FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA |
A Engenharia
Engenheiro da FEB procurando minas.
Foto escaneada do livro
"Cinqüenta Anos Depois da Volta"
Octávio Costa
Uma irradiação
da BBC de Londres Rádio ouvintes do Brasil: Está falando aqui o correspondente de guerra Frank Norall, no Posto de Comando de uma Companhia de Engenharia Brasileira na Itália. A guerra na Itália tem sido e continua sendo, uma guerra onde a retirada de minas e a construção de pontes e estradas tem uma importância destacada, devido ao gênio do inimigo em matéria de destruição. Assim, nosso programa de hoje é dedicado de um modo especial à Engenharia Militar Brasileira, como homenagem aos serviços prestados pelos seus camaradas de Arma no Front Italiano. Temos o prazer de apresentar hoje diante do nosso microfone alguns homens da primeira tropa da Engenharia Brasileira a atuar nesta guerra. Em primeiro lugar vamos ouvir o Cap. Floriano Möller, de Cachoeira, Rio Grande do Sul, Comandante do Primeiro Destacamento de Engenharia a desembarcar na Itália e que tão bem soube desempenhar sua árdua missão nos campos de luta. P. Capitão Möller, já tem sido noticiado que a Engenharia Brasileira construiu diversas pontes no Teatro de Operações da Itália. Poderia o Sr. dizer alguma coisa sobre as mesmas? Capitão: - A Engenharia sob meu comando, além de outros trabalhos, construiu dez pontes no Front Italiano que receberam os seguintes nomes: "SETE DE SETEMBRO" - em homenagem ao dia da nossa Independência; "ENTRE RIOS" - em homenagem à última cidade que abrigou o nosso Batalhão de Engenharia antes de deixar o Brasil; "CARIOCA " - em homenagem à Cidade Maravilhosa; "LAGES, LAGOA VERMELHA, ITAJUBÁ e AQUIDAUANA " - em homenagem aos Batalhões de Engenharia sediados nessas cidades; "CACHOEIRA " - que para mim tem especial significação por ser não só a sede do Batalhão onde servi muitos anos, como também minha terra natal; "GEN. DUTRA " - nome dado pelo Gen. Zenóbio da Costa, em homenagem ao Sr. Ministro da Guerra do Brasil, quando de sua visita aos trabalhos da Engenharia no front; "TEN. KNIBBS" - em homenagem ao Ten. Knibbs da Real Artilharia Inglesa, morto em ação próximo do local onde se construía esta ponte. FN - Há alguma sugestão sobre o nome ponte a ser construída, Cap. Möller? Capitão: - A próxima ponte receberá o nome de Chicago em homenagem à cidade natal do Coronel Gillette Cmt. da Engenharia do 5º Exército. O Coronel Gillette, um dos expoentes da Engenharia Americana, foi professor da Escola Técnica do Exército do Rio de Janeiro, por vários anos e neste Teatro de Operações continua sendo um grande amigo do Brasil e dos brasileiros. FN -Muito obrigado, Cap. Möller. Em seguida vamos ouvir o soldado Joaquim Luiz Filho, de Itajubá, Minas Gerais, que já percorreu mais de 10 mil milhas na Itália, como motorista do Capitão Möller. Soldado Joaquim Luiz Filho: - Como motorista do Cap. Möller, tenho-o seguido sempre em suas viagens aos trabalhos do front e nos reconhecimentos. Certa ocasião recebemos 4 tiros de artilharia bem próximos e um estilhaço ricocheteou no capuz do jeep vindo ferir minha mão direita, mas sem gravidade. Confesso que não gosto de bombas. Mas por haver visto muitas cair próximas ao meu carro, já estou com a impressão de que meu jeep é mais veloz que elas... FN - Muito obrigado, soldado Joaquim. Vai falar agora o Ten. Paulo Nunes Leal, de Carangola, Minas Gerais, Comandante de um dos pelotões. Desde o princípio o Ten. Paulo tem atuado na vanguarda da Engenharia. Vamos fazer algumas perguntas sobre sua atividade no front. P - Quais as missões que vocês têm recebido com mais freqüência ? R - Reconstrução de estradas, de um modo geral, e retirada de minas. P - E em que situação vocês desempenham estas missões? R -As mais variadas possíveis, sendo que algumas vezes de acordo com a situação do terreno e do inimigo temos que trabalhar na vanguarda de nossas tropas. Em Camaiore, por exemplo, recebi a missão de preparar passagem e limpar a estrada de minas para facilitar o avanço da nossa infantaria o que fez com que meu pelotão fosse a primeira tropa brasileira a entrar nessa cidade. P - E por falar em minas, Ten. Paulo, este trabalho é mesmo perigoso? R - E' o trabalho mais perigoso e delicado que temos. Existe minas contra-pessoal, anti-carro, de todos os tipos enfim, sendo preciso conhecer as menores particularidades de cada uma além de estar atento às novidades que surgem diariamente. E' necessário muita atenção, sangue frio e uma habilidade especial para lidar com minas. P - Qual o tipo de minas mais perigosas que vocês acham ? R - Há muita mina perigosa. Mas por enquanto a mais perigosa que temos encontrado em grande número é a schuchmine ou mina "quebra-canela". Esta é uma mina alemã, que consiste numa pequena caixa de madeira, com cerca de duzentas gramas de explosivo ligado a um dispositivo de fogo. E' enterrada a pequena profundidade explodindo geralmente quando se pisa sobre ela, arrancando fora a perna de quem o faz. Seu grande perigo, consiste em não poder ser descoberta pelo detector de minas, que não a acusa, além de poder ser empregada em grande quantidade numa pequena área a ser facilmente camuflada, devido ao seu tamanho. Somente num trecho de 50 metros de frente por 5 de profundidade, de um campo minado, o meu colega Ten. Adib Murad retirou cerca de 500 destas minas. FN - E sobre as tais armadilhas alemãs, que os americanos chamam de "Booby-trap"? R - Os alemães empregam "booby-traps" de toda espécie. Arames finos amarrados a certa altura do solo que fazem explodir as minas quando se esbarra nos mesmos; dispositivos que agem por descompressão e detonam quando se retira de sobre eles qualquer objeto deixado propositadamente, como um capacete, uma pistola ou uma simples pedra no meio da estrada, minas ligadas entre si de modo que retirando uma explode a outra e assim por diante. Encontramos também minas anti-pessoal ligadas a grandes cargas de destruição na estrada, com a dupla finalidade de matar o incauto que as fizesse explodir, além de levar pelos ares aquele trecho de estrada. P - E quanto à artilharia inimiga, Ten. Paulo? R - Nosso trabalho é normalmente em zona batida pela artilharia e morteiros inimigos. P - Quando é que você recebeu o fogo inimigo com mais intensidade? R - Nós havíamos terminado há poucos momentos uma variante próxima a uma destruição e os alemães resolveram comemorar a conclusão de nossos trabalhos com algumas dezenas de bombas. Felizmente não houve dano pessoal e só tivemos um caminhão avariado e alguns estilhaços no meu jeep. P - E sobre os seus soldados, o que diz, Ten. Paulo? R - Não posso garantir que sejam os melhores do mundo. Mas são os soldados que em qualquer circunstância eu escolheria para comandar. FN - Os auxiliares imediatos do Ten. Paulo, são os sargentos Pedro Pereira de Oliveira, do Piauí, Sgts. Herdmann e Mário Negri, do Rio e os Sgts. José Dias e Romeu Moreira da Veiga, ambos de Minas Gerais. Vai falar agora o sargento Pedro Pereira, de São João, Piauí: Sgt. - Um dos grupos de minha secção, o de meu colega Negri, trabalhava um pouco destacado. Eu ia transmitir uma ordem de serviço, quando ouvi o silvo de uma granada bem próximo. Até hoje não sei como me deitei tão depressa. O arrebentamento foi muito próximo e meus ouvidos ficaram doendo muito tempo. Um estilhaço atingiu meu capacete mas por sorte não conseguiu atravessá-lo. FN - Fala agora o soldado João Borges de Rezende, um dos tantos bons soldados mineiros da Engenharia. Este é mais conhecido entre seus camaradas pelo apelido de "Boiadeiro", por ter vindo de Uberlândia, Minas Gerais. Boiadeiro - Nós já retiramos muitas minas aqui na Itália. Quando trabalhamos em Castelacio, uma senhora italiana penetrou num campo de schuchmine e teve a perna cortada pela explosão de uma mina. Logo a seguir outra senhora e uma criança que correram em socorro da primeira fizeram detonar mais sete minas, tendo também as pernas partidas. Tivemos que retirar os feridos do campo minado com muita precaução e sacrifício para também não sermos atingidos, mas levamos a bom termo nossa missão. FN - O cabo Felipe Pereira Mendes Neto, de Aquidauana, Mato Grosso, é dos elementos da Engenharia que tem se destacado pelo seu trabalho e coragem. Ele vai falar agora dando algumas impressões: Cabo Felipe: - Cada homem de minha companhia tem sua história de como conseguiu escapar de uma bomba e retirar uma mina ou outra cousa qualquer. A recordação mais forte que guardo é do dia em que, ainda debaixo das granadas alemãs, tivemos que transportar o corpo do Ten. Knibbs, um oficial inglês que fora ferido mortalmente junto de nossos trabalhos. Senhores ouvintes: Acabamos de transmitir as impressões de alguns dos oficiais, sargentos e praças da Engenharia Brasileira, sobre as suas atividades no Teatro de Operações da Itália. "Historia da
Arma da Engenharia - Capitulo da FEB" |
General José Machado Lopes - Comandante do 9º BE na Campanha da
Itália.
Imagem escaneada do livro "História da Arma da Engenharia - Capitulo da FEB"
Gen. A. de
Lyra Tavares
O histórico da Engenharia brasileira, no Teatro de
Operações da Itália, pode ser decomposto em dois períodos
característicos: "Historia da
Arma da Engenharia - Capitulo da FEB" |
Frente de Monte
Castelo - Na mesma cerimônia, o Cmt. do 9º BE, Cel. Machado Lopes,
cumprimenta
um pracinha. Ao seu lado o Cap. Raul (Cmt da 2ª Cia). o Major
Sady (S3 do Btl) e o Cap. Julio (SubCmt da 2ª Cia).
À retaguarda, oficiais do
Batalhão e da Cia.
Imagem escaneada do livro "Quebra Canela" - Gen. Raul da
Cruz Lima Jr
Carta do Mal.
Mascarenhas de Moraes Coube ao 9º BE
a glória de representar a Engenharia do nosso Exército no Teatro de
Operações da Itália e servir de modelo para a reorganização por que passou
a nossa Engenharia, depois da última Grande Guerra. Criado,
originariamente, segundo modelo francês, o 9º BE se adaptou, mais tarde, à
organização brasileira, tendo por sede a cidade de Aquidauana, em Mato
Grosso (9ª Região Militar). Sobre ele se operou, por ocasião da
mobilização da FEB, o primeiro impacto, entre nós, da criação da
Engenharia de Combate, orgânica da Divisão de Infantaria, tipo americano,
empregada na Segunda Guerra Mundial. Em cumprimento ao Boletim Reservado
do Exército número 18 (Boletim Especial), de 28 de setembro de 1943,
iniciava-se em fevereiro de 1944, em Três Rios ( Estado do Rio), a
transformação do antigo BE de Mato Grosso no BE Cmb, tipo americano,
integrante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE). (a) Marechal J. B. Mascarenhas de Moraes "História da
Arma da Engenharia - Capitulo da FEB" |
Ponte de
emergência construída pela Engenharia da FEB
Arquivo Antonio
Gallery
Para o engenheiro, o fim dos combates não significa nunca a suspensão do trabalho, que sempre começa, aliás, bem antes das operações ativas. Foi o que ocorreu, também, com a Engenharia da FEB, depois que cessaram as hostilidades na última Grande Guerra. Ela continuou a trabalhar. E o seu trabalho era ainda tão imprescindível quanto relevante, ao longo das estradas que deviam assegurar os movimentos finais da Divisão Brasileira. Não eram apenas os serviços de manutenção do tráfego e os encargos correntes que lhe cabem no quadro geral da vida da Grande Unidade. Houve, ao lado disso, trabalhos de grande envergadura, bastando citar, em abono do grande padrão técnico dos nossos engenheiros, o restabelecimento da primeira ponte ferroviária sobre o Pó, no eixo Turim-Milão. "História da
Arma da Engenharia - Capitulo da FEB" |
Um Herói nunca morre!
Simples História de um Homem
Simples
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Força Expedicionária
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