FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA |
AS PATRULHAS
Patrulhas em
ação
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Não chegamos a registrar perdas entre os nossos patrulheiros. Todavia, no confronto das patrulhas, levamos a melhor em vários encontros, fazendo alguns prisioneiros. No dia 14 de novembro, essas atividades culminaram com a captura de toda uma patrulha alemã, atraída numa emboscada. Esse fato foi festejado na intimidade das fileiras, carreando tesouros de confiança à tropa, que estava necessitando um teste no novo Setor do Reno. Livros publicados sobre as nossas atividades na guerra dão esse episódio como ocorrido no dia 8 de novembro, todavia os Relatórios do Comando da FEB registram-no no dia 14. Merece ser recordado. A patrulha, composta de seis homens, era comandada pelo 3º Sarg. Onofre Ribeiro de Aguiar, da 5ª Cia. do 6º Regimento de Infantaria, subunidade que defendia posições na região de Torre de Nerone. Foi lançada na manhã daquele dia, para reconhecer as atividades do inimigo e, se possível, fazer prisioneiros. Esta parte da missão não era fácil, porque se tratava de uma patrulha diurna. A escuridão da noite melhor se prestava à emboscada. Naquela manhã bem clara, com magnífica visibilidade, a patrulha Onofre, depois de progredir uns 500 metros à frente do local ocupado pela 6ª Cia. do 6º RI, assinalou uma posição inimiga a Nordeste da Torre de Nerone. Para lá orientou a sua fração, progredindo com requintes de cuidado, sem que fosse percebida de um lado ou de outro. Chegando perto, verificou que a posição inimiga estava ocupada e que pelo menos três homens do grupo de tiro estavam junto à sua metralhadora mas inteiramente despreocupados. Decidiu imediatamente aprisioná-los, numa técnica impecável, sem luta, tal como se recomenda a uma patrulha, que não é órgão de combate, salvo em condições excepcionais. Enquanto sua arma automática se instalava e preparava-se para apoiar a investida, com outros homens insinuou-se até junto dos displicentes alemães, que foram aprisionados sem um tiro. Todavia, o entrechoque foi ruidoso e os demais postos inimigos correram em apoio, tentando barrar o regresso às nossas linhas. Entrou em ação a metralhadora da Patrulha, bem como outros fogos nossos, inclusive de Artilharia, dando cobertura do retraimento. O 3º Sarg. Onofre, homem tímido e de pouca instrução, tinha, entretanto, uma forte intuição e uma bravura inata, que inspirava confiança aos seus comandos. Os prisioneiros e as suas armas, inclusive a metralhadora, foram removidos para a nossa retaguarda. O Sarg. Onofre, pelo seu feito, em que revelou méritos excepcionais - bravura, espírito de iniciativa, sangue frio e audácia -, foi promovido ao posto de 2º Tenente, o que muito o surpreendeu. Não estava nos seus cálculos aquele salto acrobático que o deixou inibido, a tal ponto que mal se ajeitava dentro de seu uniforme de oficial. Não sabia se identificar com o círculo de oficiais, nem podia ficar entre os Sargentos. E desse modo, premiando-se para exemplo, perdeu-se um excelente Comandante de Patrulha, sem se ter certeza de ganhar um bom Comandante de Pelotão. Por isso mesmo, essa foi a única promoção de Sargento a oficial feita pelo Comandante da FEB dentro das suas altas atribuições. Não foi bem acolhida pelo Ministério da Guerra, que a aprovou, mas não consentiu que se repetisse o premio, em casos semelhantes. "A Verdade
sobre a FEB" |
Patrulhas em
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"Você sai na primeira patrulha. Passa uma granada lá e estoura a cabeça do soldado seu. Você não vê a cabeça dele. Nossa, aquilo pra você praticamente acabou a guerra. Mas não acabou que você tem que ir pra frente mas você vai pra frente e não sabe nem porque você tá indo. Tá indo automaticamente. Você tem que evitar que aquilo aconteça, e você sabe que pode acontecer com você. Mas você não aceita que vai acontecer com você. Geralmente a vida tem dessa. Tudo que é ruim a gente só espera que aconteça com os outros. Com a gente, a gente não espera. E lá eu tive um soldado ferido mas foi quase dois meses depois. Então não impressionou tanto. Depois no combate de Montese teve um soldado dum grupo de combate, eu não me lembro se seria do 7º ou do 9º, caiu uma granada de morteiro na perna dele e a perna dele sumiu. E ele ficou pedindo a perna. Na hora ali nós tínhamos que seguir para a frente, e pedimos, padioleiro, vê lá, vê lá, o cara tá gritando quedê a perna dele. Aí o único padioleiro que tinha, porque tinha muito ferido, já não tinha mais quase padioleiro, sumiu lá e eu continuei e aquilo nem me passou pela cabeça." Oswaldo Matuck, 11º R.I |
Em
ação
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"Patrulha, é esse um tema já muito explorado, até no cinema. Quem nunca participou de uma patrulha talvez pense em arremetidas heróicas, atos de bravura, lances épicos.(...) Umas são só de observação, outras para apanhar algum prisioneiro para prestar informações. Estas são as mais duras, ter que agarrar algum tedesco vivo de qualquer jeito. Homens caçando homens.(...) Volta-se à base de partida de língua de fora. Dá-se as informações pedidas, ou o que se pôde arranjar (...) Depois, no dia seguinte, quando se vai à retaguarda, ouve-se alguém dizer: - 'É, o front esteve calmo, ontem de noite. Só fizeram patrulhas.' É, realmente, só fizeram patrulhas..." Joaquim
Xavier da Silveira, 1º R.I. |
Patrulha comandada pelo Sgto. Max Wolff, antes da sua morte,
durante os reconhecimentos.
Arquivo Diana Oliveira
Maciel
"A rajada de metralhadora rasgou o peito do Sargento Max Wolf Filho. Instintivamente ele juntou as mãos sobre o ventre e caiu de bruços. Não se mexeu mais. O tenente que estava no posto de observação apertou os dentes com força, mas não disse uma palavra. Quando perguntado se o homem que havia tombado era o Sargento Wolf, ele balançou afirmativamente a cabeça. Menos de uma hora antes, falara de sua filha, uma menina de 10 anos de idade, e de sua condição de viúvo. Pediu para que enviassem um bilhete com os dizeres: 'Aos parentes e amigos. Estou bem. À minha querida filhinha - Papai vai bem e voltará breve'. As últimas palavras do sargento - um dos soldados lhe pedira uma faca, e ele respondeu, sorrindo: - 'Tedesco não é frango'.Wolf havia partido com seus homens, por sebes e ravinas, percorrendo a denominada 'terra de ninguém'. O primeiro objetivo da patrulha eram três casas, a menos de um quilômetro, que foram atingidas às duas horas da tarde. O grupo cercou as três construções em ruínas e o sargento empurrou com o pé a porta de uma delas, nada encontrando. Às duas e meia da tarde, a patrulha estava a menos de cem metros do último objetivo a ser atingido: um novo grupo de casas sobre uma lombada macia. O Sargento Wolf deu os últimos passos à frente. Então uma rajada curta e nervosa rasgou o silêncio do vale e o sargento caiu de bruços sobre a grama. Os outros homens se agacharam, rápidos, e os alemães começaram a atirar, bloqueando a progressão dos brasileiros com uma chuva de granadas-de-mão e tiros de metralhadoras. Lançaram, em seguida, foguetes luminosos, pedindo fogo de suas baterias. Minutos depois, os projéteis da artilharia nazista assobiavam no ar e explodiam no caminho percorrido pela patrulha. Por volta das dezenove horas, os homens da patrulha do Sargento Max Wolf Filho retornaram ao PC do 11.º RI. Mas ele ficara lá. Quando os padioleiros foram até à 'terra de ninguém' recolher os corpos e os feridos, os nazistas os receberam com rajadas impiedosas. Muitos dos homens que voltavam tinham os olhos rasos de água. O Sargento estava morto. No estreito compartimento onde Wolf guardava seus pertences, estavam a condecoração que o General Truscott colocara em seu peito, poucos dias antes; a citação elogiosa do General Mascarenhas; e o retrato da filhinha, de olhos vivos e brilhantes como os do pai. Tudo, agora, muito vago. Este foi um dos dias mais tristes para o Batalhão. Perdeu-se um bravo." Revista Verde Oliva, Edição Especial - FEB - 50 anos de Glória - 1999 |
Sargento Max Wolf
Junior
Foto escaneada do livro "Montese, Marco Glorioso de uma
Trajetória"
Cel. Adhemar Rivermar de Almeida
A Morte do
Sargento
O sargento
Alfeu de Paula Oliveira (ele também enxugava os olhos úmidos com a manga
da camisa) me levou depois ao estreito quartinho onde Wolf tinha suas
coisas: ali estava a condecoração que o general Truscott, comandante do 5º
Exército norte-americano, colocara dias antes em seu peito. Ali estava, já
devidamente emoldurada, a citação elogiosa do general Mascarenhas. E, num
ponto mais destacado, o retrato de sua filha, uma menina de olhos vivos e
brilhantes, a cara do pai. Tudo aquilo doía fundo. - "Este foi um dia
triste para o nosso batalhão", me disse, mais tarde, o major Manuel
Rodrigues Joel
Silveira |
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