíamos, também, às vezes, em meio àquela vibração, um ou outro que chorava. É-nos impossível sondar, perscrutar mesmo o coração das massas e, até hoje, não sabemos se essas poucas pessoas choravam de tristeza ou de comoção cívica... Confirmando o que anteriormente ficou dito sobre o panorama da época e a ação da "quinta-coluna" em nosso meio, é lamentável termos que dizer aqui, quão fanáticos eram os asseclas de Hitler e de Mussolini, ao ponto de, em pleno desfile, quando a Pátria comovida nos recebia numa consagração inesquecível, elementos filiados ao "Eixo", brasileiros e estrangeiros acometidos de desespero, ante o quadro maravilhoso. que acabavam de ver, não se contendo, pronunciavam o célebre "Heill Hitler!" - e, ali mesmo, o povo lhes caia em cima. Quando a polícia intervinha de "cassetete" em punho e lhes lançava mão, já o pobre alucinado, ao invés de ir para o xadrez, era enviado para o Pronto Socorro. Assim estava o Rio, assim estava o Brasil, o mundo inteiro, digamos melhor... No palanque armado próximo à Praça Paris, o Presidente da República, Dr. Getúlio Vargas, o Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, o Embaixador Oswaldo Aranha, o Arcebispo D. Jaime de Barros Câmara, o Prefeito do Rio de Janeiro Dr. Henrique Dodsworth e demais altas autoridades da Pátria, assistiram ao desfile e receberam da tropa a continência regulamentar do Exército. Horas e horas durou o desfile; e o povo do Rio e os que de longe se abalaram para aplaudir as tropas expedicionárias, ficaram convictos, já pela apresentação do nosso soldado, em aspecto físico e em número, já pela potência do material, de que o Brasil estava, de fato, aparelhado para enfrentar a guerra, à qual se vira arrastado. Os brasileiros precisavam conhecer a realidade, inteirar-se das possibilidades do Exército, desse Exército que, naquele dia, 21 de março de 1944, os deslumbrava com sua capacidade material, reforçando assim a sua confiança nos destinos da Pátria ameaçada, enxovalhada na sua estrutura moral, por um inimigo orgulhoso e covarde, que além-mar nos insultava, mas dentro em breve, iria receber a reação, iria conhecer os "sifilíticos", os "pracinhas", a "raça inferior". "De São João
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