FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA |
Um tanque americano
dando cobertura ao ataque da FEB
Foto escaneada do livro "Eu estava lá" de
Elza Cansanção
Depoimentos
"A ordem deles era: ‘Não se entregar!’ - 'O reforço vem! Lutem e esperem!' Mas “eles” não sabiam – ou se sabiam, ignoravam – que a aviação ‘deles’ não operava mais por ali... A munição ia acabar, a comida ia acabar, o frio castigava, mas “eles” não se entregavam! Os ‘tedescos’ diziam pra eles, que se entregar para nós, brasileiros, era melhor! Era garantia de sobrevivência! Os americanos ‘passavam fogo’ mesmo!” Então a gente achava que não seria tão ruim... Quando nos disseram, depois de Belvedere, que o pior ainda estava por vir, foi ‘fogo’! E em Belvedere foi talvez pior até! Era fogo pesado em cima, mesmo! Na Montanha de Castelo foram os piores fogos que eu vi na minha vida, mas até lá, já estávamos acostumados! Em Belvedere eu achei que seria a minha última! O Tenente Portela dizia: 'Eles não vão massificar muito pra cima de nós, pois têm pouca munição! Vão poupar e não vão denunciar a posição! A gente espera aqui e aguarda a ordem de avançar!' Mentira, rapaz! Eles atiraram uma noite inteira na gente! E o fogo de Artilharia é o Fogo que não se vê... É sorrateiro! Tu só ouve um zunido “Fiiiiiiiiiiiiiiiiii!” e aquele impacto de pata de elefante no chão: “Bommmmmmm!”. Não tem o que fazer! É esperar e rezar.. Pode cair longe, pode cair perto, pode cair e nem estourar... Mas pode cair, estourar e fazer o que fez com o Nilo e o Aquiles! O Nilo era meu amigo. Não era assim “Amigo-Amigo”, mas era amigo... Uns dias antes de nos deixar, ele recebeu uma carta da noiva e a carta veio vazia! Só o envelope! No outro dia ele desapareceu dentro de uma “toca”! Nem tinha o que fazer com eles! Desapareceram! Em três dias eu comi duas vezes, só! Um dia veio uma ‘ração’ dos americanos, no outro veio uma pior ainda! A gente aquecia no capacete! Se colocasse depois, o capacete quente na cabeça gelada pela neve, dava uma “coisa” chamada ‘escama de peixe’! Ficava em carne viva! O capacete era pesado e ninguém gostava de usar... Mas todo mundo usava e nem precisava os oficiais recomendarem aos Sargentos e os Sargentos nos ‘mijar’! Todo mundo usava porque às vezes você ouvia só um deslocamento de ar' – ‘Shhhhhhfffffff” e era projétil saindo do nada e a qualquer hora – mesmo não sendo avanço ou tiroteio! As vezes eu acho que algum praça alemão olhava lá de cima e pensava: 'Vou atirar naquele ali!' E assim nós ficamos por três ou quatro dias, não me lembro... Era que nem Gato e Rato! Mas o pior de tudo era o silencio da noite! O silêncio da noite na guerra é o único que pode ser ouvido de tão forte que é! Tudo que se move é suspeito... A respiração, tudo! Foi no silêncio das noites lá na Itália que a gente aprendeu a gostar da nossa terra! A querer voltar! E pra voltar, a gente sabia que tinha que vencer! E pra vencer tinha que lutar! Numa guerra tu não luta por país, por ideal nenhum... Tu luta pela tua vida e a vida do companheiro do lado! Quando nós
tomamos a Montanha de Castelo, em fevereiro, o pessoal do Grupamento de
Montanha – que chegou na frente – colocou uma bandeirinha do Brasil
enfiada numa baioneta cravada numa árvore! Uma das poucas árvores que
sobraram, pois a artilharia acabou com tudo lá, né... Hoje eu lembro
daquela cena e me enche os olhos! Na hora, no dia, eu nem lembro o que se
passou na minha cabeça! Mas como seria bom que essa juventude de hoje
pudesse ver e se orgulhar disso! Quantos de nossos companheiros derramaram
o sangue ali e em outros lugares da Itália; uns voltaram faltando pedaços!
Eles entregaram o que tinham de mais valoroso: a Vida! A gente não tinha
nada, não... Ninguém tinha nada pra entregar a não ser a Vida! A nossa
geração pagou um preço tão alto!!! Uns tiveram sorte como eu e voltaram!
Às vezes eu me pergunto 'Porque que eu voltei?' Deus me deu essa benção!
Por isso às vezes, eu choro pelos que não voltaram! Aí a tua mãe me diz:
‘Mas já faz mais de 60 anos!' Vocês nunca vão entender! Muitos entregaram
a vida, deixaram as mães aqui chorando na volta, voltaram em urnas e uns
nem voltaram! O Aquiles e o Nilo ainda estão lá naquelas montanhas! Por
isso que eu não quis voltar lá em 1985. Não quis visitar Pistóia! Não
quis, sabe porque? Por que para uns, aqueles nomes nas lápides são apenas
nomes de vítimas, de heróis... Pra mim são nomes de Amigos! De homens que
nem eram homens, eram meninos! Homens que conheci! Só peço às
gerações de hoje que nunca esqueçam esses homens! Eu rezo por eles todas
as noites! Uma parte de mim ficou lá na Itália, a outra veio pra cá, teve
e criou vocês e agora vê os filhos de vocês crescerem! Nunca deixem de
contar essa história para eles! Tomara que nunca mais haja outra
Guerra!" |
Quartel General em
Porreta Therme
Arquivo General Tácito Theóphilo Gaspar de
Oliveira
Batismo de
Fogo Vicente
Pedroso da Cruz |
A destruição da
Guerra na Itália.
Arquivo General Tácito Theóphilo Gaspar de
Oliveira
Histórias e estórias que os Pracinhas contam Aqui uma
pequena passagem da História Privada de um Pracinha a qual guardo grande
estima. Sendo um Pracinha deslocado de sua pequena terra natal de
Sacramento, Minas Gerais, o Sr. Sergio sempre teve um apego grande pela
boa vida em família, do seu rancho à beira do Rio Grande onde ainda hoje
costuma pescar e uma boa conversa entre amigos. Descendente direto de
italianos, deliciava-se com as paisagens da Itália Central durante o tempo
em que serviu à Força, paisagens guardadas em vários registros
fotográficos amarelados pelo tempo. Tendo sido destacado como motorista de
caminhão apoiando as forças do front, levava e trazia os suprimentos e
muitas vezes os corpos e os feridos do combate. Enfrentava as dificuldades
das estradas italianas degradadas pela guerra e por aquele ano chuvoso em
particular. Certa vez foi enviado ao front com a missão de recolher
prisioneiros alemães rendidos por isolamento (nesse momento os alemães
recuavam em desespero para a fronteira pátria e muitas vezes deixavam
batalhões inteiros para trás). Para sua surpresa, deparou-se sozinho com
uma quantidade de prisioneiros de pelo menos dois pelotões comandados por
um "reluzente" major alemão em seu uniforme impecável. O Sr. Sérgio era
apenas um Praça e não havia acumulado nenhuma divisa no decorrer da
guerra. Estacionando seu caminhão Dodge ao lado da tropa, Sergio ordenou:
- São todos prisioneiros! Subam no caminhão! José Eduardo
M. Maluf |
Pracinhas em
ação
Arquivo Diana de Oliveira Maciel
A Perda de um
Amigo
O Sargento
Quinol nos ouvia. Era diferente dos outros. Era amigo! Olhava as fotos das
namoradas dos outros com respeito, mostrava sempre a foto da noiva dele, a
Jacira! Se alguém estava com pé de trincheira ou gripe, ele parecia um
pai; ia lá me chamava: "Bozzetti, leva esse remédio pro Goulart! Ele
não tava bem ontem,sabe?! Pedro Bozzetti
- Ex-Combatente |
A destruição da
Guerra na Itália.
Arquivo General Tácito Theóphilo Gaspar de
Oliveira
Um Herói nunca morre!
Simples História de um Homem
Simples
As Origens
Força Expedicionária
Brasileira
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A vida felizmente pode
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